De Águas de Lindoia, SP - A comparação se tornou inevitável entre os dois encontros mais importantes de automóveis antigos no Brasil. O de Aguas de Lindoia segue o conceito do evento de Hershey, na Pensilvânia (EUA), que tem milhares de lojistas de peças e centenas de automóveis à venda. O de Araxá é uma espécie de Pebble Beach (Califórnia, EUA), que exibe apenas 200 antigos, selecionados entre os mais importantes do mundo.
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O encontro paulista, realizado no “feriadão” de Corpus Christi (de 22 a 26 de junho) na praça central de Águas de Lindoia, recebeu centenas de veículos antigos, a maioria levada por lojistas do setor. Para se ter ideia, uma única loja (a JS, de São Paulo) levou 80 automóveis. Várias outras ofereciam mais de 20 ou 30 veículos. Tinha de tudo: desde Lambretta enferrujada por R$ 3 mil até Lamborghini por R$ 1,4 milhão.
Estima-se que mais de 100 mil visitantes circularam no encontro que expôs automóveis nacionais (entre eles o Furia Alfa Romeo projetado por Toni Bianco), importados, caminhões, picapes, motos, uma área para veículos militares e outra para hot rods.
Nas centenas de barracas de peças, quase impossível não encontrar um item para o colecionador completar a restauração de seu automóvel. Sejam pneus novos e usados, peças originais, reproduções novas e usadas, acessórios idem, produtos de limpeza e polimento, faróis, lanternas, buzinas, rádios, motores completos, manuais, cartazes, pinturas, bombas antigas de gasolina, calibradores, para-brisa, bicicletas e até antiquários sem nada a ver com automóvel.
Rolls do Papa...
Sempre existiram e sempre vão existir as lendas em torno dos carros antigos. Uma que correu este ano em Águas de Lindoia foi em relação a um dos Rolls-Royce expostos, um modelo de 1952 (foto) com uma luzinha fixada no teto. O carro teria sido do Vaticano e a luz seria para indicar a presença do papa em seu interior. Verificada sua origem, descobriu-se que o carro foi faturado pela fábrica para os Estados Unidos, além de não constar nenhum Rolls-Royce na relação de automóveis que transportaram o papa nos últimos 60 anos. Nem que os carros que o levam tenham a tal luzinha no teto. Aliás, o veículo oficial na garagem do Vaticano é sempre um Mercedes-Benz....
Problemas antigos
Nem o casal Edenise e Nilson Carratu, organizadores do evento, imaginava que o encontro atingiria tamanha proporção, e não faltaram deslizes que aborreceram os colecionadores. Faltou até kit com brindes prometidos para quem se inscreveu no evento. As vagas foram mal distribuídas e não tinha lugar para alguns carros, outros estacionados sem critério, alguns outros bloqueados pelos que chegaram mais tarde, falta de identificação dos veículos, etc.
O Hotel Monte Real, oficial da organização, maior e principal da cidade e em frente à praça do evento, consegue oferecer serviços piores a cada ano. O foco dos organizadores nos comerciantes resultou em menos brilho nos automóveis expostos: a cada ano são mais raros os nobres, exóticos e valiosos levados pelos colecionadores e maior seu volume nos estoques dos comerciantes...
BEST OF SHOW Na área tradicionalmente reservada aos mais importantes do evento (em frente à concha acústica) havia poucos antigos nobres de fato, entre eles o Mercedes-Benz 320 Manheim, 1938, que acabou levando o título de “Best of Show” no desfile dos premiados. Outros dignos de nota eram dois Allard, raros esportivos ingleses. Um deles, o J2 com motor Cadillac, participou da famosa corrida da Estrada da Gávea, no Rio de Janeiro, em 1952. E também dois Chrysler Imperial da década de 1960, um Maxwell 1917 (o mais antigo exposto), um caminhão Dodge 1947 idêntico ao utilizado pelos bombeiros em Nova York, alguns Jaguar, Ferrari e um Aston Martin DB6.
O tema do encontro foi o Rolls-Royce e foi montada uma “rosácea” com 12 modelos da marca e mais alguns expostos ao lado.