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Quando descobriu que, com R$ 82 mil, seria possível comprar um Volvo zero quilômetro, o comerciante Fernão Dias teve a certeza de que o momento de comprar seu primeiro carro importado havia chegado e resolveu trocar o antigo Focus por um C30. ?O que me atraiu foi a possibilidade de ter um carro importado pelo mesmo preço de um nacional?, explica. Algum tempo depois, seduzido pela novidade da Ford, o comerciante voltou à marca do oval azul e comprou o novo Focus 2.0. Mas, como já havia experimentado um carro sueco, não se acostumou com o nacional, que havia custado quase o mesmo de um importado de entrada. Sua escolha foi, então, o Audi A3 Sportback, que custou R$ 120 mil.
A troca de carros de fabricação nacional por importados de entrada de marcas premium já é uma tendência sentida pelo mercado. Depois do reposicionamento de preços de alguns modelos da Mercedes-Benz, a concessionária que representa a marca em Belo Horizonte observou um crescimento de 200% nas vendas dos modelos de entrada, que custam até R$ 120 mil. Segundo o superintendente da concessionária, Rodrigo Salgado, esses modelos são responsáveis por 60% das transações e metade delas são trocas de carros nacionais. ?Na maioria são proprietários de Corolla e Vectra, que chegam em nosso show-room pela primeira vez e são surpreendidos com as condições de pagamento que possibilitam a troca por um de nossos modelos de entrada?, diz. O modelo mais em conta da Mercedes no Brasil é o monovolume Classe B-180, que é vendido por R$ 89,9 mil, enquanto o Chevrolet Zafira Elite custa R$ 79 mil. Para quem procura a imponência de um sedã, a marca alemã vende o C-180 por a partir de R$114,9 mil, enquanto os nacionais Toyota Corolla Altis 2.0 e Honda Civic EXS, completos, saem por R$ 89.180 e R$ 88.750, respectivamente.
TAXA SUBSIDIADA A real possibilidade de colocar um importado na garagem não se justifica apenas pelo reposicionamento de preços. A taxa subsidiada por bancos de montadoras também ajuda a decidir a compra. Para fisgar de vez o cliente, há promoções em que é possível fazer o financiamento sem juros. A tentação é grande e muita gente tem caído nela. Só no primeiro semestre de 2010, houve um aumento de 175,3% nos emplacamentos de veículos importados. Neste período, foram vendidos 41,8 mil unidades, contra 15.182 em 2009.
O universitário Felipe Kallas, de 23 anos, foi no embalo do mercado e convenceu a mãe a trocar o seu Peugeot 307, com quatro anos de uso, por um BMW zero quilômetro. ?Ter um BMW parecia ser algo distante para mim, mas, quando vi que o preço baixou consideravelmente e a concessionária ainda ofereceu uma boa condição de negócio, consegui fechar a compra?, conta o estudante. O modelo escolhido por Kallas foi o 118i, de entrada da gama BMW no Brasil. Na tabela, o carro custa R$ 99,5 mil, mas, na negociação, acabou saindo por R$ 93 mil, enquanto um Ford Focus Ghia hatch 2.0, por exemplo, poderia sair por até R$ 79.895.
O presidente da Associação Brasileira de Importadores de Veículos (ABEIVA), José Luiz Gandini, atribui o aumento nas vendas desses importados a uma série de fatores. ?A reestabilização da economia, o aumento da renda do brasileiro e o dólar em baixa. Esses acontecimentos fizeram com que mais pessoas tivessem condições de optar por um importado premium no lugar de um veículo nacional de luxo?, afirma.