Há cem anos a Ford começava a fabricar picapes, dando início à história da icônica Série F. Foi exatamente em 27 de julho de 1917 que a marca lançou sua primeira picape, nove anos depois da chegada do Modelo T. Batizado como Modelo TT, o utilitário foi projetado para clientes que precisavam de um veículo capaz de transportar maior quantidade de carga, com mais praticidade para o trabalho e as entregas. A cabine e o motor foram “emprestados” pelo automóvel, mas o chassi com capacidade para transportar 1 tonelada era exclusivo. Naquele ano, foram vendidas 209 unidades, que à época custavam 600 dólares.
Com o passar dos anos, o modelo ganhou recursos que aumentavam a versalidade, como um chassi capaz de acomodar diferentes caçambas e implementos fornecidos por terceiros, o que tornou o veículo um sucesso de vendas, com 1,3 milhão de unidades vendidas até 1928. A partir deste ano, o TT foi substituído pelo Modelo AA, cujo chassi carregava 1,5 tonelada. Nesta época, foi iniciado um trabalho intenso para vender a picape em áreas rurais. Segundo Bob Kreipke, historiador da marca, Henry Ford teria afirmado que o Modelo AA, em particular, tinha uma certa classe para esse tipo de cliente, que poderia tanto usá-lo na fazenda quanto para ir à igreja aos domingos.
Assim como o utilitário anterior, o Modelo AA estava disponível apenas como cabine e chassi, oferecido em dois comprimentos, com motor e eixo de maior capacidade. Em 1933, o Modelo BB, mais capaz, substituiu o AA. Eles foram encarroçados como veículo de entrega, transporte de animais e ambulância. Dois anos depois, a Ford lançou o Modelo 50, que usava exclusivamente o famoso motor Flathead V8. Até 1941, a Ford vendeu mais de 4 milhões de picapes. Nos anos seguintes, a produção foi voltada para atender à demanda da Segunda Guerra Mundial, quando a marca ampliou sua experiência na produção de veículos pesados e com tração nas quatro rodas.
SÉRIE F Em 1947, um ano depois da retomada da produção para o consumidor, a Ford queria oferecer inovações aos clientes. Após a guerra, muitos americanos das áreas rurais se mudaram para centros urbanos à procura de trabalho, levando com eles suas picapes. A Ford viu nisso uma oportunidade e, em 1948, começou a trabalhar numa nova geração de picapes, que ficou conhecida como Série F. A primeira geração da Série F ia da F-1, com capacidade de meia tonelada, à picape F-8, muito maior.
CONFORTO A segunda geração da Série F foi lançada em 1953, com cabine mais baixa e mais larga, design mais aerodinâmico, melhor capacidade e motor mais potente. A F-1 passou a se chamar F-100, as picapes F-2 e F-3 passaram a ser F-250, a F-4 tornou-se F-350 e as picapes maiores formaram uma nova unidade de utilitários comerciais. Cada vez mais esses veículos foram ganhando refinamentos, como pintura em dois tons, câmbio automático, climatização e rádio. A F-100 1953 foi pioneira ao oferecer itens como apoios de braço, luzes de cabine e quebra-sol. Anunciada como “Mais que um carro! Mais que uma picape!”, a Ford Falcon Ranchero, de 1957, oferecia conforto digno de um automóvel.
A quarta geração da Série F, de 1961, era mais baixa e elegante, e estreou a suspensão independente twin-I-beam. Já em 1967, itens como direção e freios hidráulicos eram oferecidos num pacote de luxo. A cabine estendida foi introduzida em 1974, com bancos mais confortáveis. Na sexta geração da Série F, em 1975, a F-100 virou F-150. Rapidamente, as picapes foram se tornando veículos familiares universais. Em 1982, a Ford lançou a Ranger, de porte menor. A partir daí, a Série F seguiu sua trajetória, há 40 anos consecutivos é a picape mais vendida nos Estados Unidos e há 35 anos é o veículo mais vendido do mercado americano, com mais de 26 milhões de unidades.