UAI

Fly-in

Condomínios com pista de pouso começam a despontar no Brasil

Publicidade
Foto:

Existindo mais de 470 nos Estados Unidos da América, os fly-in se alastram para outros continentes e países. Na terra do Tio Sam, surgiu para abrigar as residências e as aeronaves de pilotos comerciais e militares aposentados. Posteriormente aderiram os advogados, médicos e engenheiros apaixonados por aviões.

Nos Estados Unidos da América um fly-in famoso está localizado em Daytona Beach. O Spruce Creek tem mais de 1.600 casas e é o preferido da classe média.

No Brasil eles estão chegando, mas ainda não despontou nenhum para a classe média, nem tampouco para atender militares aposentados. Certamente atenderá empresários, médicos, advogados e engenheiros que atingiram um nível de satisfação de suas necessidades situados no topo da pirâmide de Abrahan Maslow.

Lendo um artigo sobre este tema, deparo com uma situação irracional. Segundo o texto, um empresário que havia acabado de jogar as suas partidas de tênis num fly-in localizado no interior de São Paulo, sentindo vontade de soborear camarão no almoço, não hesitou: preparou o seu Baron e decolou para Florianópolis. Depois de algumas horas os camarões estavam prontos para serem degustados em sua residência. Se ocorreu, é um ato tão irracional quanto o que praticava o cacique de uma tribo Caiapó, que decolava com seu avião para comprar cigarro na cidade de Altamira (PA).

Independentemente das irracionalidades, aqueles que podem ter uma casa em condomínio dotado de uma pista de pouso e estacionar sua aeronave no hangar do seu imóvel é charmoso. Se no condomínio existir um lago ou uma lagoa, o conjunto fica primoroso. O lar transmite o aconchego, a água a paz e o avião a ação.

Dependendo das aeronaves que serão abrigadas em hangares ou garagens, uma pista com revestimento asfáltico de cerca de 800 metros será o suficiente para atender os condôminos.

Quem desejar habitar um imóvel no interior de um condomínio fly-in deverá saber que além das normas condominiais novas normas de segurança deverão vigir e segui-las será sempre muito prudente.

Aquele que pode ter esse harmonioso conjunto precisa ter, acima de tudo, juízo. Quem se julga superior a tudo pode sofrer decepções, que anulam todo o prazer de poder ter e usufruir.

Aquele que possa imaginar que um fly-in seja a sua residência definitiva deve estar preparado para deslocamentos emergenciais por outros meios. A meteorologia sempre foi um complicador para o voo em condições visuais.

Quem não tem habilitação e não está a bordo de uma aeronave homologada para o voo por instrumentos não deve se aventurar. É uma técnica fácil, mas demanda um período de teoria de cerca de 100 horas e um treinamento de 40 horas em aeronaves. Além de transgressão, voar sem estar habilitado é se expor a um risco desnecessário.

Se pudesse, naturalmente, procuraria ter uma residência num condomínio fly-in, mas não teria nenhuma aeronave fabricada em grande escala. Eu procuraria ter uma aeronave da categoria leve esportiva, conforme nova regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), construída por meio de um kit importado, e a utilizaria para efetuar alguns circuitos ao redor do aeródromo de apoio, do condomínio, nos belos dias de sol.

Há no país empresas especializadas em importação de kits de aeronave leve esportiva da categoria experimental, capazes de montá-la e dar o suporte de pós-venda.

As aeronaves experimentais da categoria leve esportiva são menos fiscalizadas pela Anac e a responsabilidade de tê-la em condições de aeronavegabilidade é do proprietário.

Dando tratos à bola é possível imaginar que um fly-in em nível nacional não deverá ter a dimensão do Spruce Creek. Um fly-in numeroso demandará até mesmo um controle de tráfego aéreo e aí vai por terra o prazer de voar esportivamente.

 

Em Minas

O primeiro condomínio residencial de Minas Gerais a contar com estrutura para operações de aeronaves no próprio terreno fica no município de Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Reserva Real terá, além dos já esperados campo de golf com 18 buracos; quadra de tênis; complexo hípico e um hotel de luxo de porte internacional, uma pista de pousos e decolagens de 1,6 mil metros de extensão, capaz de receber um Boeing 737, por exemplo.

 

O aeródromo contará ainda com hangares e helipontos e terá estrutura para operações noturnas. Algumas das 189 casas do condomínio terão garagens para acomodar a aeronave da família. Os lotes já são vendidos por a partir de R$ 255 mil para o terreno de mil metros quadrados.

Condôminos terão a praticidade de estacionar a aeronave no hangar ao lado de casa