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Crescimento de montadoras pequenas justifica o medo das grandes marcas

Marcas que começaram tímidas no Brasil avançam no ranking de participação de mercado, ameaçando as grandes, que já sentem resultados no movimento dentro das concessionárias, mas aumento do IPI para os importados de empresas sem representação fabril no paí

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Desde a abertura do mercado aos veículos importados, em 1990, que as quatro grandes montadoras com fábrica no Brasil – Fiat, Ford, GM e VW – tiveram que levantar de seus berços esplêndidos para fazer frente à concorrência que chegava. Tantas outras fabricantes de veículos se estabeleceram, construíram aqui suas linhas de montagem e pouco a pouco foram avançando no ranking de participação de mercado, mas sempre em busca somente da quinta posição, e um novo padrão se sucedeu, dando origem a outro tipo de acomodação. Com o desenvolvimento da economia, no entanto, novas marcas abriram os olhos para o mercado brasileiro. Foram chegando devagar, abocanhando um ou outro espaço no gosto do consumidor, e o resultado, agora, tem cara de ameaça: mais uma vez as grandes (e veteranas) fabricantes veem sua participação diminuir, enquanto os estoques aumentam. E a culpa não está somente na contenção de crédito. Há outras tantas marcas que já garantem sua presença, e viraram peça importante na divisão do bolo.

Embora essa 'ameaça' possa estar com os dias contados depois que o Governo anunciou a nova alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), marcas coreanas e chinesas trouxeram dor de cabeça às montadoras mais tradicionais, já consolidadas no Brasil. Não é à toa que virou lugar-comum a preocupação com a importação de veículos. Não é a balança comercial que preocupa os grandes fabricantes, mas o avanço de certas marcas no mercado brasileiro. Esta semana, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), da qual só participam as marcas que não têm fábrica no Brasil, revelou alta de 11,3% em agosto nos emplacamentos de seus associados, em relação ao mês de julho, o que significou um aumento também na participação de mercado: de 6,37% para 6,64%. Mas, se os números forem comparados a agosto do ano passado, o aumento nas vendas foi de nada menos que 104,1%. Percentual que sobe para 112,4% se confrontados os dois períodos de janeiro a agosto. 

Dona da maior fatia que puxou a alta dos importados, a Kia teve 33,4% de responsabilidade nos 20.420 emplacamentos da Abeiva em agosto, no Brasil; seguida da Chery, com 16%, e da JAC Motors, com 15,6%. A Hyundai não aparece por não ser filiada à Abeiva, pois já tem fábrica no Brasil. A Kia é uma das marcas enquadradas no perfil de novo IPI para os importados.
 
RANKING TOTAL E a tendência não é diferente do confirmado pelos dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que englobam todos os modelos emplacados no país. Desde janeiro, a Kia, que tinha 1,99% de participação no mercado como um todo (considerando-se a soma de automóveis e comerciais leves), foi crescendo mês a mês até abril, quando chegou a 2,82%. No decorrer do ano recuou um pouco e terminou agosto com 2,21%. No acumulado do ano, mantém o 11º lugar, com 2,41% de participação de mercado, à frente de marcas como Nissan e Mitsubishi.

Já a Hyundai vem se consolidando no sexto lugar – atrás apenas da Renault, após as quatro veteranas –, com 3,31% de participação no acumulado do ano. O crescimento da marca é expressivo, principalmente se analisados os últimos cinco anos: no fechamento de 2006, não figurava no quadro de emplacamentos por marca da Fenabrave (automóveis mais comerciais leves); em 2007, já aparece em 11º, com 0,81% de participação de mercado; em 2008, subiu uma posição (1,64% de participação); em 2009, foi para o oitavo lugar (3,37%); e em 2010 para o sétimo (3,18%).

A Chery aparece timidamente no ranking da Fenabrave em 2009, com apenas 0,09% de participação e um 17º lugar. Em 2010, a marca manteve a posição, mas conseguiu elevar sua participação nos emplacamentos para 0,21%. E no acumulado de 2011 está em 15º, com 0,57%. A marca já foi superada pela JAC Motors que chegou no país em março deste ano e merece total atenção. Começou no 20º lugar, com 0,16% e chegou em agosto, em 15º, com 1,04% dos emplacamentos. No acumulado do ano tem uma posição a mais (14º), mas a participação é de 0,65%. Nessa briga de chinesas, merece ser observada, ainda, a Hafei, que vem ganhando destaque entre os comerciais leves, desde o ano passado, o que lhe rende, um 16º lugar no ranking geral, atualmente com 0,52% de participação.
 
ALGUÉM TEM QUE CAIR Mediante a entrada de tantas marcas novas, é natural a queda de participação daquelas que até então dominavam o mercado. Pode até ser que, com a explosão de vendas que dominou este mercado desde o aquecimento da economia, no governo Lula, a indústria, diante dos números absolutos crescentes, não tenha dado a devida importância à redução nos percentuais de participação de mercado. Fato é que, desde 2006 (veja a lista), sua representação no número de emplacamentos vem caindo. Luz vermelha que só agora acende frente à queda de movimento nas revendas e aumento dos estoques.
 
Concorrência saudável
Para o consumidor, os efeitos começam a ser sentidos com a redução de preços –os veículos chineses chegaram com a promessa de excelente custo/benefício –e incremento de equipamentos de série em modelos mais básicos, fazendo com que os concorrentes tivessem que investir nos descontos para não perder venda. A Ford, por exemplo, tratou logo de equipar seus Fiesta e Fiesta Sedan 1.6, com airgab duplo e freios ABS, pelo mesmo preço dos chineses JAC J3 e Turin (R$ 37.900 e R$ 39.900). Outro benefício é a corrida pela atualização das linhas de produtos com incremento de tecnologia e design moderno para fazer frente aos que chegam com novidades.

 

As vantagens em optar por um importado ao invés de um carro nacional, foi tema de uma reportagem de Ana Cristina Pimenta para o Vrum, em dezembro de 2010

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ENQUANTO AS GRANDES CAEM...

Fiat
Ano Participação Classificação
2006 25,40% 1º
2007 25,94% 1º
2008 24,62% 1º
2009 23,76% 1º
2010 22,84% 1º
2011* 22,44% 1º
 
VW
Ano Participação Classificação
2006 22,37% 2º (empate)
2007 22,97% 2º
2008 21,91% 2º
2009 20,76% 2º
2010 20,95% 2º
2011* 20,66% 2º
 
GM
Ano Participação Classificação
2006 22,37% 2º (empate)
2007 21,29% 3º
2008 20,54% 3º
2009 19,33% 3º
2010 19,75% 3º
2011* 18,39% 3º
 
Ford
Ano Participação Classificação
2006 11,25% 4º
2007 10,55% 4º
2008 9,74% 4º
2009 10,38% 4º
2010 10,10% 4º
2011* 9,42% 4º
 
Quinto lugar
Ano Participação Marca
2006 3,80% Toyota 
2007 3,66% Honda
2008 4,40% Honda
2009 4,19% Toyota
2010 4,82% Renault
2011* 5,12% Renault
 
Sexto lugar
Ano Participação Marca
2006 3,67% Honda 
2007 3,36% Peugeot
2008 4,31% Renault
2009 4,06% Renault
2010 3,80% Honda
2011* 3,31% Hyundai
 

Obs.: Ranking de participação de mercado com a soma dos emplacamentos de automóveis e comerciais leves.

 

*Acumulado até agosto.

Fonte: Fenabrave.