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Fase de crescimento

Assim como as pessoas, o tamanho dos carros aumenta a cada geração. Especialistas apontam mais razões mercadológicas do que técnicas para explicar esse fenômeno atual

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

 

Um fenômeno que parece atingir a população de todo o planeta está ocorrendo também com os carros: o aumento de tamanho ao longo das gerações. Os avôs são quase sempre mais baixos que os pais, que normalmente não alcançam a estatura dos filhos. Nas famílias de automóveis, vem ocorrendo a mesma coisa. As dimensões externas vão crescendo pouco a pouco e, depois de três ou quatro gerações, as diferenças em comprimento e largura já se tornam expressivas. A tendência ocorre com diversos modelos, mas é mais evidente nos veículos médios. Hatches e sedãs compactos são mais limitados a questões como peso, o que faz com que as medidas aumentem de forma mais contida. Como exemplo, é possível citar o Volkswagen Gol: quando estreou no mercado, em 1980, o compacto tinha 3,79 metros de comprimento e, atualmente, esta medida é de 3,9m.

O esquema abaixo permite ter uma noção melhor do crescimento exagerado dos carros médios. Às vezes, determinado automóvel cresce tanto que passa a ocupar outra faixa no mercado. Então é preciso lançar um novo modelo, menor, para preencher a lacuna. Essa situação aconteceu com a Fiat. O primeiro hatch médio que o fabricante ofereceu no Brasil, o Tipo, beirava os quatro metros de comprimento, enquanto o atual Bravo mede 4,34m, quase o tamanho de um sedã médio. Em 2007, chegou um modelo sem precedente dentro da marca: o Punto, com 4,03m.

Carlos Henrique Ferreira, da Renault, explica que existem várias questões por trás do fenômeno do crescimento. Segundo ele, “os carros ficam maiores em função de melhorias na funcionalidade, como aumento do espaço interno e do volume do porta-malas”. Outro motivo apontado por Ferreira, está ligado ao desejo do consumidor por veículos de dimensões mais avantajadas: “A gente faz pesquisa e percebe que há demanda por parte do público”.

VENDAS O desempenho no mercado é a principal explicação encontrada por Luiz Dutra, coordenador do Curso de Design Automotivo da Universidade Fumec, para justificar os sucessivos aumentos de tamanho dos veículos. De acordo com ele, “em carros de luxo é comum dar preferência ao comprimento, porque assim se cria um estereótipo de sofisticação. É um apelo emocional, porque sofisticação ajuda nas vendas”. O professor admite que podem existir questões técnicas por trás do crescimento, como aerodinâmica e compartilhamento de plataformas, mas destaca: “O mercado está aquecido, e a concorrência, mais acirrada. Quando um fabricante lança um modelo maior, os outros fazem o mesmo”.

Como as cidades estão cada vez mais congestionadas e os espaços para estacionar e até mesmo para circular estão cada vez mais reduzidos, os automóveis parecem estar na contramão da sociedade. Além do mais, dimensões mais amplas quase sempre implicam maior peso, que, por sua vez, gera consumo de combustível mais expressivo, que resulta no lançamento de mais poluentes na atmosfera. Dutra concorda que majorar as medidas externas não é a melhor alternativa para os veículos e salienta que há outras opções para ampliar o espaço interno: “É um contrassenso sim. Em um bom projeto é possível otimizar o habitáculo, e privilegiar a altura em relação às outras dimensões”. Já o engenheiro Carlos Henrique Ferreira acredita que a situação deverá mudar em breve. “Agora a tendência é parar de crescer, até porque os carros já estão entrando em outros segmentos”, diz.

 

EVOLUÇÃO

 

Crescimento das dimensões externas dos carros médios produzidos no Brasil e no Mercosul (comprimento X Largura em metros)

 

CHEVROLET

 

Hatches

 

Kadett, 4,00 x 1,66

Astra, 4,11 x 1,71 - Astra (atual - foto), 4,20 x 1,71

Vectra GT (2011), 4,25 x 1,75

 

Sedãs

 

Monza, 4,37 x 1,67

Monza (reestilizado), 4,49 x 1,67

Vectra (1ª geração), 4,43 x 1,70

Vectra (2ª geração), 4,45 x 1,71

Vectra (atual), 4,59 x 1,75


FIAT

 

Hatches

 

Tipo, 3,96 x 1,70

 

Brava, 4,19 x 1,74

Stilo, 4,25 x 1,75

Bravo, 4,34 x 1,79

 

Sedãs

 

Tempra, 4,35 x 1,70

Marea, 4,39 x 1,74

Linea, 4,56 x 1,73

 

FORD

 

Hatches

 

Escort (1ª geração), 3,97 x 1,64

Escort (2ª geração), 4,04 x 1,70

Focus (1ª geração), 4,15 x 1,70

Focus (atual), 4,34 x 1,84

 

Sedãs

 

Verona, 4,21 x 1,64

Escort, 4,29 x 1,70

Focus (1ª geração), 4,36 x 1,70

Focus (atual), 4,48 x 1,84

 

HONDA

 

Civic (1ª geração), 4,45 x 1,70

Civic (2ª geração), 4,43 x 1,71

Civic (atual), 4,49 x 1,75

 

PEUGEOT

 

307, 4,48 x 1,76

408, 4,69 x 1,81

 

RENAULT (foto no alto)

 

Mégane, 4,50 x 1,78; e Fluence, 4,62 x 1,81

 

TOYOTA

 

Corolla (1ª geração), 4,39 x 1,69

Corolla (2ª geração), 4,53 x 1,70

Corolla (atual), 4,54 x 1,76

 

VOLKSWAGEN

 

Hatches

 

Golf, 4,15 x 1,73

Golf (atual), 4,20 x 1,73

 

Sedãs

 

Santana, 4,54 x 1,70

Santana (2ª geração), 4,60 x 1,70

Bora, 4,41 x 1,73

Jetta, 4,55 x 1,78