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Fábrica da Mercedes em Juiz de Fora passa a montar caminhões no terceiro trimestre

O modelo é o Actros, um caminhão de luxo que hoje só é feito na Alemanha

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

 

De São Bernardo do Campo, SP - Os primeiros caminhões fabricados pela Mercedes-Benz, em Juiz de Fora, serão produzidos no terceiro trimestre deste ano. As versões iniciais são destinadas a testes e, em janeiro do próximo ano, a produção começa de fato. “Temos o plano ambicioso de em três anos ter 60% do caminhão nacionalizado”, afirma Jürgen Ziegler, presidente e CEO da Mercedes-Benz do Brasil. Para isso, quase um terço do atual plano de investimento em andamento da montadora alemã no país (R$ 460 bilhões) é destinado a fábrica localizada na Zona da Mata mineira.

O investimento faz parte de um motante de R$ 1,5 bilhão do grupo no Brasil, que resultará na transformação de uma fábrica de automóveis, que sempre produziu abaixo da capacidade em uma planta preparada para
fabricar caminhões pesados. O modelo é o Actros, fabricado atualmente apenas na Alemanha e que
será montado inicialmente em Juiz de Fora no esquema de CKD, com a maior parte dos componentes importados. A nacionalização da produção implicará, segundo Ziegler, na montagem de um parque de fornecedores próximo à fábrica na Zona da Mata mineira. Enquanto a fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora passa por uma transformação, o aquecido mercado de veículos pesados impõe a necessidade da principal unidade da Mercedes no Brasil, em São Bernardo do Campo, ampliar a operação, de dois para três turnos.

A ampliação, que geraria a contratação de 500 funcionários, depende da aprovação da matriz alemã. A decisão é um dos motivos da visita do executivo Andreas Renschler,membro do conselho da Daimler AG (controladora da Mercedes-Benz) e responsável pela divisão de caminhões do grupo ao Brasil.

 

Renschler revelou também que o grupo Daimler AG tenta negociar com italianos da Iveco (do grupo Fiat), para comprar a marca de veículos esados e comerciais. “Tivemos uma conversa no ano passado, mas
chegamos a conclusão que as circunstâncias não eram ideais, afirma enschler. Ele explica que a compra de uma empresa exigiria investimentos em tecnologia para que os modelos das duas empresas se equivalessem, além dos negócios da Iveco serem focados, principalmente
na Europa, o que não é a meta do grupo alemão no momento. De acordo om Renschler, o objetivo principal é conquistar espaços nos outrosaíses que formam as três últimas letras do Bric: Rússia, Índia e hina. Entretanto ele crava: “Não desistimos do negócio”.

A primeira letra do Bric, o Brasil, vai bem e é o principal mercado da arca, tendo superado a Alemanha, líder histórico, no ano passado. No ercado de caminhões brasileiro a MB é a segunda, com 25,14% das vendas. Fica atrás apenas da Volkswagen/Man (30,51%) e bem à frente da erceira, a Ford (18,25%). No ano passado a Mercedes quebrou um recorde, desde a inauguração em 1956, produzindo 74 mil veículos, entre caminhões e comerciais leves, no ABC Paulista. Para conseguir hegar a 80 mil, meta traçada para o próximo ano, será preciso
contratar cerca de 500 funcionários e dar início a operação em três urnos. A compra da Iveco também poderia incrementar o portfólio da MB, pois a marca italiana, com fábrica em Sete Lagoas, na Região
central do estado, é a quinta em vendas de caminhões no Brasil, com, 15% do mercado.

Enquanto a fábrica de Juiz de Fora é reconstruída para montar o aminhão, cerca de 500 funcionários da unidade estão trabalhando em São Bernardo do Campo, com o objetivo de serem treinados na montagem de veículos pesados. Desde o final de dezembro a produção do CLC foi encerrada. O requintado cupê era vendido, principalmente, para o mercado europeu e foi uma das tentativas frutradas de salvar o investimento de US$ 820 milhões realizado no final da década de 1990.


Inaugurada em 1999 para produzir o Classe A, com objetivo de emplacar o primeiro veículo da MB produzido no país para o mercado nacional, o monovolume não agradou o gosto (e o bolso) do consumidor brasileiro e
teve a produção encerrada. Para que a fábrica não fosse fechada e a MB quebrasse o acordo de garantia dos empregos, feito á época do investimento com o governo mineiro, foram realizadas outras tentativas, como a montagem em CKD do Classe C, e, por último, a do CLC.

Unidade da MB em Juiz de Fora parou de fabricar o hatch CLC 200 no final de 2010


Apesar das tentativas a produção de automóveis foi um grande fracasso. Em 12 anos de operação foram produzidos 126,3 mil carros, o que corresponde a apenas 15% da capacidade produtiva da fábrica: 70 mil unidades por ano (840 mil no período). Na outra via, o negócio de
caminhões, que tem a principal planta no ABC paulista segue embalado pelo crescimento da economia brasileira. “Fizemos a conversão (de carros para caminhões) para suportar o crescimento econômico do país, que demanda um número grande de veículos comerciais”, afirma Ziegler.


As estratégias da marca para conquistar espaço nos mercados emergentes são variadas. Na Índia, por exemplo, criou se uma nova marca, a Barati-Benz. “É um mercado emergente e com características típicas. A marca MB assusta um pouco, pois é associadas a produtos caros”, explica Renschler. O nome criado – Barati – significa “indiano” e é uma tentativa da companhia de criar uma maior identificação. Na China a estratégia também foi modificada. Antes a empresa operava com importações e vendeu somente 3,5 mil caminhões no ano passado. Agora, fez uma parceria com o grupo local Foton e pretende comercializar 5 mil no primeiro ano. Além disso, deve, em breve, iniciar a produção local de caminhões.

O repórter viajou a convite da Mercedes-Benz.