Um equívoco na cabine do Boeing 767-300 da American Airlines, que foi interceptado por um caça F-5 da Força Aérea Brasileira (FAB) na madrugada da última segunda-feira (03), pode ter levado a tripulação do voo 904 a colocar um código de sequestro no transponder. O código 7.500, que identifica que o voo está sob interferência ilícita, foi identificado pelo Comando de Defesa em Brasília, que imediatamente providenciou a decolagem de um caça militar de Anápolis (GO) para interceptar o Boeing, que havia decolado do Rio de Janeiro com 127 passageiros para Miami.
“Acredito que o piloto do voo queria acionar o código 7.600, que significa perda de contato com o controle de tráfego, já que há alguns pontos cegos entre Brasília e Manaus mas, por um engano, acabou trocando o numeral 6 pelo 5, gerando toda essa confusão”, disse o piloto Ricardo Cury, que há seis anos trabalha em cabine de Boeing.
Quando o alarme foi identificado, o avião da empresa americana sobrevoava o Distrito Federal. Em poucos minutos ele já era seguido pelo F-5. O Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) ordenou que o Boeing pousasse imediatamente e o avião militar acompanhou o 767 até o pouso, que foi realizado no Aeroporto Internacional de Manaus. O Boeing foi orientado a parar em uma área distante do terminal de passageiros.
A Polícia Federal foi acionada para fazer uma varredura no avião e identificar a interferência ilícita, como identificado pelo código de segurança. O Vrum conversou com agentes da Polícia Federal do Amazonas, mas eles foram orientados a não comentar o assunto, embora tenham afirmado que o Boeing foi liberado para seguir viagem até Miami após ser reabastecido.
Sem dar detalhes, a companhia aérea American Airlines confirmou o pouso não programado e disse que ele ocorreu por questões de segurança.
O Ministério da Defesa não soube informar o que levou o código ser acionado por engano, se foi falha do sistema do avião ou se foi um equívoco da tripulação técnica. O Boeing pousou normalmente em Miami às 06h32 no horário local. Cury disse que a postura das autoridades brasileiras em determinar que um caça da FAB acompanhasse o Boeing de passageiros foi corretíssima, ainda mais por se tratar de uma empresa aérea americana, que reforçou os cuidados com a segurança após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Engano que virou tragédia
Em 1983, a interceptação de um caça soviético a um Boeing 747 da Korean Air acabou em tragédia. O jumbo com 269 pessoas decolou de Nova York para Seul e fez uma escala técnica em Anchorage, no estado do Alasca. A União Soviética desconfiou que o 747 fosse um avião espião por ele ter entrado em seu espaço aéreo sem autorização e ordenou que o Boeing fosse abatido. O avião caiu em espiral sobre o mar do Japão e não houve sobreviventes.