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Four Private GT - Dividindo o filé mignon

Programa de propriedade compartilhada possibilita que clientes dividam frota de carrões, casas e barcos, sem se preocupar com manutenção ou desvalorização

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Quanto vale um gosto? Quando se trata de superesportivos, pelo menos algumas centenas de milhares de reais, que podem chegar a milhões. Tudo para se ter o prazer de rodar em uma máquina rara, ainda que seja só por alguns dias ou minguados quilômetros por ano. São bens que demandam alto investimento em compra, manutenção e impostos, lembrando que somente o IPVA pode ultrapassar os R$ 100 mil, fora a desvalorização. Pensando nisso, está surgindo no Brasil o conceito de propriedade compartilhada de automóveis. A modalidade começou no segmento da aviação, no qual os custos de aquisição e manutenção nem sempre valem a pena diante da escala e ritmo de utilização das aeronaves. Depois, passou a casas de veraneio e barcos e, agora, chega aos automóveis, como o programa GT, oferecido pela empresa paulista Four Private Motorinvest.

O grupo está de olho justamente nos ricaços que querem enxugar gastos e deixar o dinheiro livre para investimentos. “Você pode comprar um carro por R$ 1,8 milhão, uma Ferrari, por exemplo, e perder uns R$ 600 mil na revenda em menos de um ano. E nem chegar a rodar muito mais que mil quilômetros. É o quilômetro mais caro da história”, exemplifica Ricardo Strauss Jardim, presidente da Four Private Group. Inicialmente, o serviço oferece quatro cotas de uma frota de quatro carros, todos conversíveis: Ferrari 430 Spyder, Chevrolet Corvette Grand Sport, Mercedes-Benz SL 63 AMG e, até mesmo, um Mini Cooper S Cabrio. Mas o que o pequeno cabriolet britânico, com motor 1.6 turbo, de 184cv, está fazendo aí em meio a esportivos V8 com até 525cv, como é o caso do SL? Segundo o executivo, é “para equilibrar o preço da cota com um carro divertido, que pode ser o Smart fortwo em outros grupos”. Ainda serão lançados outros grupos, sendo um somente com sedãs esportivos blindados, como Aston Martin Rapide e Porsche Panamera, devidamente acompanhados de um Mini Cooper hatch.

O cidadão paga cerca de R$ 400 mil de adesão para dirigir uma Ferrari 430 Spyder



CUSTO Segundo a tabela, são R$ 328 mil pela adesão, além de uma taxa mensal de R$ 15.693, dependendo da frota, valores que podem ir a R$ 399.600 e R$ 26 mil mensais. Porém, ao final dos dois anos do plano, o sócio receberá metade do valor de adesão de volta na compra de outro plano ou R$ 88 mil em dinheiro, se preferir. Parece muito para um bem de utilização limitada, mas, na prática, o cotista passará bastante tempo com cada um dos carros. O cliente recebe o carro na quinta-feira e fica até segunda-feira, e já sabe qual será o possante reservado, de acordo com a agenda. Os dias restantes são gastos em manutenção.

Chevrolet Corvette Grand Sport tem motor de 6.2 litros de 430cv



E se, no final de semana, o abonado se empolgar e resolver dar uma escapada para Punta del Este? Sem problema, desde que pague uma taxa adicional por quilômetro rodado além do estipulado. Trata-se de uma maneira de evitar abusos. Toda a frota está segurada e cabe também ao cliente pagar pela franquia em acidentes. Justamente para prevenir esse embaraço, cada um dos cotistas passa por um curso de pilotagem. E ainda coloca à prova o que aprendeu em um quinto carro, um Maserati Coupé de competição, como o utilizado no troféu monomarca, que pode ser levado ao limite em Interlagos.

Um V8 de 525cv garante a performance do Mercdes-benz SL 63



ECONOMIA Em números frios, uma frota como a do primeiro grupo de conversíveis sairia por R$ 2,1 milhões, sendo que o IPVA e seguro pelos dois anos custariam sozinhos cerca de R$ 450 mil, enquanto o plano sairia por R$ 640 mil. Como a diferença de cerca de R$ 1,5 milhão entre a propriedade única e o plano de compartilhamento poderia ser aplicada financeiramente ao longo dos dois anos, não fica difícil entender por que dividir é tão gratificante.

Mini Cooper S Cabrio é o 'popular' da frota, para reduzir custos