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Etiqueta de consumo - Automóvel ou geladeira?

Como na hora de comprar eletrodoméstico, consumidor de veículo passa a ter parâmetro para comparar gasto de combustível. Ainda no início, programa deixa lacunas e marcas aproveitam

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Modelos etiquetados, a exemplo do Kia Picanto, o primeiro a receber o selo do Inmetro, há três anos, já podem ser conferidos nos salões das concessionárias cujos fabricantes aderiram ao projeto do governo

Prever o consumo exato do carro que será comprado antes de usá-lo ainda é tarefa do além, já que vários fatores, incluindo a maneira de dirigir de cada um, influenciam diretamente no gasto de combustível. Por isso mesmo, algumas montadoras pararam de declarar dados de consumo, uma vez que são obtidos em condições ideais e dificilmente serão reproduzidos na prática. Surge agora, no entanto, um grande aliado do motorista nesse sentido, que é o selo de consumo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro): apesar de mais uma vez estarem sendo usados números gerados em situação de laboratório e/ou testes em condições ideais, agora há uma classificação de A a E, a exemplo das geladeiras, sendo possível fazer uma comparação entre os modelos.

E para saber quais deles têm os motores com mais ou menos apetite, o consumidor já pode, teoricamente a partir do último dia 15, consultar o selo de consumo, que deve estar afixado no vidro lateral traseiro esquerdo ou no para-brisa dos veículos expostos nos salões das concessionárias. Essa foi a data estipulada pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, cuja quarta edição foi concluída em dezembro pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), em parceria com o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural/Petrobras (Conpet), e prevê a etiquetagem obrigatória em 50% dos modelos participantes do programa (até a terceira edição, a decisão de exibir ou não o selo era do fabricante). Como a participação é voluntária, por enquanto apenas oito montadoras – Fiat, Ford, Honda, Kia, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen – aderiram ao projeto. E, das oito, já é possível encontrar o selo afixado em modelos de seis marcas, nas concessionárias de Belo Horizonte.

Pelos salões das revendas VW é possível observar unidades ostentando a etiqueta. Cuidadosa, a montadora enviou um comunicado às gerências, explicando que cinco dos sete modelos participantes, num total de 19 das 28 versões incluídas, deverão receber o selo sempre que estiverem em exposição. A Fiat, que participa com o maior número de modelos (12 veículos em 32 versões de acabamento), também já começou a enviar às revendas os carros com o selo, que começam a ser expostos nos showrooms. Timidamente, é possível ver uma ou outra unidade exibindo a etiqueta nas revendas Peugeot, Toyota e Honda. Já as Ford e Renault ainda não haviam recebido carros etiquetados até o fechamento desta edição.

Selo mostra, além do consumo, o conceito, que vai de A a E, como nos refrigeradores

Pioneira na exibição da etiqueta, a Kia participa do programa desde a primeira edição, em 2009, quando começou a adotar o selo no Picanto, na época com conceito A. Independentemente da obrigatoriedade, com o passar do tempo a marca passou a afixar a etiqueta também no Cerato e no Sorento e, a partir de agora, inclui na Sportage. Atualmente o melhor resultado da marca é para o Cerato 1.6 16V, com conceito B. Como o programa é renovado a cada edição, e tendo em vista que as notas (de A a E) são por comparação com os demais modelos inscritos, é possível que o conceito mude de um ano para outro, o que ocorreu com o Picanto que agora é C, até porque é preciso considerar as mudanças ocorridas nos próprios modelos e motores ao longo do tempo, o que obviamente influi no consumo.

INTERESSE PRÓPRIO
Um detalhe muito importante a ser observado pelo consumidor, no entanto, é que a legislação que regulamenta o programa, Portaria 377/2011 do Inmetro, determina que o selo deve ser afixado em 50% dos modelos participantes do programa. Logo, e obviamente, as montadoras escolheram os veículos de melhor conceito para ostentar o selo. Indagado sobre o assunto, o Inmetro respondeu: “Nesse primeiro momento, é provável que encontremos etiquetados os carros de classificação mais alta. A razão disso é que fazer alterações no processo produtivo das montadoras, mesmo com uma tarefa simples como fixar uma etiqueta no vidro traseiro, impacta em redesenhar toda a linha de produção. Diante do atraso que isso poderia acarretar no quarto ciclo do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, acordamos com as empresas que deve ser dada prioridade aos modelos mais eficientes, favorecendo a escolha do consumidor. Vale lembrar que as tabelas podem ser acessadas no site do Inmetro (www.inmetro.gov.br/pbe)”.

28 versões de sete modelos da Volkswagen foram etiquetados, como o Gol



ANÁLISE DA NOTÍCIA
Etiqueta e credibilidade

Paula Carolina

Depois de três anos em vigor, finalmente o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular começa a ganhar corpo. A adesão das marcas e aumento no número de modelos inscritos vem aumentando a cada edição e cabe ao consumidor, maior beneficiado pelo programa, cobrar um posicionamento dos fabricantes que ainda não tiveram a coragem de pôr à prova seus motores e aderirem ao projeto. Verificar se o carro desejado ostenta a etiqueta – situação comum nos países de primeiro mundo – e buscar saber o porquê de não tê-la será um exercício de cidadania que fará bem ao meio ambiente e ao bolso.



Quem aderiu

Fiat (12 modelos/32 versões)
Ford (9 modelos/16 versões)
Honda (3 modelos/23 versões)
Kia (5 modelos/20 versões)
Peugeot (7 modelos/13 versões)
Renault (8 modelos/14 versões)
Toyota (3 modelos/6 versões)
Volkswagen (7 modelos/28 versões)

 

Clique aqui e veja a lista completa, com todos os modelos!

 

SAIBA MAIS
Edição 2012

A tabela 2012 do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, que tem que estar disponível nas revendas, corresponde, segundo o Inmetro, a 55% do volume de vendas no mercado nacional (até novembro de 2011). As categorias avaliadas são subcompactos, compactos, médios, grandes, carga derivado, comercial e fora de estrada, utilitário-esportivo e minivans, sendo que as duas últimas estrearam nesta edição.