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Furgões multiuso - Sobra espaço e falta mercado

Nem tão grandes, mas com ótimo aproveitamento interno, furgões têm design desatualizado no Brasil. Vendas menores do que as de peruas compactas e monovolumes explicam defasagem

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Meio termo entre carros de passeio e furgões pequenos, os multiusos aliam bom espaço interno a dimensões reduzidas, mas não estão entre as prioridades dos fabricantes no Brasil. Depois de a Fiat, que demorou muito tempo para reestilizar o Doblò a tempo da segunda geração italiana chegar, a Peugeot decidiu trazer da Argentina o Partner lançado em 2002, na Europa. A falta de investimentos para a renovação do segmento pode ser justificada pelo baixo volume nas vendas.

Até mesmo o Fiorino, furgão de entregas lançado pela Fiat nos anos 1980, vende mais do que o Doblò Cargo, que custa a partir de R$ 40.340 — diferença de R$ 3.600. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de janeiro a maio de 2010 foram emplacadas 6.025 unidades do derivado do antigo Uno, enquanto 1.061 Cargo chegaram às mãos dos seus donos. Embalada no sucesso da versão de estilo fora-de-estrada Adventure, a configuração para cinco ou sete passageiros vende mais. Ainda sim, o Doblò está longe da lista dos 10 carros mais licenciados, fechando maio no 38° lugar.

“Tudo depende da adequação do produto ao mercado. O nível de exigência do Brasil tem um perfil de uso diferente do europeu, em que o Doblò migrou do conceito de multiuso para van luxuosa”, defende o assessor técnico da Fiat Automóveis, Carlos Henrique Ferreira, sobre as diferenças de gerações. Para Ferreira, o modelo nacional está “super atual” e a reestilização aplicada em novembro de 2009 é coerente. “Temos produtos que os europeus não têm, como a versão Adventure. Seria um investimento pesado produzir o novo Doblò em Betim”, explica.

LUGAR DO OUTRO O Partner, até então comercializado somente na versão para carga, amargou 376 carros emplacados no levantamento parcial de cinco meses da Fenabrave. É pouco diante da nova meta de vendas da Peugeot de 400 carros por mês, divididos em 50% entre as novas versões de passageiros e furgão. As novidades se resumem a faróis, grade, capô, lanternas, para-choques e painel, substituindo o Citroën Berlingo, que deixa as concessionárias do país pela segunda vez. “A decisão partiu de comum acordo dentro do grupo PSA e contempla a nova política da marca de explorar novos segmentos”, diz o assessor de imprensa da Peugeot, Rodrigo Tramontina.

A exemplo de Doblò e Partner, o Renault Kangoo também é vendido em nova geração no velho continente, com variadas opções de distância entre-eixos. Procurada por Veículos para comentar sobre o modelo, a marca francesa não se manifestou.

Comparados aos monovolumes, os multiusos ficam na lanterna. O Honda Fit, modelo mais vendido entre seus equivalentes, teve 16.400 unidades emplacadas até o quinto mês do ano, seguido de Chevrolet Meriva (10.997), Fiat Idea (9.734) e Nissan Livina (4.957), enquanto Doblò e Renault Kangoo para passageiros registraram 3.748 e 1.052 licenciamentos, na ordem. Os números dos multiusos também são menores do que os das peruas pequenas. No mesmo período, Fiat Palio Weekend e Volkswagen SpaceFox contabilizaram 14.183 e 6.059 unidades, respectivamente. A Parati, presente há mais de duas décadas no mercado, somou 3.130 carros.

Com visual mais incrementado, a perua Palio Weekend bate com folga os multiusos