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Crendices e soluções práticas

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O automóvel evoluiu muito nas últimas décadas e sua modernização torna cada vez mais inviável aquela manutenção corriqueira de alguns itens que, no passado, era feita por qualquer leigo na garagem de casa. Atualmente, mal se vê o motor, que no geral é encoberto por uma resistente capa de plástico. Só falta nela o aviso: “É para não mexer mesmo!”. Sem falar na eletrônica, que faz com que os mecânicos de fim de semana fiquem com mãos e pés atados, eliminando qualquer possibilidade de tentativa de conserto. No entanto, no passado não era assim, pois a simplicidade mecânica de nossos automóveis permitia que muitos sujassem as mãos de graxa para fazer reparos no carro. Existiam ainda as soluções práticas, algumas mais parecidas com bruxarias ou pajelanças, providenciais para resolver pequenos problemas em situações de emergência.

É PRA COMER? O detalhe interessante é que boa parte desses problemas era resolvida com frutas, legumes, guloseimas ou algum outro tipo de alimento. Para solucionar um vazamento no radiador, por exemplo, existiam duas opções. Uma delas, um tanto quanto estranha, era quebrar um ovo cru, jogando a clara dentro do compartimento. Acreditava-se que a água quente a cozinhava, fazendo com que algumas partes tampassem o buraco. Não se tem notícia de quem tenha experimentado a solução, mas era assunto comentado no passado. Pior é imaginar a lambança no interior do radiador com um monte de clara cozida se movendo de um lado para o outro. Um recurso mais simples e viável é o uso de goma de mascar para tampar o buraco até a chegada a uma oficina.



LIMPEZA E se o problema é a limpeza do radiador, existe ainda uma alternativa também muito prática ensinada pelos mais experientes. Não que seja uma indicação para retirar clara de ovo, mas um paliativo para aqueles que insistem em usar apenas água no sistema de arrefecimento, ignorando a importância do etileno glicol, que impede o superaquecimento e ainda promove a limpeza. Se o radiador está muito sujo, com sinais de ferrugem em seu interior, basta colocar bicarbonato (aquele velho recurso para azia) e rodar com o carro por um ou dois dias. Depois é só retirar toda a água, pois o produto elimina as impurezas, deixando o sistema limpo. Em seguida, reabasteça o compartimento com água e etileno glicol, conforme indicação do fabricante.

DESENTUPINDO Outro recipiente do carro que costuma ser esquecido, acumulando sujeira e outras coisas é o tanquinho de água para o limpador do para-brisa. Muitas vezes o sistema para de funcionar por entupimento dos esguichos, deixando o motorista em situação difícil. Uma solução antiga que ainda pode ser recomendada é a lavagem do sistema com vinagre de cozinha, o mesmo usado para temperar saladas ou lavar frutas e verduras. O vinho azedo tem propriedades que removem a sujeira, permitindo que a água volte a circular normalmente. É só misturar o vinagre com água e bombear até desentupir, tomando cuidado para não cair na pintura. É batata!

ATÉ XIXI
Falando em batata, o tubérculo também pode ser usado como solução rápida no caso de as palhetas do limpador de para-brisa pararem de funcionar. Diz a voz da experiência que basta cortar uma batata e passá-la no lado de fora do vidro. Crua, é óbvio. A experiência de autor desconhecido revela que o tubérculo, tão presente na mesa do brasileiro, tem uma substância que impermeabiliza o para-brisa, fazendo com que a água da chuva escorra mais facilmente, impedindo a formação de gotas e pequenas poças que atrapalham a visão do motorista. É claro que se trata de um paliativo, mas é melhor trocar as palhetas o mais rápido possível. Especialista no assunto afirma que maçã e urina também têm a mesma função do tubérculo. Imagine só onde isso pode chegar!



MAU CHEIRO
Para eliminar aquele cheirinho ruim dentro do carro, causado por diferentes motivos, a maçã é a solução. Corte a fruta ao meio e coloque uma metade debaixo de cada banco dianteiro, deixando ali por um ou mais dias. A maçã vai absorver o odor desagradável, devolvendo um aroma menos agressivo às narinas de motorista e passageiros. É claro que a fruta não faz mágica e não tem poder de eliminar o cheiro de carro inundado ou que transporta peixe. E para dar brilho ao pneu, o produto recomendado é conhecido no mercado como “pretinho”, que pode ser feito com groselha. O problema é que depois de aplicado costuma atrair abelhas. Não que os insetos possam furar o pneu, mas o motorista corre o risco de levar uma ferroada.



VERDADE?
Há quem afirme que os antigos comerciantes de veículos usados se valiam de uma prática não muito correta para mascarar possíveis problemas no produto à venda. Dizem que eles colocavam banana, farinha de mandioca e até serragem na caixa de marchas para eliminar o ronco no componente, indicativo de problemas nas engrenagens. É importante frisar que recomendava-se apenas o uso de um dos três produtos e não todos juntos, como se fosse uma vitamina batida em liquidificador. De qualquer forma, não se tem notícia de quem tenha presenciado tão absurda experiência. São as lendas e mistérios que tornam o mundo automotivo cada vez mais interessante.