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Da sua garagem para as pistas

Trofeo Linea leva às pistas de corrida o mesmo carro de rua. Confira o que a Fiat fez para adaptar seu modelo top para as competições

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Você já parou para associar seu carro com um de corrida? Certamente essa comparação não faz muito sentido, exceto para os proprietários do Fiat Linea T-Jet. O carro que foi lançado em 2008 - para a alegria dos fãs orfãos do Tempra Turbo e do Marea Turbo -, ganhou um exclusivo motor 1.4 Turbo com 152 cv de potência, sem abrir mão do luxo e do ótimo acabamento existente no Linea Absolute. Com esse carro, a Fiat lançou uma nova atração no automobilismo brasileiro, o Trofeo Linea.

Em 2008, o jornalista Emílio Camanzi testou o Linea T-Jet para o programa Vrum, veja:



Antigamente, a publicidade da Alfa Roemo já explorava a façanha de seus modelos em competições para promover os carros vendidos ao público "comum". A Fiat também trabalhou muito bem com essa ideia na década de 1990 com a Fórmula Uno. "O Brasil tinha espaço para uma categoria de turismo, então escalamos o Linea para representar a categoria e temos grandes nomes do automobilismo mundial", explica Carlos Henrique Ferreira, engenheiro e assessor técnico da Fiat, se referindo aos pilotos do Trofeo Linea, como Cacá Bueno, Giuliano Losacco, Christian Fittipaldi, entre outros.

O Fiat Linea T-Jet não serviu apenas de base para os carros de competição do Trofeo Linea, eles são os mesmos carros. Obviamente não basta tirá-lo da concessionária e seguir para uma pista de competição, existe um ritual que os veículos passam para que sejam homologados para as corridas.

Veja a galeria de fotos completa do Fiat Linea de competição!

Como tudo começa
A Fiat envia o Linea T-Jet para a empresa MetalMouro, em Porto Alegre, onde os carros são preparados. Lá, o motor 1.4 16V turbo, importado da Itália, ganha um novo turbocompressor, com 1,3 bar de pressão, substituindo a turbina original do Linea vendido nas concessionárias. Injeção, admissão e escape, são retrabalhados e o Linea de competição é preparado para rodar apenas com etanol.

O motor é exatamente o mesmo, mas ele foi encorpado para saltar de 152 cv para os 215 cv de potência. Nada mal para um veículo de apenas 1.050 kg, 325 kg a menos que o Linea T-Jet de rua. O câmbio é sequencial , feito pela francesa Sadeve, com embreagem acionada apenas para as partidas e nas paradas, para que o motor não desligue, bem diferente do câmbio mecânico adotado pela Fiat para equipar o T-Jet tradicional. Para conter a fúria do poderoso motor, o sistema de freio tem que ser igualmente eficaz. Eles são a disco ventilados na dianteira e sólidos na traseira, as pinças são da reconhecida marca italiana Brembo. Para o disco, existe um tipo de termómetro acoplado ao conjunto que mede a temperatura e o desgaste. Enquanto o T-Jet que vimos nas ruas possuem rodas aro 17, as versões de corrida são de 16 polegadas e com pneus mais largos (235/65).

A carroceria é a mesma. Por fora, a tampa traseira e o capô do motor são de fibra de vidro e no lugar dos vidros laterais e traseiro, há o policarbonato. Aquele acabamento de luxo do Linea com revestimentos de couro nos bancos não existe mais, até porque o os carros do Trofeo Linea recebem apenas dois bancos dianteiros em formato concha. Painel com os comandos do ar condicionado digital, sistema de som interativo também é retirado e a parte interna é estruturada com tubulações que formam a gaiola (célula de sobrevivência) que protege o piloto em eventuais capotamentos e colisões. Para dar mais segurança, o cinto de segurança é de cinco pontos, mas não há airbags e nem freios ABS.



Pilotando
Digamos que a posição para o piloto é cômoda, mas não confortável. Aliás, conforto no Linea de competição passa bem longe. Como o propósito não é esse, o sistema de ar condicionado também é retirado para diminuir o peso. A solução para o piloto confinado são dois dutos de ventilação abertos na coluna A, que lembra o bom e extinto quebra-vento, comum nos carros mais antigos. A direção hidráulica que te ajuda a manobrar o Linea em estacionamentos também ajuda o piloto no Trofeo Linea.

A brutalidade do Linea de competição é sentida logo ao entrar no carro. Contorcionismos são necessários para embarcar. O volante, que é móvel, como os carros de Fórmula 1 e Stock Car, entra no "cockpit" nas mãos do piloto. Aquele painel bonito do Linea de rua, deu lugar a um simples e eficiente painel digital. A partida é dada em interruptor. O barulho é de anestesiar qualquer um que esteja perto, mas empolga os amantes do automobilismo. Solavancos são comuns em um carro com números tão expressivos de potência. Até quem está de fora consegue sentir o engate do câmbio antes da partida. Isso porque o carro dá um tranco ao ter a transmissão engatada. Soltando de leve a embreagem, o T-Jet de corrida salta como um cabrito desembestado. Daí pra frente é só alegria e adrenalina de guiar um carro de corrida.

Depois, ao entrar em um Fiat Linea T-Jet de rua, é impressionante pensar que o mosntruoso carro de corrida saiu dele. Privilégio único para os proprietários do Linea T-Jet, que têm na garagem um carro extremamente confortável e com uma alma esportiva de profissional, capaz de fazer inveja em qualquer sedã.

Preços
Enquanto o Linea T-Jet é vendido nas concessionárias por R$ 71.290, a versão de corrida é passado às equipes por R$ 155 mil.

O jornalista Rodrigo Gini, editor do site Super Esportes e piloto profissional de rali, foi para as pistas com o Linea de competição e conta a experiência. Clique aqui e confira!.

Todo o acabamento de luxo do Linea T-Jet dá lugar aos bancos tipo concha e tubulações de aço no Linea de competição