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Conheça os carros de rali de dois pilotos mineiros que participam do Rally dos Sertões

O VRUM foi conhecer na prática os carros de dois pilotos mineiros que vão participar da 24ª edição do Rally dos Sertões, que vai até 10 de setembro em Palmas (TO)

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Conheça os carros de rali de dois pilotos mineiros que participam do Rally dos Sertões
Conheça os carros de rali de dois pilotos mineiros que participam do Rally dos Sertões Foto: Conheça os carros de rali de dois pilotos mineiros que participam do Rally dos Sertões

SUVs e picapes são o sonho de consumo de muitos brasileiros. O que pouca gente sabe mesmo é a aptidão do seu 4x4 para encarar as pirambeiras do uso fora de estrada. Imagine então se o seu carro for capaz de encarar um autêntico rali? Para conhecer de perto como é a sensação, o VRUM foi atrás de quem entende do assunto: os pilotos mineiros Antônio Carlos e Lucas Teixeira. Estreantes na equipe novata HND Racing na 24ª edição do Rally dos Sertões, que começa hoje em Senador Canedo (GO), pai e filho têm história para contar.

Pentacampeão mineiro, Antônio Carlos segue para a quarta participação no Sertões ao lado do paulista Emerson Etechebere, ao passo que Lucas, campeão mineiro (2011), incentivado pelo pai, fará a estreia na prova com o também paulista Rafael Dias. Os quatro em carros (e categorias) diferentes: a Mitsubishi L200 RS e o protótipo Sherpa, construído artesanalmente para a modalidade, respectivamente.

A primeira coisa que chama a atenção em um carro de rali é a construção, totalmente diferente de um automóvel convencional. A começar pela carroceria. A área central da L200 RS, do tipo monocoque, é de aço. Para-choques, caçamba e portas são de plástico de alta resistência, como no Sherpa. Tudo reforçado internamente por tubos de aço – a popular gaiola.

Picape Mitsubishi L200 RS é totalmente modificada e fará quarta participação

Os dois bancos do tipo concha deixam claro que só há espaço para o piloto e navegador. Mas esqueça argumentos de venda como conforto e ergonomia. O acesso à cabine é muito complicado, exigindo contorcionismo para se passar pela tubulação, oito vezes mais resistente à torção em caso de capotamento, e o cinto de segurança de cinco pontos, de medidas restritivas a corpos acima do peso. No painel, dividido em duas verdadeiras caixas de plástico, o essencial para se monitorar o funcionamento do carro: temperatura do motor, pressão do óleo e do turbo, e voltagem. No Sherpa não há nem velocímetro, só o conta-giros.

Sob o sol escaldante da mata e sem qualquer indício de ventilação a bordo (apesar de duas pequenas aberturas no teto da L200 RS), a essa altura você já estará sentindo um calor digno de derreter os miolos. Mas a melhor parte nem começou. É girando a chave de ignição do motor turbodiesel sobrealimentado que se começa a sentir de fato o que é um rali.

Acesso à cabine da L200 é complicado, exigindo contorcionismo para se passar pela tubulação

O ruído é forte e a cabine treme. Na primeira acelerada o torque já mostra a que veio: o carro parte para a terra com força brutal e baixa estabilidade, exigindo máxima concentração do piloto. O controle ao volante e acelerador é dosado conforme sucessivas derrapadas. Exceto quando o trecho for uma reta longa, a L200 RS dança na terra o tempo todo. Numa curva fechada, ao reduzir da segunda para a primeira marcha, a dinâmica é tão forte que o próprio carro corrige a trajetória sozinho. Jamais, em hipótese alguma, toque o piloto.



Protótipo Sherpa foi especialmente construído para o rali

O peso do capacete causa estranhamento em quem não tem o hábito. A essa altura já há poeira nos dentes, nos olhos e muita, muita adrenalina, fazendo com que você se esqueça de qualquer outro fator do clima. Ambos os pilotos mineiros já estão mais do que acostumados. Para Antônio Carlos, o mais difícil em uma prova é completar o percurso, após centenas de quilômetros, dia após dia. “O rali, por si só, é um verdadeiro teste de superação, pois o que encontramos pelas trilhas não é brincadeira não”, comenta.

No painel do Sherpa não há nem velocímetro, só o conta-giros

CONJUNTO Preparada pela subsidiária High Performance Equipment (HPE) da Mitsubishi, a L200 RS conta ainda com extintor especial, snorkel e cinta de fixação para até dois pneus sobressalentes na caçamba, mesmos recursos do Sherpa, que se destaca pelo enorme radiador instalado na parte traseira. A aparência de Saveiro Geração 3 do protótipo engana: especialmente dimensionado para o Rally dos Sertões, o veículo projetado pelo piloto paulista Richard Vaders tem pouco em comum com a picape da Volkswagen (veja ficha técnica), a não ser faróis, lanternas e medidas da cabine.

A L200 RS custava R$ 76 mil quando foi lançada, enquanto um Sherpa novo custa cerca de R$ 170 mil. Diferença de preço que deixa claro o colhão de cada modelo.

FICHA TÉCNICA

» Mitsubishi L200 RS (categoria Super Production)


MOTOR
2.5 turbodiesel, com 183cv de potência a 4.000rpm e 43kgfm de torque a 2.500rpm

TRANSMISSÃO
Eaton FSO-2405-A manual de cinco marchas, com relações esportivas, tração 4x4 seletiva e caixa de transferência BorgWarner

SUSPENSÕES
dianteira independente e traseira de eixo rígido, com dois amortecedores Ohlins por roda, dotados de garrafas de nitrogênio

PICO DE VELOCIDADE (NA TERRA)
170km/h

ÂNGULOS DE ATAQUE E SAÍDA
36 e 26 graus

TANQUE
150 litros

A aparência de Saveiro Geração 3 do protótipo engana: ele tem pouco em comum com a picape

» Protótipo Work Sherpa (categoria Pró Brasil)

MOTOR
2.8 turbodiesel MWM central, com 289cv de potência

TRANSMISSÃO
manual de cinco marchas, com tração integral e bloqueio de diferencial

ESTRUTURA
tubular, sem chassi

SUSPENSÕES
dianteira independente e traseira de eixo rígido, com dois amortecedores por roda

PICO DE VELOCIDADE (NA TERRA)
80km/h

TANQUE
250 litros

Pilotos mineiros Antônio Carlos (esq.) e Lucas Teixeira (mais à direita) competem pela equipe HND Racing