O sonho do engenheiro mecânico Luiz Humberto Câmara Melo era construir um carro. A condição de concretizar este sonho veio por volta de 2006, porém ela chegou com um novo (e agradável!) problema: que modelo construir? Surgiram várias ideias. Ao se deparar com uma reportagem da clássica F40, o mítico modelo saído de Maranello (a “casa” italiana da Ferrari), Luiz Humberto encontrou sua resposta. Coincidência do destino, o engenheiro nasceu em 21 de julho de 1958, mesma data de lançamento do bólido em 1987.
Carro escolhido, o engenheiro (agora construtor de carro) começou a estudar seus detalhes. O chassi foi criado a partir do modelo e das medidas de uma miniatura fiel à original na escala 18:1. As mangas de eixo dianteiras e traseiras foram copiadas por um projetista de suspensão da Stock Car e executadas por um torneiro. O sistema de direção foi “doado” por um VW Polo e os freios vieram de uma picape Hilux.
MOTOR Como não existem motores originais da F40 (um V8 2.9 biturbo, que gera 477cv e está localizado na posição central) “dando sopa” por aí, e, mesmo se houvesse, seu preço seria para lá de salgado, Luiz usou o “coração” de um Mustang. A potência do propulsor da Ford é de 304cv (nada mal!). O câmbio é do Gol GTI, que, segundo o engenheiro, suporta ainda mais “cavalaria” que isso.
CARROCERIA E a carroceria? Bom, em sua pesquisa, Luiz descobriu que existia apenas uma F40 na América do Sul, trazida pela Fiat para mostrá-la no Salão do Automóvel de São Paulo de 1990. O modelo esteve no encontro de antigos de Araxá em 2008, quando o engenheiro fez várias fotos que ajudaram no projeto. Luiz conheceu uma pessoa que tinha um molde tirado de um modelo original. Nas palavras do construtor, as peças em fibra de vidro ficaram muito malfeitas. Porém, como ele já tinha experiência em trabalhar com esse material, todas as peças foram retrabalhadas até ficarem boas.
Toda a preparação para a pintura, assim como o primer, foi realizada pelo engenheiro, em sua garagem. A pintura foi feita em uma oficina especializada. A herança deixada pela empreitada foi uma oficina mecânica e de pintura completa na garagem do engenheiro. Faróis, lanternas e piscas foram feitos em acrílico. O levantamento dos faróis escamoteáveis é feito por motores de limpador de para-brisa. Os emblemas da Ferrari foram comprados de um fabricante brasileiro. Já os da Pininfarina foram feitos por Luiz em alumínio e depois cromados e revestidos em resina.
INTERIOR O interior também foi um desafio. A chapa de fixação do painel de instrumentos original, assim como os difusores do ar-condicionado, foi comprada na internet. A partir daí, Luiz começou a analisar quais instrumentos poderiam caber naqueles espaços e se o desenho ficaria semelhante ao original. Foram usados os mostradores da Alfa Romeo, depois de devidamente personalizados com o símbolo da Ferrari. Os bancos foram confeccionados em fibra de vidro e revestidos com espuma e couro ecológico na cor vermelha. Como o modelo original é (relativamente!) espartano, até mesmo a abertura interna das portas (feita por meio de uma cordinha) foi copiada. Como os monopostos de corrida, o volante pode ser retirado do veículo.
O RONCO Com as mesma medidas originais, 17” x 8” na dianteira e 17” x 13” na traseira, as rodas foram feitas por uma empresa que fabrica para a Stock Car. Cada uma leva 25 parafusos Torks de 6mm como enfeite. Para calçá-las, pneus originais Michelin. Apesar de não ser idêntico ao da F40, ainda que o escapamento seja original, o ronco da réplica é alto. Seu proprietário é todo elogios quanto ao desempenho e estabilidade. Ele conta que não há como ser discreto dentro deste bólido vermelho. O projeto não ficou nada barato, mas ainda não se compara ao preço de uma original. Apesar de ser um processo demorado, o veículo está devidamente licenciado e emplacado.