UAI

Golpe - Cheiro de falcatrua no ar

Algumas lojas de escapamento têm retirado o catalisador ou induzido a troca da peça sem necessidade para comercializar sua cerâmica, composta por metais preciosos

Publicidade
Foto:

No catalisador genuíno o gás passa pela "colmeia" de cerâmica, enquanto no falso a cerâmica é substituída por um tubo furado envolto com palha de aço

Motorista, cuidado! Tem gente de olho no catalisador do seu carro. Infelizmente não é a inspeção veicular e sim algumas lojas de escapamento. Isso porque a peça de cerâmica que fica no interior da carcaça de metal do catalisador é composta por três metais preciosos, platina, rádio e paládio. “Como a platina e o paládio valem mais que o ouro, existem empresas que procuram por esse material para reciclá-lo e extrair os metais valiosos”, explica Valdecir Rebelatto, da Mastra, que produz catalisadores.

Até aí tudo bem, mas acontece que algumas dessas lojas de escapamento se aproveitam da procura por esse material para retirar a cerâmica sem o conhecimento do dono do veículo, deixando a peça oca ou instalando um catalisador falso, quando a cerâmica é substituída por um tubo envolto com palha de aço ou algum outro material para abafar ruídos e preencher todo o espaço. Outra prática é induzir o proprietário do veículo a comprar um catalisador novo, sendo que ainda não é o momento de trocar a peça.

Uma fonte, que trabalhou numa empresa que compra a cerâmica de mecânicos ou donos de lojas de escapamento para retirar os metais, contou que o quilo desse material já chegou a ser vendido por R$ 120. Ele pediu para não ser identificado porque tem medo de sofrer alguma retaliação. Valdecir Rebelatto confirma que este alto valor estava sendo praticado até o início da crise, mas atualmente o valor do quilo da cerâmica caiu bastante, e é comercializado por aproximadamente R$ 35.

Como saber

Mas como o dono do carro pode saber se o catalisador está funcionando bem? A melhor forma é procurar por uma oficina íntegra, que tenha um equipamento para fazer a medição do gás expelido pelo veículo ou então um termômetro infravermelho, que identifica, por meio da temperatura do gás, se a peça está em boas condições. Mas Carlos Eduardo Moreira, da Umicore, fabricante de catalisadores, conta que, visualmente, essa tarefa não é fácil.

De acordo com ele, a quilometragem do veículo pode dar uma dica, já que o catalisador original é feito para durar pelo menos 80 mil quilômetros. Por isso, se o carro tem uma boa manutenção, funciona com combustível de qualidade ou a peça nunca esbarrou em algum lugar, dificilmente é preciso trocar o catalisador. Para não comprar gato por lebre, é preciso desconfiar dos catalisadores muito baratos. Carlos Eduardo garante que é impossível esta peça custar menos de R$200.

Se algum mecânico afirmar que a cerâmica está quebrada, a informação pode ser checada chacoalhando a peça. Outro aspecto que denuncia que o catalisador não está bom é a perda de potência do automóvel. Se existe a desconfiança que a cerâmica foi retirada, basta pegar um martelo para ver se a carcaça está oca. Quando a cerâmica é retirada ou um catalisador falso é instalado, o ruído emitido pelo escapamento aumenta. E não se esqueça, se for trocar o catalisador do carro nada de dar uma volta para tomar um cafezinho. Permaneça na oficina para ter certeza de que a peça será trocada.