De Stuttgart, Alemanha - Qual é a sensação de dirigir a mais de 300 km/h, numa impecável autobahn (auto-estrada alemã)?
Quase decepcionante, pois o motorista se sente meio piloto de competição, mas, num projeto refinado como o da Mercedes-Benz SLR, não é muito diferente de acelerar um esportivo 'normal', a 200 km/h. A começar pela aerodinâmica, tão perfeita que mal se percebe o barulho provocado pelo vento. O único perigo é que você chega rápido demais aos carros que estavam lá-á-á-á na frente...
Perigo relativo: ao frear nessa velocidade, começam os refinamentos da SLR. Para dar uma mãozinha aos quatro discos de freio de cerâmica (comandados eletroidraulicamente), tem um flap que se levanta da tampa do porta-malas para ajudar aerodinamicamente na freada. Assim como acontece com as asas de um avião pousando.
Canhão
O motor é um V8 5.4, preparado pela AMG, com dois compressores e intercoolers, que gera 626 cv de potência e 76 kgfm de torque (mais do que muito caminhão por aí...). Sua posição também é estratégica: dianteiro, entre-eixos, permitindo perfeita distribuição de peso, entre os eixos dianteiro e traseiro (50/50).
A caixa é automática, de cinco marchas (nem precisava de tantas, com tamanha potência...). O carro não pesa muito (1.700 kg), pois é quase todo em fibra de carbono. Resiste quatro vezes mais que o aço a impactos, com a mesma tecnologia usada pela McLaren (que iniciou sua produção em 2003, na Inglaterra) em seus carros de Fórmula 1.
É um cupê para duas pessoas e de acabamento interno refinado: todo em alumínio, fibra de carbono e couro.
Fiquei quase um minuto para descobrir que o acionamento do motor é num botão no alto da alavanca de mudanças, mas escondido por uma tampinha...
Arranca mais do que a maioria das Ferraris e Porsches: vai de 0 a 100km/h num piscar de 3,8 segundos. Velocidade máxima? O ponteiro passou dos 300 km/h. A fábrica declara exatos 334 km/h.
A idéia da Mercedes-Benz, ao projetar seu supercarro, era a de combinar um carro de corridas com um automóvel agradável de se dirigir nas estradas. E quase conseguiu.
Narigão
Apesar de veloz e furioso, a ponto de te imprensar contra o banco na arrancada, e impressionar ainda mais quando freia, fazer curvas como um kart e de muito conforto, até em pisos razoáveis (para o padrão alemão, é claro...), ele deixa a desejar em alguns aspectos. Não consegue, por exemplo, disfarçar o tamanho do nariz. Por ser enorme, o motorista se sente como em um caminhão. E a visibilidade (lateral e traseira) é um desastre: o cupezão deveria ter aqueles sensores que indicam a proximidade de algum objeto nos pára-choques. Mesmo porque só o pára-choque dianteiro custa a bagatela de 20 mil euros (quase R$ 60 mil). Achou caro? O capô custa o dobro...
Preço do avião? Cerca de 500 mil dólares, na Europa. A versão roadster, única oferecida atualmente, pode ser encomendada nas concessionárias da marca no Brasil por R$ 2,4 milhões.