De Campinas (SP) - A disputa pelo fornecimento de sistemas flex (que possibilitam abastecer com álcool, gasolina ou a mistura dos dois em qualquer proporção) fica cada vez mais acirrada entre as montadoras. As duas maiores empresas do mercado brasileiro, Bosch e Magneti Marelli, apresentam constantes evoluções dessa tecnologia. Os principais desafios atuais são: eliminar o sistema de partida a frio, que inclui tanquinho de gasolina, dentro do compartimento do motor, para ajudar a dar partida em dias mais frios; e ajudar as montadoras a cumprirem as exigências da fase 5 do Programa Nacional de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), que começa em 2009.
A Bosch foi a primeira a apresentar, há cerca de um ano, sistema que elimina o atual dispositivo de partida a frio, com aquecimento de combustível. Denominada Flex-Start, a solução engloba alterações em diferentes componentes do sistema de injeção e ignição, como, por exemplo, a válvula injetora, a vela de ignição e materiais especiais para a operação com álcool. Para não ficar atrás, a Magneti Marelli mostrou agora o Ethanol Cold System (ECS), um sistema parecido, que também possibilita dar a partida no motor, abastecido com 100% de álcool, em baixas temperaturas (de até 5°C negativos); e dispensa o reservatório adicional de gasolina, encontrado atualmente em todos os sistemas flex vendidos no mercado brasileiro.
Três opções
A Magneti Marelli desenvolveu três opções desse sistema, que variam de acordo com custos e a necessidade de atender a diferentes características de cada motor, como lay out (disposição do propulsor e seus agregados dentro do compartimento), performance e cabeçote. No primeiro, denominado flauto mágico (flauta mágica, em italiano), que é o mais barato, o aquecimento é feito dentro da galeria de combustível (chamada de flauta mágica). No segundo, chamado de quinto bico injetor (Auxiliary Fuel Rail with 5th Injector), um pouco mais caro, o combustível é aquecido em um módulo e injetado pelo bico auxiliar. Na terceira opção, mais sofisticada e denominada Mixture Preparation System, é feito o aquecimento da mistura ar/combustível em uma galeria especial. Esse último é voltado para motores de alta performance.
Poluentes
De acordo com o engenheiro Silverio Bonfiglioli, representante do grupo Magneti Marelli no Mercosul, além de eliminar todos os componentes do sistema atual de partida a frio, o ECS também reduz o consumo de combustível (de 3% a 4%) e a emissão de poluentes. Quando abastecido com 100% de álcool, o sistema possibilita reduzir em 35% as emissões de hidrocarbonetos (HC); em 20% as de CO2; e em 40% as de gases não-metanos. Com apenas gasolina no tanque, o ECS reduz em 15% as emissões de hidrocarbonetos (HC); em 5%, as de CO; em 0,1% as de CO2; e em 17%, as de gases não-metanos.
Bonfiglioli garantiu que o novo sistema também possibilita boa dirigibilidade com o motor frio. Para comprovar a eficiência do ECS, a empresa instalou o dispositivo nos modelos Palio e Siena, deixando-os por um tempo prolongado em uma câmara fria (-1°C). A partida foi instantânea no hatch, mas não no sedã, cujo motor somente ligou na segunda tentativa. Quanto à dirigibilidade em temperaturas muito baixas, não foi possível avaliar se é boa ou não, pois, ao sair da câmara fria para dar uma volta na pista da Magneti Marelli, o motor já havia sido ligado algumas vezes e a temperatura externa estava muito alta, próxima dos 35°C.
(*) Jornalista viajou a convite da Magneti Marelli