Nos últimos grandes salões do automóvel - por exemplo, Frankfurt, em setembro; e Detroit, esta semana -, a grande tônica foi o problema das emissões de CO2, que seria uma das principais causas do aquecimento global. As montadoras apresentaram modelos de produção e conceitos que, lançando mão de várias tecnologias (motores menores, turbo, híbridos, etanol, pneus com menor resistência ao rolamento, entre outros), reduzem as emissões de dióxido de carbono. Na Europa, as fábricas trabalham para atender os objetivos dos governos que integram a União Européia (UE). A Comissão Européia, órgão executivo da UE, fixou a meta de 120 gramas de CO2 por quilômetro, em média, para os carros novos vendidos na Europa, em 2012, contra 160 gramas atualmente.
A questão das emissões de CO2 deixa um pouco de lado o problema ambiental e ganha uma forte conotação política na Europa quando se analisam as características de cada fabricante de automóvel, ou melhor, de cada marca e sua nacionalidade. Como a meta de 120 gramas é apenas uma média, o debate coloca frente a frente os países produtores de automóveis pequenos, menos poluentes, como França, Itália, Espanha e Romênia, apoiados por aqueles sem produção industrial, como Holanda, com os produtores de grandes veículos (incluindo os 4x4), como Alemanha e Suécia. De acordo com um estudo da ONG Transporte e Meio Ambiente, os automóveis da PSA (Citroën e Peugeot), Renault e Fiat emitiram 144 gramas em 2006, contra 173 gramas dos veículos da BMW, Volkswagen e DaimlerChrysler.
Embora o automóvel venha sendo colocado na berlinda como um dos principais vilões na questão do aumento da temperatura global, em artigos e polêmicas que ganharam as páginas dos jornais e revistas do mundo inteiro, alguns cientistas discordam completamente e atacam o problema na raiz. Na opinião do doutor em física pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology, dos EUA) e ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) José Carlos Azevedo, "não há comprovação científica de que o CO2 seja responsável pelo aumento da temperatura da Terra". Ele critica de forma veemente o tom alarmista do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, da sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê verdadeiras catástrofes caso não seja feito algo para conter as emissões de CO2 pelo homem.
O senhor publicou recentemente dois artigos sobre aquecimento global, nos quais afirma que não existem indicadores de que o problema seja causado por ações do homem, como desmatamento, altas taxas de emissões de CO2 pelos automóveis, etc. Por que essa convicção?
Não há comprovação de que o CO² seja o responsável pelo aumento da temperatura da Terra, mas não faltam provas do contrário. A concentração desse gás no período cretáceo (entre 140 milhões e 4 milhões de anos atrás) era de 1.300 ppm/v (partes por milhão em volume) e hoje, com toda a confusão do IPCC, é feita pelos 383 ppm/v, observados hoje. E esse gás compõe a atmosfera com apenas 0,036%. Além disso, está comprovado que a elevação da temperatura aumenta a emissão desse gás, e não o oposto, como diz o IPCC. O clima na Terra sempre sofreu transformações profundas e alternou períodos de aquecimento e resfriamento, antes e depois da era industrial. Não há como atribuir o que ocorreu antes dessa era à poluição promovida pelo homem. Além disso, o CO² não é poluente; sem ele, não podem existir o reino vegetal nem o mundo animal.
E o derretimento das calotas polares...
Estudos da camada de gelo na Antártica (W. Dansgaard e H.Oeschger) comprovam que várias mudanças ocorreram ao longo dos últimos 400 mil anos, a cada 1,5 mil anos. Em tempos mais recentes, houve um período de resfriamento entre os anos 600 a.C. e 200 a.C.; um de aquecimento, entre os anos 200 a.C. e 600 d.C.; outro, entre os anos 1300 d.C. e 1850 d.C.; e um forte resfriamento, entre 1300 e 1850, conhecido como "pequena idade do gelo". Há 110 mil anos, começou a glaciação, que durou 400 anos e cobriu de gelo o Hemisfério Norte. Há 30 mil anos, começou a última era glacial, que durou até o ano 11.500. A história do clima na Terra, registrada por métodos científicos diversos, é extensa e descabe aqui dar mais detalhes. Sobre essas ocorrências, o IPCC nada disse.
O problema é tão sério quanto se fala, ou há exagero? Ou há mais dúvidas do que respostas? Quais seriam as conseqüências mais imediatas?
O problema é sério porque ainda não são conhecidos, com precisão científica, os mecanismos de mudanças do clima na Terra. Há hipóteses fundamentadas com correlações elevadíssimas, em relação ao mundo real, e não ao que dizem os computadores. Não existe ainda a teoria física da mudança do clima na Terra, como há, por exemplo, a da termodinâmica, da mecânica relativista, da quântica e assim por diante. E há muito exagero porque, no século passado, a temperatura aumentou menos de 0,5°C. O clima na Terra mudou no passado, continua a mudar, mudará no futuro e não há como o homem alterar esse ritmo.
Se o aquecimento global é assunto tão antigo, por que somente nos últimos cinco anos o problema ganhou destaque na imprensa mundial?
Porque há interesses políticos e econômicos envolvidos que, atendidos, desacelerarão a economia mundial, beneficiarão uns poucos e gerarão enorme desemprego em escala mundial. Por exemplo: o Al Gore tem interesses políticos e, segundo Richard Lindzen, do MIT, ele é fundador da Global Investment Management, que investe em energia solar e eólica. Ele pertence também ao Board da Lehman Brothers, que é o principal broker no mercado de concessões de créditos de carbono. Seu filme rendeu US$ 50 milhões, apesar de estar repleto de sandices, e Gore fatura mais de US$ 100 mil por palestra. Há o IPCC, que já gastou US$ 50 bilhões e não produziu um só fato científico novo e ameaça os que não aceitam suas "conclusões", que, diz ele, são fruto do "consenso científico" dos seus 2.500 "cientistas". Seu presidente, Ivo de Boer, por exemplo, afirmou que "é criminalmente irresponsável não atuar imediatamente para reduzir o risco futuro representado pelas mudanças climáticas". Ocorre, entretanto, que a ciência não é feita como concurso de "miss" ou de "garoto propaganda", nem é eleição, em que a "maioria" decide. A ciência deve seu imenso sucesso justamente ao dissenso. Foi assim com Aristarco de Samos, Galileu, Copérnico, Einstein, Planck, Boltzmann, Bohr e outros. O IPCC, como seu próprio nome diz, é órgão governamental e suas decisões são políticas e não científicas.
Por que algumas pessoas, que se dizem especialistas na questão ambiental, afirmam que o uso de combustíveis fósseis, que emitem CO2, seria a principal causa do aumento da temperatura global, e outros defendem que o desmatamento é que é o grande vilão? As ações do homem não teriam influência nenhuma ou essa influência seria tão pequena que não pode ser considerada?
Não vejo como considerar "especialista" quem diz que o "aquecimento global" se deve aos combustíveis fósseis e não apresenta uma só prova cabal e definitiva de que isso seja verdade. Falam apenas de "mecanismos e projeções" e suas conclusões estão repletas de erros. Por que não explicam as variações de sua concentração antes da era industrial? O IPCC nada explica e diz o seguinte: a temperatura da Terra está aumentando - coisa que os índios bororós e macuxís sabem há muito tempo - mas não dizem por que isso ocorre; e que os modelos de computador provam que o mundo vai ferver em fornalha se não diminuírem a emissão de CO² em tantos porcento. Se isso prejudica os pobres e desacelera o desenvolvimento, pouco lhes importa.
Por que as previsões do IPCC estão equivocadas?
Os modelos do IPCC têm deficiências matemáticas e, mesmo que não as tivessem, seus prognósticos climáticos valem pouco, pois seus dados são questionáveis, incertos e de pouca precisão; por isso, também, suas 'projeções' valem tanto quanto as feitas com um baralho de tarô ou conchas de búzios. O clima na Terra muda há centenas de milhões de anos devido a alterações nas manchas solares; a variações na temperatura do Sol; aos ciclos de precessão, de alteração da excentricidade e da inclinação do eixo de rotação da Terra; à radiação gama, ao fluxo de neutrinos e de partículas vindas do espaço; à explosão de supernovas; às correntes oceânicas, às nuvens, ao vulcanismo... O IPCC, por ele próprio, nada acrescentou à compreensão científica dos fenômenos climáticos, por ser um órgão intergovernamental, político e não científico.
As proposições do IPCC também são absurdas?
Suponha que todos os governos da Terra cumpram o que quer o IPCC: cortem a emissão de CO², e a sua concentração continue a crescer. Como ficará a humanidade? O IPCC se preocupa com combustíveis fósseis, mas, enquanto não for compreendida com clareza a influência do mundo vegetal no clima na Terra, a questão ficará em aberto, pois são as plantas que mais extraem o dióxido de carbono do ar e liberam oxigênio. Sobre isso, o IPCC também se cala. Os US$ 50 bilhões gastos até agora (há quem cite número maior) fariam melhor se tivessem sido gastos para combater novos casos de Aids (US$ 27 bilhões); reduzir a anemia de mulheres e crianças provocada pela deficiência de ferro (US $12 bilhões); controlar a malária, que aflige anualmente 300 milhões de pessoas e mata 2,7 milhões; em pesquisas em agricultura, para aumentar a produtividade dos solos e diminuir o desmatamento (dados do Consenso de Copenhague, promovido pelo governo da Dinamarca e coordenado por Bjorn Lomborg, autor do livro The Skeptical Environmentalist), e para amenizar pobreza e o sofrimento de idosos e crianças.
Como resolver então o problema da concentração de CO2?
É fácil diminuir a concentração de CO² na atmosfera sem quebrar a economia mundial, pois há procedimentos corretos e não custosos: plantar árvores em quantidade. A fertilização com menos de um milímetro de profundidade, em cerca de metade da parte superior do solo da Terra, leva à absorção de todo o CO² gerado pelo homem (Schlesinger e Dyson).