Dois meses depois da obrigatoriedade de afixação da etiqueta do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) em 50% dos veículos que participam do programa que avalia e dá notas (de A a E) ao consumo de combustível, o teste ainda é ignorado por envolvidos e beneficiados. A maioria dos concessionários, apesar de obrigados a exibir modelos com o selo, não dão importância àquele que poderia ser um excelente aliado na hora de negociar com o cliente; o fabricante, por sua vez, não faz questão de repassar aos gerentes informações sobre o programa de etiquetagem; e os consumidores o desconhecem.
Atualmente – apesar de só agora a etiqueta ser obrigatória, o programa já está na quarta fase – oito montadoras participam: Fiat, Ford, Honda, Kia, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen. O caderno Vrum visitou concessionárias de todas essas marcas em meados de abril (reportagem publicada em 28 de abril), quando a etiqueta passou a ser obrigatória, e voltou a percorrê-las no mês passado. O cenário mudou pouco. De maneira geral, vê-se o selo do Inmetro em um ou outro modelo nos salões e poucos vendedores sabem dar informação sobre o programa. Nem mesmo todos os gerentes mostram conhecer detalhes. Sabem da exigência de manter os carros etiquetados no salão (apesar de nem sempre isso acontecer), mas muitos só consideram a possibilidade de usar a etiqueta como um argumento de venda – na maioria dos casos, os veículos etiquetados receberam bom conceito, já que as montadoras podem escolher que modelos etiquetar, uma vez que a exigência é de ter o selo em 50% da frota – quando questionados pela reportagem. Além disso, depois de vendidos os carros, algumas concessionárias retiram os selos antes da entrega ao cliente.
O consumidor, por consequência, chega à concessionária, olha o carro (às vezes até compra) e não fica sabendo sobre o selo. “Eu realmente observei essa etiqueta. Reparei que é igual à de geladeira. Mas ninguém comentou nada e eu também não perguntei”, afirma a advogada Maria Aparecida Oliveira e Silva, enquanto olha um Palio Attractive, de conceito B, em uma concessionária Fiat de Belo Horizonte. “Eu não tinha reparado. Mas acho que falta critério para essas etiquetas. Como esse Corolla aqui (modelo 2012) pode ser A, se o meu, que é 2007, é muito mais econômico?”, indaga o engenheiro Mário Moura Lima, enquanto vê o carro com o selo em concessionária Toyota.
Outro lado
Com outro tipo de visão, a marca Kia, uma das primeiras a aderir ao programa, em 2009, aproveita o selo como forma de divulgação. “Fazemos questão de mostrar e as pessoas gostam quando a gente explica. E, normalmente, descobrem o programa aqui na revenda. É um hábito do vendedor falar, até porque temos boas médias”, ressalta o gerente de vendas da concessionária Kia Automark, Leandro Mourão. Ele garante que na hora da entrega do veículo a etiqueta só é retirada se o cliente preferir. E, nesse caso, é colada no manual do veículo. Também para divulgar, a Renault Minas France resolveu exibir a etiqueta no suporte que fica ao lado dos veículos, junto com as informações mais importantes sobre o carro. “Os carros do salão não estão todos com os selos porque muitos são de estoques mais antigos. Mas os que estão chegando da fábrica já têm a etiqueta e, além disso, vamos exibi-las nos displays que ficam próximos aos modelos”, afirma o gerente de vendas da concessionária, Ahmad Salles.