
	 O funcionário da Mercedes-Benz Leonardo Dutra não mudou de emprego, mas  vive nova rotina. Ele segue empregado da multinacional alemã, porém  trocou Juiz de Fora, na Zona da Mata, por São Bernardo do Campo, no ABC  Paulista. Mora em um hotel de padrão executivo no Bairro Campo Belo,  próximo ao Aeroporto de Congonhas, na capital paulista e todos os dias  acorda bem cedo, pois às 5h, pontualmente, tem que embarcar no ônibus  fretado pela empresa que o leva ao trabalho. Somente no mesmo hotel, com  Leonardo, estão mais de 100 trabalhadores de Juiz de Fora na mesma  situação.
Além deste hotel, outros três próximos a fábrica de São  Bernardo do Campo também hospedam um time de 410 metalúrgicos  provenientes de Juiz de Fora. Os últimos chegaram na semana passada ao  ABC paulista informa o diretor de produção e logística da fábrica da  Mercedes em Juiz de Fora, Izidro Penatti. O motivo da transferência é  que a fábrica mineira da empresa alemã está com a linha de produção  parada enquanto é modificada para montagem de caminhões pesados,  operação prevista para o segundo semestre deste ano.
Desde o fim  de dezembro o automóvel CLC não é mais produzido. O requintado cupê  destinado, principalmente, ao mercado europeu foi uma das tentativas  frustradas de salvar o investimento de US$ 820 milhões feito no fim da  década de 1990 na fábrica. A planta foi inaugurada em 1999 para produzir  o Classe A, visando principalmente o mercado nacional, mas o monovolume  não caiu no gosto do consumidor brasileiro e teve a produção encerrada.
Para  que a fábrica não fechasse, vieram outras tentativas como a montagem em  CKD do Classe C, para o mercado externo, e, por último, a do CLC. Em 12  anos, a unidade da Zona da Mata produziu 126,3 mil automóveis, o que  corresponde a apenas 15% da capacidade produtiva da fábrica, de 70 mil  unidades por ano (840 mil no período).
Em outra via, a do  sucesso, a unidade de veículos comerciais da Mercedes (caminhões e  ônibus) concentrada em São Bernardo do Campo viveu o seu melhor momento  no ano passado, quando foram produzidas 73,6 mil unidades, maior número  desde a inauguração, em 1956. A mudança de rumo na fábrica de Juiz de  Fora está inserida em um plano bienal de investimento de R$ 1,2 bilhão,  que inclui tanto a unidade mineira quanto a expansão da capacidade  produtiva da fábrica do ABC.
Aprendizado
Em  Juiz de Fora será montado, em esquema CKD inicialmente, e gradualmente  nacionalizado, o caminhão Actros, modelo pesado fabricado hoje apenas na  Alemanha e que no país vai brigar com modelos Scania e Volvo. Foi para  aprender o jeito de montar caminhão que Leonardo e outras centenas de  trabalhadores foram para o ABC paulista. “É uma nova cultura. Um produto  diferente que estamos aprendendo, além de ser uma boa experiência”,  afirma. Em Juiz de Fora, ele trabalhou da inauguração da fábrica até  2007, saiu do emprego por um ano e voltou em 2008, ou seja, participou  de todas as etapas da fábrica. Por último, atuava na montagem bruta da  carroceria e em São Bernardo do Campo está na área de motores de  caminhão. “É diferente, mas estou aprendendo bem”, afirma.
O  diretor da Mercedes-Benz Izidro Penatti, explica que os funcionários de  Juiz de Fora não sabiam lidar com caminhões, mas montavam automóveis,  mais precisamente o CLC, o mais luxuoso produzido no Brasil, cujo  principal destino era a Europa. “Foi bom para os dois lados. É claro que  o custo é bem maior, mas num período curto, de duas a três semanas eles  aprendem a montar caminhão e se tornam tão produtivos quanto um  funcionário antigo da fábrica do ABC”, diz Penatti.
O outro time,  de 350 trabalhadores, permanecerá na fábrica para auxiliar na execução  do planejamento da mudança da planta. “Produzíamos um carro que tinha a  altura de 1,60m e agora vamos montar um caminhão que a cabine tem mais  de 3m”, explica Penatti, para mostrar as diferenças que existem entre os  projetos. Penatti destaca que além dos funcionários que estão em São  Paulo outros 59 irão para a Wörth, na Alemanha, onde é produzido o  Actros. 
	