A Ferrari se rendeu aos méritos do motor central-traseiro apenas na década de 1970. Até então, a marca de Maranello se garantiu com modelos de propulsor dianteiro, que tinham pilotagem mais equilibrada na maioria das situações normais, uma preocupação de Enzo Ferrari. O comendador não queria arriscar, mas teve que ceder à pressão advinda das pistas. Deu tão certo que os carros mais afiados da marca deixaram de utilizar o V12 dianteiro, relegado aos mais confortáveis cupês para quatro pessoas, algo que só voltou com força com a 550 Maranello, de 1996, cuja evolução deu lugar a 599 GTB Fiorano, de 2006. Só o fato de ser a Ferrari top já garantiria de antemão a inscrição na série Carros dos Sonhos, mas o que se destaca na 599 é mesmo o desempenho. Vigor que é antecipado no sobrenome, que traz o nome da pista de testes da marca, enquanto a sigla GTB remete aos Gran Turismo Berlinettas (cupês).
O 599 diz respeito à capacidade do motor, de 5.999cm³ de cilindrada, dividida por 10. E que motor! A Ferrari escolheu o mesmo V12 que dava vida ao superesportivo Enzo, mas um pouco mais “manso”: são 620cv de potência (a 7.600rpm) e 62kgfm de torque (a 5.600rpm), contra 660cv e 67kgfm da Enzo. Dentro da tradição, o câmbio de seis marchas pode ser manual ou automatizado. Mesmo tendo 4,66m de comprimento (com 2,75m de entre-eixos, 1,96m de largura e 1,33m de altura) e 1.690 quilos, a 599 GTB faz esquecer a sua corpulência e deixa clara a sua faceta de supercarro quando acelera até 100km/h em apenas 3,7 segundos, fôlego que vai além dos 330km/h. Ajudam na tarefa o controle eletrônico de tração, aliado ao sistema de controle de largada, coisa de Fórmula 1 mesmo. Além do desempenho, o modelo traz o estilo grifado pelo estúdio Pininfarina, na verdade por Frank Stephenson, que ajudou a criar o novo Mini de 2001 e o Fiat 500. O visual de capô longo e colunas traseiras separadas do vidro é atemporal, no que prova a juventude do desenho, que faz esquecer que a sucessora da 599 chega em 2012.
CRUZEIRO Ao contrário do que poderia se imaginar de um carro com motor dianteiro, a distribuição de peso é equilibrada: são 47% na frente e 53% atrás, graças à receita de motor recuado e câmbio em posição traseira. A estabilidade é auxiliada pelas rodas de 19 polegadas na dianteira, com pneus 245/40, e de 20 na traseira, com pneus 305/35, para aguentar a transferência de força ao solo. A 599 GTB também tem o seu lado de carro de cruzeiro. O conforto de um grã turismo é oferecido pela suspensão MagneRide, que controla magneticamente o ajuste dos amortecedores, permitindo a absorção de irregularidades sem tolher a firmeza em curvas rápidas. Os dois passageiros contam ainda com revestimentos em couro, ar condicionado de duas zonas e som de alta fidelidade, que concorre com a sonoridade do doze cilindros, capaz de ir aos 8.400 giros.
GTO Se a denominação GTB já remete às grandes Ferraris do passado, com a 275 e 365, o que dizer da sigla GTO, de Gran Turismo Omologata, que batizou bólidos como a 250 GTO? O suprassumo, certo? É o que prova a nova 599 GTO surgida em 2010. Trata-se de uma versão aprimorada da GTB, com 50cv a mais, para atingir 670cv - o torque sobe para 63,2kgfm. Ganhou massa muscular, mas perdeu gordura, com 100 quilos a menos. Com produção limitada a 599 carros, a GTO chega aos 100km/h em 3,3segundos e atinge 335km/h - a Ferrari de produção mais rápida em pista da história.
Não é a única variante da 599, já que logo depois apareceu a SA Aperta. O conversível feito com base na GTB presta homenagem a Sergio e Andrea Pininfarina, chefes da companhia. Uma versão ainda mais exclusiva, já que apenas 80 serão feitas e todas já encontraram suas garagens. Não que a 599 GTB seja barata. No Brasil, o modelo é vendido por R$ 2,5 milhões.