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Ford Ka Trail equipado com motor 1.0 tem maquiagem discreta, mas está longe de ser um SUV

Testamos o Ka Trail 1.0, versão aventureira do compacto da Ford, que tem suspensão elevada em 3cm, pneus de uso misto e diversos adereços que pouco podem fazer por você no fora de estrada

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Ford Ka Trail equipado com motor 1.0 tem maquiagem discreta, mas está longe de ser um SUV
Ford Ka Trail equipado com motor 1.0 tem maquiagem discreta, mas está longe de ser um SUV Foto: Ford Ka Trail equipado com motor 1.0 tem maquiagem discreta, mas está longe de ser um SUV

Molduras mais estreitas nas caixas de rodas formam conjunto discreto com faixas laterais

 

A Ford quer pegar mais uma carona no subsegmento dos aventureiros, lançando agora uma versão do Ka com suspensão elevada e adereços que dão aquele aspecto de veículos brutos. Ainda no lançamento do Ka Trail, estranhamos a afirmação do fabricante ao classificá-lo como um “utilitário aventureiro”, só pelo fato de a suspensão ter sido elevada, chegando a 20cm em relação ao solo, o que o credenciaria a pertencer ao segmento do SUVs, que virou uma coqueluche. Mais do que isso, a invenção desse segmento dá a entender que o veículo tem uma considerável capacidade no fora de estrada, o que não é verdade em relação ao Ka.

Na traseira a versão se diferencia apenas por uma faixa na base da tampa do porta-malas


A versão aventureira tem a suspensão 3cm mais alta do que um Ka normal, o que não melhora muito seu desempenho. Fora isso, o único atributo funcional do Ka Trail são os pneus de uso misto. E só. É verdade que também classificamos como utilitários-esportivos outros modelos que não trazem atributos necessários para uma boa performance no fora de estrada – como tração nas quatro rodas e bons ângulos de ataque e saída –, mas esses veículos trazem uma carroceria com uma série de características (altura em relação ao solo, conjunto roda/pneus mais robusto, porte, espaço interno e até um nível de acabamento) próprios de um segmento consolidado.

 


Se o Ka é um hatch compacto, a versão com suspensão elevada não passa de um compacto aventureiro. A unidade testada foi um Ka Trail 1.0, um veículo compacto que não esbanja porta-malas e nem espaço interno. Compacto porque traz motor de compacto, um 1.0 aspirado de três cilindros que está longe de ser o melhor entre os concorrentes. No plano, o veículo até se desenvolve gradualmente, sendo possível rodar com giro lá embaixo. Mas é só surgir uma subida, ainda que amena, para que o carro perca o pique, sendo necessário rodar em segunda marcha com o giro alto ou ficar trocando entre segunda e terceira marchas. Porém, é inegável que o consumo é baixo. Uma boa notícia é que a maior altura em relação ao solo não comprometeu a estabilidade e nem o conforto da suspensão do veículo. Naturalmente, rodamos por estradas de terra, onde não foi constatado comportamento muito superior a qualquer compacto disponível no mercado.

A suspensão foi elevada em 3cm, chegando a um total de 20cm em relação ao solo


DISCRETO Quanto à maquiagem de aventureiro, podemos classificá-la como discreta. As molduras plásticas das caixas de roda são finas e interligadas por uma faixa lateral. As rodas escurecidas de 15 polegadas dão toque mais esportivo, mas os pneus de uso misto trazem o modelo à sua proposta. Apliques plásticos em cinza adornam os para-choques. O cinza também está presente na moldura da grade e no falso rack de teto. Para completar o look aventureiro, faróis de neblina. E, se o carro é enfeitado por fora, por dentro é bem mais simples. Identificam a nova versão as soleiras de porta, que trazem a inscrição Trail, e os bancos que combinam tecido e couro com costuras em cores vivas. No mais, o acabamento tem muito plástico e apenas um pequeno aplique de tecido nas portas dianteiras.

Interior é bem simples, com muito plástico e bancos que combinam tecido e couro


Não espere por mimos. O Ka Trail é um modelo bem espartano, não trazendo ajustes elétricos dos retrovisores, ajuste em altura do banco do motorista, vidros elétricos nas janelas traseiras e nem mesmo computador de bordo. O próprio sistema de som MyConnection é o mais elementar disponível na linha Ford, oferecendo rádio, Bluetooth com streaming, entradas USB e auxiliar, além de telefonia. O painel vem equipado com o MyFord Dock, um compartimento que oferece suporte para que o smartphone possa ser melhor visualizado pelo motorista, que poderá usar seus aplicativos, como o de navegação.

Banco traseiro tem cintos de segurança retráteis e três apoios de cabeça


MERCADO Mesmo beirando os R$ 48 mil, a Ford tenta vender a imagem de que o Ka Trail tem um excelente custo/benefício, o que não é verdade. A marca escala como concorrentes diretos modelos como Renault Sandero Stepway 1.6 (R$ 60.700), Chevrolet Onix Activ 1.4 (R$ 58.490), Toyota Etios Cross 1.5 (R$ 64.490) e Hyundai XB20X 1.6 (R$ 59.645). Na apresentação, a marca induz ao erro afirmando que o Ka Trail é até R$ 10 mil mais barato que os concorrentes, ignorando que esse valor é válido ao comparar a motorização 1.0 com outras superiores. Outro ponto que pesa contra o Ka é seu conteúdo espartano. Até o Ka Trail 1.5, vendido por R$ 51.990, tem os mesmos itens de série da versão1.0, sendo igualmente pobre, enquanto os concorrentes citados oferecem mais conforto.

Rodas de liga leve escurecidas calçadas com pneus de uso misto


Como concorrente direto do Ka Trail 1.0, o modelo mais parecido é o Fiat Uno Way 1.0, vendido por R$ 44.690. O Ka Trail 1.0 custa R$ 47.690, mas tem rodas de liga leve, som, sistema Isofix para fixar assento infantil, além de apoio de cabeça e cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes, enquanto o Uno tem rodas de aço de 14 polegadas e apenas predisposição para rádio. Como conteúdo, o Uno leva de vantagem apenas o computador de bordo.

O motor 1.0 três-cilindros confere desempenho bem discreto ao compacto da Ford


FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, três-cilindros em linha, 997cm³ de cilindrada, 12 válvulas, que desenvolve potências de 80cv (gasolina) e 85cv (etanol) de 6.300rpm a 6.500rpm e torques de 10,2kgfm (gasolina) a 3.500rpm e 10,7kgfm (etanol) a 4.500rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira com câmbio manual de cinco velocidades

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira com eixo de torção e barra estabilizadora/em liga leve de 15 polegadas/185/65 R15

DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
A disco na dianteira e tambor na traseira, com ABS e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem)

CAPACIDADES
Do tanque, 51 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 403 quilos ]