Para alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), a oportunidade de aperfeiçoamento, no intuito de permanecer entre os cinco melhores da competição Fórmula SAE Brasil-Petrobras, realizada em sua oitava edição, de ontem até amanhã, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo, em Piracicaba (SP). Para estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que participam pela segunda vez da prova, o momento de mostrar superação. As equipes da duas universidades, que contaram com ajuda recíproca no desenvolvimento dos carros tipo fórmula "a colaboração entre grupos é um dos destaques desse tipo de evento, que supera qualquer clima de competição ou rivalidade", têm em comum o capricho no sistema de telemetria, que permite a transmissão de dados diretamente do veículo, na pista, para os boxes, com o objetivo de garantir melhor resultado na competição. De todo o Brasil, participam 22 equipes, num total de aproximadamente 500 estudantes . O evento é organizado pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).
Saindo de um oitavo lugar ano passado, o Cefet-MG é a escola de maior tradição a representar Minas Gerais no evento (participa há seis anos), e obteve a melhor colocação em 2008, quando ficou em quarto lugar. Para a prova deste ano, o capitão da equipe, Olavo Testa de Amorim, aluno do oitavo período de engenharia elétrica, explica que foi construído um veículo totalmente novo. Uma das novidades foi a ajuda do dinamômetro para calibrar o motor e fazer demais ajustes que garantiram uma boa resposta. Mas onde o grupo investiu mais foi na evolução do sistema de telemetria, já usado antes, mas agora com mais sensores e a possibilidade de transmissão de maior quantidade de dados em tempo real. "Todo ano a tendência é melhorar um pouco. Mas este ano saiu muita gente da equipe e entraram outros, o que demanda mais aprendizagem", avalia.
O sistema de telemetria 2013 com a transmissão dos dados de temperatura, velocidade, pressão e rotação do motor, além de tensão da bateria é também o grande investimento dos estudantes da UFMG, que saíram de um carro carburado, em 2010. "Apesar de ser um sistema já usado por muitos, para nós a telemetria é novidade. Neste ano automatizamos muita coisa no carro e só agora usamos a injeção eletrônica", conta o capitão, Caio Cramer Almeida Marques, estudante do 10º período de engenharia mecânica, lembrando que ano passado o veículo da equipe era o único ainda carburado, o que mereceu destaque por parte da organização do evento, que a considerou a melhor equipe estreante, apesar de ter o carro de menor investimento da prova.
Durante a competição, os carros são avaliados por especialistas da indústria da mobilidade, desde a concepção técnica (projeto, relatórios de engenharia e inspeção técnica de segurança) às provas dinâmicas (arrancada, consumo, manobrabilidade), passando pela avaliação da viabilidade comercial (relatório de custos e apresentação do produto). O momento mais interessante hoje é o autocross, em que os veículo são avaliados em uma volta em circuito aberto. Já amanhã será realizada a prova mais aguardada da competição, o enduro de resistência, em circuito fechado: os carros dão várias voltas até completar 22 quilômetros e ganha mais pontos quem fizer menor tempo. %u201CNessa hora, o torque é muito importante, pois a arrancada faz toda a diferença, já que o circuito é um pouco travado e a velocidade máxima que o carro pode alcançar (em torno de 140km/h, conforme o projeto) nem sempre é possível de se conseguir no momento do enduro%u201D, resume Caio Cramer.
SAIBA MAIS
Fórmula SAE
A Fórmula SAE Brasil-Petrobras visa ao fomento da especialização técnica da engenharia da mobilidade brasileira em veículos de alto desempenho. Além do Brasil, que ingressou no circuito em 2004, atualmente as competições de carros Fórmula SAE são realizadas nos EUA, Inglaterra, Alemanha, Itália, Japão, e Austrália. Segundo o regulamento, os carros devem ser equipados com motores de quatro tempos e cilindrada máxima de 610cm³. Os veículos Fórmula SAE surgiram na década de 1970 e, desde então, são projetados por equipes de estudantes de graduação e pós-graduação de engenharia, de acordo com regras definidas pela SAE International e sob a orientação de um professor.