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Conduzindo uma pop star

O aposentado Cláudio Emanuel Gomes já morou nos Estados Unidos com a família, onde por algum tempo trabalhou como motorista da cantora Mariah Carey, dirigindo seus carrões

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O motorista particular e sua filha Isabel Gomes com o carro predileto de Mariah Carey, a Mercedes-Benz SL 500 conversível

O cenário econômico brasileiro dos anos 1980 era de incertezas, com altos índices de inflação e desemprego. Cláudio Emanuel Gomes, aposentado e atualmente morando num confortável sítio na Região Metropolitana de Belo Horizonte, trabalhara duro de 1975 a 1981 como técnico de manutenção da Construtora Mendes Júnior em várias obras mundo afora. Nessa atividade, conheceu países como Colômbia, Argélia, Mauritânia, Senegal, Iraque e Kuwait. Em 1987, como cortesia de outra empresa onde trabalhou, pôde visitar nos Estados Unidos o irmão mais velho Afonso, que já estava lá havia 22 anos. "Depois que retornei ao Brasil, meu irmão formalizou um pedido ao consulado americano para que eu, minha esposa, Arlete, e nossos dois filhos, ainda pequenos, pudéssemos morar no país. Pedido aceito quando a situação por aqui não era das melhores, decidi tentar uma vida melhor na terra do Tio Sam", disse Cláudio.

Em Nova York, teve vários empregos, mas se destacou como motorista particular de pessoas importantes. De 1992 a 1994, dirigiu para Karl Coppola, primo do cineasta Francis Ford Coppola, e foi motorista do empresário do ramo alimentício Mr. Pullman, até 1996, ano em que Cláudio e Arlete tiveram uma grande oportunidade: "Fomos selecionados por uma agência de empregos como empregados da famosa cantora norte-americana Mariah Carey. Arlete tornou-se sua assistente pessoal e eu fiquei sendo o motorista particular da artista". Naquela época, Mariah era casada com o empresário Tommy Mottola, ex-presidente da Sony Music.

Rolls-Royce limusine do empresário Mr. Pullman, com quem Gomes também trabalhou



Mariah Carey e Arlete, esposa de Cláudio

Desde então, a rotina de Cláudio era ficar à disposição do célebre casal para levá-lo a festas, viagens, compras, ocasiões sociais e pequenos trabalhos domésticos. Além disso, era o encarregado de cuidar dos 22 carros da casa. A regra era mantê-los sempre com tanque cheio, limpos e fazer as revisões de manutenção. "Na enorme garagem, havia Jaguar, Mercedes-Benz, Ferrari, BMW, Lotus e muitos outros modelos de marcas conhecidas. Tinha até um carro anfíbio. Mas, apesar de todas as opções, Mariah dirigia somente uma Mercedes-Benz SL 500 conversível, usada para ir ao clube de tênis. Ela também gostava muito de um Ford Mustang 1971 preto, apesar de nunca tê-lo dirigido", ressaltou. Outros clássicos eram um Chevrolet Camaro 1960 e um raro Corvette 1953, presente do cantor e guitarrista norte-americano Bruce Springsteen.

Em 1998, após se separar de Mottola, Mariah mudou-se da casa no subúrbio nova-iorquino para um apartamento em Manhattan. Na nova residência, os carros da pop star seriam apenas uma limusine Lincoln e uma picape Chevrolet blindada. O curioso é que, a partir disso, o popular VW Jetta de Cláudio começou a ser usado para transportar a cantora em várias situações. "Utilizei meu carro para levar Mariah a alguns compromissos. Por questão de tempo e maior agilidade no trânsito, às vezes sentava-se a meu lado no banco dianteiro mesmo", lembrou. “Como quase todos os artistas, ela tinha algumas exigências. Gostava que fossem trocadas todos os dias as duas garrafas de champanhe de sua limusine, mesmo que não tivessem sido abertas”, relatou. 

Cláudio e o VW Jetta (Bora, no Brasil) que transportou Mariah Carey diversas vezes em Nova York



Cláudio trabalhou como motorista para Mariah Carey até 2002 e Arlete foi sua assistente pessoal até 2006. Nesse tempo que serviram a artista, tiveram a oportunidade de ter contato com ícones do cinema e da música, como Robert De Niro, Sharon Stone, Vanessa Williams, Tony Bennett e Glenn Close. Conheceram também praticamente toda a Europa e Caribe nos vários shows e apresentações em que acompanharam a cantora. Atualmente, o aposentado leva uma vida tranquila no Brasil e uma vez por ano vai aos Estados Unidos para rever os três filhos e a esposa, que lá ainda vivem. “A viagem também é uma forma de matar a saudade de quando eu dirigia carros de Primeiro Mundo. Ter um Audi, BMW ou Land Rover no nosso país ainda é muito caro”, destacou.

Cláudio já não trabalha como motorista, mas coleciona placas de carros que dirigiu