
A tecnologia não é nova, pois surgiu no Mini 1275 GT, em 1947. Mas de qualquer forma ela vem sendo aperfeiçoada sob as mais diversas alegações: aumentar o espaço no porta-malas, melhorar a segurança dos ocupantes do veículo ao evitar a troca de um pneu, que pode furar em um local inseguro; possibilitar um melhor controle do veículo ao motorista em caso de perda de pressão, facilitar o trabalho dos designers ao traçar as linhas da traseira, entre outros. Mas esse tipo de pneu traz algumas vantagens que acabam virando problema no Brasil devido à falta de infraestrutura, à dificuldade de reparo e de encontrar o produto para reposição, além, é claro, do preço, já que em alguns casos ele custa quase 60% a mais do que um pneu normal.
O uso de pneus que podem continuar rodando mesmo depois de furados  está se tornando uma tendência na Europa. E como temos muitos modelos  importados de lá, essa onda chegou ao Brasil há alguns anos e agora  começa a ganhar  espaço no país. Marcas como a BMW, a Mini e a Mercedes-Benz já usam run  flat em vários modelos. Mas se essa aposentadoria forçada do estepe vem  dando certo no Velho Mundo, por aqui ela está gerando muitas  reclamações. Conheça um pouco mais dessa tecnologia e os problemas que  ela vem causando no Brasil.
O QUE É? Trata-se  de um pneu com costados mais fortes, por meio da colocação de reforços  nas laterais, que possibilitam suportar a carga do veículo mesmo sem  pressão. Os run flat são feitos com compostos especiais, capazes de  manter a baixa temperatura enquanto eles rodam furados, pois um dos  grandes problemas dos pneus que rodam murchos é o superaquecimento. Cada  marca tem a sua forma de identificar externamente o produto. Por  exemplo, a Pirelli usa a sigla RF. Outras usam RSC e RFT.
RODANDO FURADO A  maioria dos fabricantes de run flat recomenda que o motorista não rode  mais do que 80 quilômetros com o pneu furado e não ultrapasse a  velocidade de 80km/h.
DURABILIDADE  Os fabricantes juram de pés juntos que esses pneus têm a mesma  durabilidade que um normal, com a mesma medida, caso não precisem rodar  murchos. Mas muitos proprietários de veículos com run flat reclamam que a  durabilidade é bem menor. 
	
NÃO ENCONTRADO  Outro problema que aflige os donos de veículos equipados com run flat é  a falta do produto no mercado. Fizemos uma breve pesquisa em BH  (incluindo várias marcas e lojas) e descobrimos que a maioria não tem  esse tipo de pneu para pronta entrega. Usamos uma medida que não é de um  modelo tão raro assim: um BMW Série 1. Algumas revendas pediram até uma  semana para entregar a encomenda. 
REPARO As principais marcas de pneus não recomendam o reparo e, quando o fazem, colocam algumas restrições. O gerente de Marketing  e Produto da Michelin para a América do Sul, Flávio Santana, explica  que o conserto pode ser feito uma única vez e desde que o furo tenha até  6mm de diâmetro e seja na banda de rodagem. Não pode ser no flanco. Os  fabricantes alertam também que o reparo deve ser feito nas revendas (da  empresa que produz o pneu), concessionárias (da marca do veículo) ou  oficinas especializadas, já que é necessário um equipamento especial  para montagem e desmontagem. Já pensou você com um pneu furado na  estrada, num domingo à tarde, a 300 quilômetros de uma grande cidade e  somente a borracharia da esquina aberta… 
QUEM PODE?  Como o run flat não exige um tipo de roda especial, muita gente acha  que pode usá-lo. Mas os engenheiros fazem um importante alerta: para  usar esse tipo de pneu, o veículo deve ser equipado com sistema de  controle de pressão de pneus ou outro dispositivo que possa medir a  diferença de rotação das rodas para identificar um possível furo. E isso  é fundamental, pois se o motorista não detectar essa perda de pressão e  rodar com o veículo em alta velocidade pode sofrer um grave acidente.  Outro problema é a redução do nível de conforto, já que a suspensão tem  que ser preparada para o uso desse tipo de pneu.
LEGISLAÇÃO  O desconhecimento de alguns agentes de trânsito pode provocar alguma  confusão devido à falta do estepe, macaco e chave de roda. Mas o uso  desse pneu é respaldado pela Resolução 14/98 do Contran (a alínea a do  inciso V, artigo 2º da resolução esclarece que veículos com pneus que  trafegam sem ar são dispensados de ter os três itens exigidos), que é  complementada pela Resolução 259/2007, do mesmo Contran. 
PREÇO Os  fabricantes dizem que um run flat é cerca de 20% a 30% mais caro que um  pneu de mesma medida e características. Mas em nossa pesquisa  encontramos diferenças um pouco maiores. No caso do Continental 205/50  R17, o run flat custa R$ 865, enquanto o “normal” tem preço de R$ 499. 
	