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Gurgel - Brasileiro quarentão

A marca brasileira completou 40 anos de fundação. Para comemorar, seus admiradores organizaram encontro que reuniu até as primeiras unidades do BR 800 e do Motomachine

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Convenhamos que ver 62 modelos da Gurgel juntos não é cena comum. Mas foi isso que ocorreu em 13 se setembro, em Campinas, onde o Clube do Gurgel local festejou os 40 anos de fundação da extinta marca com um animado encontro. Segundo José Dionísio Bertuzzo, um dos organizadores do evento, os veículos que compareceram representaram bem os principais modelos produzidos pela empresa brasileira.

Chamou a atenção entre os participantes as primeiras unidades produzidas do BR 800, Motomachine e um minicarro infantil, que foi o primeiro produto fabricado pela Gurgel. Entre os modelos de passeio, também compareceu ao evento o mini sedã XEF, com três lugares em apenas uma fileira. Os utilitários também marcaram presença com o Carajás, o Tocantins e os ?peculiares? X15, com espaço para sete pessoas, e o G800, misto de veículo de carga e passeio.

A data inspirou algumas discussões sobre a linha de produtos da Gurgel: ?A importância da Gurgel é justamente o fato de se tratar de um modelo genuinamente nacional?, afirma Bertuzzo. ?No Brasil, existe uma tendência a valorizar demais o que vem de outros países em detrimento da nossa indústria. Isso contribuiu para a Gurgel não ter vendido produtos como as demais fábricas que se instalaram aqui?, completa André Fontes Seixas, que também ajudou a organizar o evento.

Mesmo pequeno, Gurgel infantil funciona como um carro normal



Bertuzzo identificou o início de interesse histórico por alguns modelos da Gurgel, que têm se valorizado. Mas como muitos desconhecem os modelos da marca, ainda é possível comprar esses veículos por um bom preço, como um membro do clube, que adquiriu um Xavante bem barato porque o vendedor achou que o carro era um buggy. Outro conseguiu reformar um Motomachine que já tinha virado abrigo para galinhas.

Pioneiro

Alguns modelos projetados revelam que a Gurgel tinha plena consciência de certas tendências atuais, como a produção de veículos compactos subcompactos. ?Em 1974, a empresa já tinha desenvolvido um protótipo de veículo elétrico. Acho que se tivessem valorizado isso o Brasil já teria dominado essa tecnologia, que todos buscam agora?, opina Seixas, que ainda cita os protótipos Super Cross e o Supermini Van como uma antecipação dos modismos das versões aventureiras e a chegada dos monovolumes.

Curioso

Bertuzzo conta que, diferente de alguns clubes, em seus encontros o Clube do Gurgel Campinas deixa os curiosos entrarem e ?fuçarem? no carro que, apesar de nacional, é um ilustre desconhecido para muitos. ?O Motomachine, por exemplo, você pode retirar a capota e as portas, mover o para-brisa para cima e sentir o vento no rosto, como em uma motocicleta?, explica Seixas. ?O carro realmente surpreende muita gente?, diz Bertuzzo.

Manutenção

Bertuzzo afirma que não é muito difícil manter um Gurgel porque são feitos em fibra. ?A única dificuldade é conseguir algumas peças exclusivas, como o virabrequim do BR 800, que precisa mandar fazer. Mas as outras peças são encontradas facilmente?, diz. Ele conhece um desmanche em Campinas que desmontou um BR 800 para fornecer peças para restauradores, mas adianta que o preço é salgado. Outra opção para encontrar peças são os mercados de pulgas durante encontros de veículos antigos realizados em todo o país.