UAI

Conheça os segredos dos radares de Belo Horizonte

Ao contrário do que sugere o batismo informal, equipamentos que flagram excesso de velocidade em Belo Horizonte não emitem ondas de rádio. Saiba como funcionam

Publicidade
Foto:

Velocidade é calculada, tendo-se em vista a distância existente entre os dois laços detetores e o tempo que o veículo gasta para perturbá-los

 

Do inglês radio detection and ranging, ou detecção e telemetria pelo rádio, ou, simplificando, o uso de ondas de rádio para detectar objetos a longa distância. É esse o significado da palavra radar, que nada tem a ver com os equipamentos usados para flagrar o excesso de velocidade atualmente. Há vários tipos de medidores usados para registrar as infrações e a maioria evoluiu ao longo do tempo, especialmente desde a edição do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que fez proliferar o uso desses aparelhos. A maioria, no entanto, dispõe de outros recursos tecnológicos.

Primeiramente há que se fazer a distinção entre equipamentos metrológicos, que necessitam de medida, a exemplo dos que flagram excesso de velocidade; e os não metrológicos, que registram a infração e pronto, como os detetores de avanço de sinal ou de faixas exclusivas para ônibus. Os equipamentos metrológicos, exatamente por pressuporem medidas, precisam ser aferidos e, por lei, verificados a cada 12 meses por órgão competente, ligado ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Há quatro tipos de medidores de velocidade ou “radares”: fixo, estático, móvel e portátil.

LAÇOS
Em Belo Horizonte, atualmente, são usados medidores fixos e estáticos. Os fixos são os presos aos postes, também conhecidos como “pardais”. Funcionam por meio de laços detetores, que são fios elétricos instalados sob o pavimento, possíveis de serem enxergados. “Esses laços geram um campo magnético, que é perturbado quando o carro passa, distinguindo, pelo perfil magnético, se é automóvel, caminhão, ônibus ou motocicleta”, explica a gerente de apoio operacional da BHTrans, Mônica Mendes. “O carro passa e perturba o primeiro laço e depois o segundo laço. Há uma distância fixa entre eles. Pelo tempo que o veículo leva para perturbar o primeiro e o segundo laço, é calculada a velocidade (velocidade = espaço ou distância/tempo)”, continua Mônica. Os mesmos laços, além de flagrarem o excesso de velocidade, são usados como contadores.

Os laços estão interligados a um computador e estando o veículo acima da velocidade permitida, e somado o limite de tolerância exigido por lei (sete quilômetros nas vias onde a velocidade máxima permitida é de até 100km/h), já existe uma programação para o disparo da foto, sendo uma panorâmica e outra aproximada. As imagens são criptografadas e enviadas para um servidor para serem processadas. Ao contrário do que ocorria no passado, ao ser feita a foto, não são perceptíveis os disparos de flash nem mesmo à noite. “É tudo com infravermelho. Um flash extremamente avançado e imperceptível a olho nu”, afirma Mônica, explicando que a razão é evitar ofuscamento, principalmente do motorista que trafega em sentido contrário.

Outro mito que ela desfaz é com relação às motocicletas: “Os equipamentos registram e sempre registraram as motos, mas antigamente não havia a precisão de agora. Hoje, devido à sensibilidade do aparelho dá para capturar até bicicleta”.

LASER
Já os estáticos, erroneamente chamados de móveis, são os colocados sobre tripés ou dentro de veículos que ficam estacionados nas vias. “O nome é estático porque a forma de captura é estática”, enfatiza Mônica. A captura é feita por meio de feixes ópticos, de laser, que podem mirar até duas faixas no mesmo sentido da via. O feixe atinge o veículo, na traseira, e volta. E novamente é usada a fórmula matemática de distância (a que o feixe percorreu) dividida pelo tempo (que o feixe levou para fazer o percurso) para obter a velocidade do veículo. Da mesma forma do equipamento fixo, é gerada e criptografada a imagem quando o carro estiver acima do permitido.

RODOVIAS ESTADUAIS
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) usa medidores fixos, do tipo “pardal”, barreira eletrônica e Leitor Automático de Placas (LAP). Este último, além de registrar a imagem, identifica as placas dos veículos em trânsito e reconhece, automaticamente, conforme cadastro no Detran-MG, se há débitos de multas, taxas ou impostos ou qualquer tipo de impedimento, a exemplo de furto/roubo. Segundo o DER, o funcionamento de todos eles se dá por meio de laços detetores.

Saiba mais
TIPOS DE MEDIDORES
Tecnicamente, os medidores de excesso de velocidade podem ser: fixos – são aqueles com registro de imagens instalados em local definido e em caráter permanente; estáticos – também com registro de imagens, são instalados em suporte apropriado (tripé) ou em veículo parado; móveis – são instalados em veículo em movimento, procedendo a medição ao longo da via; portáteis – são direcionados manualmente para o veículo alvo (conhecidos como “radar pistola”). Atualmente é a Resolução 396/2011 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que determina as regras para os medidores de excesso de velocidade. Ela pode ser acessada no site www.denatran.gov.br.