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Exército Brasileiro começa a desenvolver novo blindado de reconhecimento

Viatura Blindada de Reconhecimento VBR do Exército Brasileiro será desenvolvida e fabricada pela Iveco a partir do ano que vem. Exército recebe o 100º Guarani

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Exército Brasileiro começa a desenvolver novo blindado de reconhecimento
Exército Brasileiro começa a desenvolver novo blindado de reconhecimento Foto: Exército Brasileiro começa a desenvolver novo blindado de reconhecimento

Novo blindado terá a mesma plataforma da VBPT-MR Guarani


O projeto de uma nova viatura blindada de reconhecimento (VBR) para o Exército vai ser desenvolvido a partir do ano que vem em Minas Gerais. O novo veículo de combate começa a ser elaborado em 2015 e em cinco anos devem ser entregues as primeiras viaturas. A previsão é que seja usada a mesma linha onde hoje são fabricados as viaturas blindadas de transporte de pessoal média de rodas (VBPT-MR) Guarani, em Sete Lagoas. O centésimo Guarani produzido em Minas será entregue ao Exército hoje. Apesar de aproveitar a mesma plataforma, o veículo será mais veloz, terá blindagem reforçada e artilharia mais pesada, possibilitando assim que seja usado em missões de reconhecimento. Ele será o substituto do Cascavel, fabricado pela Engesa a partir da década de 1970 e usado na Guerra do Golfo.

VEJA FOTOS DO BLINDADO IVECO VBPT-MR GUARANI

Conheça mais detalhes do blindado

A viatura irá aproveitar boa parte das peças e sistemas usados no primeiro modelo. Entre as adaptações para atender à nova função, está a inclusão de um canhão de 105 milímetros, enquanto no VBTP-MR o poder de fogo da artilharia era de 30 milímetros ou usadas metralhadoras ponto 50 e 762. O VBR terá capacidade para três ou quatro militares, sendo o motorista o único ocupante da parte interna e o restante na torre – o comandante, o atirador e, caso seja manual, um auxiliar. Junto da tripulação haverá um cesto que comporte toda a munição. O VBTP-MR tem lugar para 11 pessoas.

“Esse modelo (VBR) tem por característica ter poder de fogo igual ou superior aos do oponente. A função dele é visualizar (o campo de combate) e retornar”, afirma o chefe da equipe de Absorção de Conhecimento e Transferência de Tecnologia do projeto Guarani, capitão Euter Martins Mozer. Outra diferença além da potência balística é que o veículo terá uma blindagem antimina mais potente e será mais pesado. Em contrapartida, a velocidade será maior, o que obriga-o a ter um motor ainda mais potente. O atual Guarani faz 100 km/h. O chassi 8x8 facilita a velocidade elevada em terrenos adversos. A capacidade anfíbia é um requisito desejável, segundo o Exército.

Segundo o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Divisão de Veículos de Defesa da Iveco na América Latina, Giovanni D’Ambrosio, o pedido está sendo finalizado. O contrato faz parte da parceria do Exército com a empresa, que produz o Guarani, para fabricar 2.044 viaturas até 2029, ao custo de R$ 6 bilhões. “A plataforma veicular permite que sejam feitas modificações de acordo com o requisito do Exército”, afirma D’Ambrosio. Entre outros, podem ser montadas versões de socorro, ambulância e porta-morteiro.



O contrato para construção do Guarani foi assinado em 2009. O projeto previa que 60% do veículo fosse produzido no Brasil, considerando o valor da viatura. O nível já foi atingido. A previsão é que em mais três anos atinja-se 70%, com alguns componentes produzidos na planta italiana sendo transferidos para a unidade de Sete Lagoas, como a montagem da suspensão. Atualmente, bancos, motor, suporte interno, chassi, sistema de freio, entre outros, são itens nacionais.

Aço mineiro

Outra novidade é que em parceria com a Usiminas está em desenvolvimento um aço balístico para ser usado no VBR. Atualmente, o produto é importado do grupo alemão ThyssenKrupp. Mas o projeto nacional já está em teste na Itália para certificação internacional. Depois disso, ainda é preciso que sejam feitos testes estruturais para avaliar a qualidade do produto. Segundo D’Ambrosio, a montadora demora oito, nove meses para receber o produto, além de ser alto o custo logístico para importação do aço balístico.

Além de poder ser usado nas unidades produzidas em Minas, o aço pode ser comercializado com outras empresas e até mesmo exportado. “É uma questão militar importante, de soberania militar”, afirma o capitão, que lembra ser diretriz do comando do Exército o fomento à indústria de defesa. Em março, a fábrica de Sete Lagoas entregou as primeiras unidades do Guarani. Os veículos foram usados na patrulha fronteiriça nos estados do Sul e ficaram de stand by durante a Copa do Mundo para o caso de um ataque terrorista ou ação de descontrole.