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Garagem do Vaticano guarda relíquias automotivas dos Papas

Museu da Santa Sé guarda os veículos utilizados pelos Papas, da Carruagem de Leão XII ao Papamóvel de João Paulo II. No Vaticano, já houve até disputa entre montadoras que queriam fabricar o veículo papal

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Mercedes-Benz 600 Pullman Landaulet foi usado por João XXIII

Enquanto o mundo está voltado para a Cidade do Vaticano, aguardando o início do conclave para a escolha do novo Papa, poucos se lembram que ali existe um museu de automóveis repleto de raridades impecavelmente conservadas pela Santa Sé.

 

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A relação do Vaticano com os veículos motorizados começou em 1907, quando o Papa Pio X ganhou o primeiro carro a entrar na cidade-estado, um presente do Arcebispo de Nova York. O Papa acabou dispensando o uso do veículo por achá-lo barulhento demais para seus deslocamentos e preferiu continuar andando a cavalo. Mas antes disso, os Papas usavam carruagens, algumas de alto luxo.

A mais extravagante é a Berlina di Gran Gala, feita em 1826 para o Papa Leão XII. O veículo tinha decoração em madeira pintada com folhas de ouro e andava por Roma puxado por seis cavalos.

O primeiro Papamóvel, com as características usadas até hoje, só passou a ser usado em 1975, pelo Papa Paulo VI. A ideia era que o Papa pudesse ser visto pela multidão durante seus deslocamentos. Paulo VI, que era um confesso apaixonado por automóveis, também foi o primeiro Papa a viajar de avião, em 1963.

Em Belo Horizonte, Papa João Paulo II usou um singelo Papamóvel baseado no caminhão 608, da Mercedes

Mas o veículo papal foi mais visto com João Paulo II a bordo. Nele, o Papa peregrino viajava por todo o mundo. Foi em um Papamóvel da Fiat, que João paulo II sofreu um atentado em 1981, na praça São Pedro. Um ano antes, o Papa havia viajado ao Brasil e o Papamóvel por aqui foi um simples Mercedes-Benz baseado no caminhão 608, também aberto. Após o atentado terrorista, o Vaticano decidiu blindar o Papamóvel, como é feito até hoje.

Outra peça do museu do automóvel do Vaticano é o Mercedes que o Papa Pio XII usou para deixar o Vaticano após os americanos bombardearem Roma na Segunda Guerra Mundial e ir para um bairro da cidade para consolar a população, mas o Mercedes quebrou e o Papa voltou ao Vaticano em um Graham Paige 837 ano 1929, de fabricação americana.

Os registros próprios de carros no Vaticano começaram em 1920, quando eles receberam placas com as iniciais SCV, exclusiva ao país.

Entrega do atual Papamóvel feita pelo presidente da Mercedes ao papa Bento XVI

Papamóvel
O modelo usado hoje é o Mercedes-Benz Classe M. Mesmo com as adaptações, o Classe M do papa tem os mesmos equipamentos de tecnologia das versões normais, segundo a Mercedes. Comparado com o papamóvel anterior (última geração do Classe M), a cúpula de vidro blindado foi aumentada, proporcionando mais espaço e acesso mais conveniente. Como nas versões anteriores, o papamóvel é pintado em branco diamante. Para facilitar o transporte do Classe M em aviões, a Mercedes reduziu a altura total do veículo em alguns centímetros.

Mercedes-Benz G 500 Papamovel, usado por João Paulo II e Bento XVI em aparições na Praça de São Pedro

A Mercedes-Benz vem fornecendo veículos para as viagens e aparições oficiais do líder da Igreja Católica há mais de 80 anos. O primeiro Mercedes-Benz para um papa que foi o Nürburg 460 Pullman, usado por Pio XI em 1930. Na década de 1960, o papa João XXIII recebeu uma Landaulet 300d sob o disfarce de um Cabriolet com transmissão automática. Posteriormente, o papa Paulo VI primeiro usou um Mercedes-Benz 600 Pullman Landaulet, seguido por um SEL 300. O carismático papa João Paulo II usou um Classe G modificado, dando início ao termo "Papamóvel". Depois de chegar ao final de suas vidas de trabalho, os carros dos papas podem ser vistos como parte das coleções em exposição, tanto o Vaticano como no Museu da Mercedes-Benz, em Stuttgart, na Alemanha.

A segurança em torno do Papamóvel é tanta que a assessoria da Mercedes-Benz do Brasil não é autorizada a passar detalhes sobre as modificações feitas no modelo. Nem mesmo a matriz na Alemanha pode revelar informações. O que se sabe é que o atual papamóvel tem vidros e lataria blindados, é resistente a tiros de grosso calibre, como dos fuzis russos AK 47 e das metralhadoras de 1,27 mm, além de suportar ataques com granadas.

Disputa
Quando Bento VXI assumiu o papado, em abril de 2005, as montadoras alemãs travaram uma disputa velada para oferecer um novo papamóvel para o santo padre. A Volkswagen atinou com a hipótese de transformar seu utilitário de luxo, o Touareg, para ser o papamóvel. Já a BMW ofereceu o concorrente X5. Todos disputam o mercado com o Mercedes-Benz Classe M e são comercializados no Brasil com o preços entre R$ 200 mil e R$ 350 mil.

 

Golf de Bento XVI foi leiloado por 188 mil euros

Recentemente, a Renault presenteou o Papa com um Kangoo Z.E., versão totalmente elétrica do multiuso francês. Em 2006, a Volkswagen doou um Phaeton de cor negra metalizada, com bancos de couro cinza claro e que foi modificado para responder "às exigências de conforto, segurança e discrição", assegurou a fábrica na época. O preço do modelo dado ao Papa chega a ultrapassar os 120 mil euros, sem contar as modificações, segundo a revista especializada italiana Al Volante. No mesmo ano, Bento XVI havia ganho um Volvo XC90 de presente da montadora sueca. O Papa doou o veículo a uma instituição de caridade no Vaticano.

 

Não é a primeira vez que importantes empresas de automóveis doam ou fabricam modelos especiais para os pontífices. Em 2004, por ocasião dos 26 anos do pontificado de João Paulo II, a Ferrari fabricou um modelo de Fórmula 1 especial para o Papa, mas em pequena escala.

 

Louco por carros, Pio XI tinha 16 automóveis na garagem do Vaticano, entre as quais três conversíveis.  Em 1997, João Paulo II entregou pessoalmente as chaves de seu Ford Escort 1975 ao comprador anônimo, que pagou US$ 102 mil pelo veículo particular do pontífice. 

 

Em 2007, o Golf 1999 usado por Bento XVI quando ainda era Cardeal, foi leiloado pelo site ebay por quase 188 mil Euros.

Escort 1975 de João Paulo II

A ideia foi do proprietário do carro, um americano do Texas que doou o dinheiro a uma instituição de caridade. Dois anos antes, ele havia comprado o carro na mão de um alemão, de 21 anos  por US$ 250 mil.

 

Papa no ar

O Vaticano não tem avião e nem helicópteros próprios. Quando o  Papa precisa, ele recorre aos helicópteros do governo italiano. As viagens mais longas são feitas em aviões da companhia aérea estatal Alitalia, como o Boeing 777 que trouxe Bento XVI em 2007.