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Enquete - Farol alto e fora de hora

Pesquisa com internautas e motoristas da capital mostra que uso inadequado do farol é o que mais incomoda, quando o assunto é iluminação. Luzes de xênon são antipatizadas

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O que mais o incomoda no trânsito, quando se trata de iluminação do veículo? O caderno Vrum foi às ruas, em quatro pontos de Belo Horizonte, e fez essa pergunta a 100 motoristas de automóveis, motocicletas e ônibus, que também foram questionados quanto à regulação frequente do facho dos faróis de seus veículos. Durante três dias, internautas do portal Vrum e visitantes do Blog do Boris também puderam responder à essa pergunta, escolhendo, entre cinco procedimentos indevidos relacionados aos faróis, o que mais atrapalha. Nas três enquetes, ficou em primeiro lugar o uso do farol alto sem necessidade, dentro da cidade ou nas estradas, ofuscando a visão do motorista que trafega à frente ou em sentido contrário. Mas a grande antipatia em relação aos faróis de xênon, legalizados ou não, ou àqueles que os imitam, também chama a atenção.

“O que me incomoda é o farol alto, sem necessidade e, principalmente, esse moderninho aí, de xênon. Em uma rodovia, topar de frente com um farol desses é complicado”, afirma o gerente de restaurante Rosimar Mendes. Dessa opinião, comunga o advogado Carlos Alberto Ferreira: “O uso indevido do farol alto incomoda. E esse tal de xênon ofusca a visão da gente”. Assunto que o também advogado Fernando Ferreira reforça: “Antigamente o farol de xênon incomodava bastante, sendo o regular, de fábrica, ou não. Agora (a instalação do farol de xênon como acessório foi proibida mês passado) parece que diminuiu um pouco”.

Mas enquanto o advogado respondia à reportagem, em um posto de gasolina na Região Leste, já era noite e chegava para abastecer um Ford EcoSport com a capacidade de cegar quem o encarasse: além dos dois faróis dianteiros, com xênon, os auxiliares, de neblina, também com lâmpadas de gás xenônio, estavam acesos. Questionada, a motorista P.A. disse preferir trafegar com os faróis de neblina ligados, acreditando que talvez incomodem outros motoristas somente pelo fato de o carro ser alto. “Eu tenho xênon em cima e embaixo. Qualquer um que eu ligar, as pessoas vão reclamar”, retruca, com ambos acesos, enquanto pergunta à repórter se vai multá-la...

DESREGULADOS O uso inadequado dos faróis ou das lanternas de neblina foi lembrado apenas por um motorista nas ruas e foi o último quesito votado no portal Vrum, mas foi eleito o segundo fator que mais incomoda pelos internautas que visitaram o Blog do Boris (24%) ao lado dos faróis desregulados (também 24%). “O farol alto e esses azuis incomodam. Até hoje não sei se isso é legal, mas a gente fica prejudicado por causa desses faróis. Mas, além disso, tem muito motorista novo que parece que não sabe regular farol. Eu tinha um carro com faróis que desregulavam com frequência e eu logo mandava para a concessionária”, afirma o técnico industrial Pedro Varela. “Vejo muito farol desregulado. Incomoda, sim”, completa o taxista Dener Lopes.

E realmente existe muito motorista que nem sequer sabe da necessidade de regular os faróis do carro. Dos 100 motoristas abordados, 38 assumiram nunca ter feito ou mandado fazer a regulagem dos faróis; 44 disseram ter o hábito de mandar regular, a maioria durante as revisões periódicas; e 18 afirmaram ter regulado uma única vez ou somente quando percebem algo errado. Alguns confessaram sequer saber da possibilidade de fazer a regulagem (prevista no manual do proprietário).

RESULTADOS

Na internet, havia cinco opções de voto: farol alto sem necessidade; lâmpadas que imitam os faróis de xênon; faróis ou lanternas de neblina acesos fora de hora (sem neblina); faróis desregulados; faróis apagados à noite. No portal Vrum, o farol alto ficou com 39% dos votos; seguido das lâmpadas que imitam os faróis de xênon (18%); dos faróis desregulados (17%); e dos faróis apagados à noite (15%). Os faróis e/ou lanternas de neblina acesos sem necessidade tiveram apenas 7% dos votos. No Blog do Boris, o resultado foi um pouco diferente: 27,27% indicaram o farol alto; 24,24%, os faróis e/ou lanternas de neblina empatados com os faróis desregulados; 18,18%, as lâmpadas azuladas; e 6,06%, os faróis apagados.

Já nas ruas, a pergunta foi livre, deixando que o entrevistado respondesse o que lhe viesse à mente: 53% falaram do farol alto e 35% dos faróis de xênon, regularizados ou não, incluindo as imitações. No entanto, grande parte dos que apontaram um desses fatores em primeiro lugar (o que foi considerado para o resultado) também ressaltou o segundo fator. Seis motoristas apontaram como fator principal os faróis desregulados e apenas um citou o uso dos faróis de neblina sem necessidade. Os faróis apagados também foram apontados como problema mais crítico por apenas um motorista, mas foram lembrados como segunda opção por vários outros. Quatro entrevistados não souberam apontar nada que os incomodasse em relação aos faróis.

 

O povo fala
O que mais o incomoda no uso dos faróis?

 

"O farol alto à noite. Você está numa boa e até se irrita quando bate o farol. Está havendo um abuso. Quanto à regulagem, peço para olhar todo mês, quando verifico o nível do óleo"

Eliana Esteves de Assis, Gerente comercial

"Às vezes a pessoa não está vendo e joga o farol alto na sua cara. Isso prejudica mesmo. E em muitas situações você pisca e o cara não abaixa o farol"

Lucas Rocha, músico

"O motorista está com o farol alto e dependendo da posição ofusca. Esse xênon também incomoda"

Rodrigode Pádua, eletricista de manutenção

"Vejo com frequência o farol alto usado indevidamente. Quanto à regulagem, eu não tenho o hábito, mas quando vejo que está diferente, que há algo errado, mando olhar"

Cristina Antunes, consultora imobiliária

"O que mais me incomoda é a impaciência das pessoas piscando o farol para forçar uma ultrapassagem. E outra coisa que já observei é que, dependendo do carro, como o Fiat Palio, o farol baixo é muito alto"

Silvia Fernanda Diniz Araújo, engenheira civil

"Vejo abuso do farol alto, principalmente dentro dos bairros. Eu regulo meus faróis de seis em seis meses, quando olho toda a parte elétrica"

Célio de Oliveira Freixo, frentista