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Comportamento - Chique no carro

Manual mostra que motorista precisa conter irracionalidade provocada pelo trânsito das grandes cidades. Educação e paciência são essenciais para o bom convívio

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O motorista 'esperto', que rouba a vaga de outro no estacionamento do shopping, a mãe que pára em fila dupla para deixar o filho na escola, o distraído que cutuca o nariz, enquanto espera o semáforo abrir e até aquele que não usa o cinto de segurança são acima de tudo sem educação. O oposto desse comportamento é o que é necessário para ser chique, segundo a consultora de comportamento e autora de livros sobre etiqueta Glória Kalil, que produziu manual de boas atitudes no trânsito e ao volante, chamado B Chic. O nome é uma alusão ao Classe B, da Mercedes-Benz, fabricante que encomendou o trabalho para a autora.

Entretanto, para seguir os preceitos da boa educação não é necessário estar a bordo de um Mercedes. Carros menos caros também permitem que o motorista seja chique. "O carro pode ser velho, o que não pode é ser sujo, cheio de pêlo de cachorro, com cheiro de cigarro ou garrafas rolando no assoalho", afirma Glória. Aliás, os cuidados não se restringem ao veículo. A autora ensina para as mães que vão levar os filhos ao colégio de manhã que é preciso cuidar do visual, mesmo que depois de deixar os meninos na escola ela volte para a cama: "Olhe-se no espelho antes de sair de casa com as crianças a tiracolo. Lavar o rosto, passar uma escova no cabelo e um batonzinho não custa nada. E se encontrar um vizinho na garagem, vai dar graças a Deus de ter perdido alguns segundos nessas tarefas".

Outro conselho para o público feminino é nunca dirigir de salto alto (das plataformas ao salto agulha), pois é perigoso. O ideal é deixar um calçado baixo e confortável dentro do carro para trocar. Já os calçados que não são fechados atrás, além de perigosos, são proibidos por lei. Para as que usam saia curta, a dica é ter um xale para cobrir as pernas, pois o comprimento da saia diminui quando se está sentado. O xale também pode ser usado para disfarçar decotes ousados. Caso contrário, terá que se sujeitar às piadinhas e assobios dos passageiros dos ônibus que passam ao lado.

Para os homens, o cuidado vale na hora de descer do carro, pois o que é logo visto são os sapatos, meias e parte inferior da calça. Assim, Glória recomenda não usar "metais escandalosos" nos sapatos, não combinar sapato social com jeans ou bermuda e nem usar sandália com meias. Para as meias, não vale usar as do tipo social em ocasiões esportivas, meias brancas ou curtas com terno. Além de ter sempre a bainha da calça bem-feita.

As dicas também englobam os caroneiros. Para sentar ao lado do motorista, a preferência é sempre dos mais velhos e, se a idade for a mesma, o que vale é a proximidade com o motorista, mas quem tem pernas compridas pode ter prioridade. O filho pequeno que pega carona com o vizinho para ir à escola deve ser bem educado para evitar birras, gritos, brigas e derramar comida no carro, além, é claro, de saber desde pequeno que o cinto de segurança é para ser usado.

No trânsito, Glória considera certas atitudes abomináveis, como ultrapassar pela esquerda os carros que estão na fila e depois pedir para entrar na fila novamente, andar no acostamento, usar vagas reservadas aos deficientes, roubar vagas no shopping ou supermercados, fechar cruzamentos, espremer cravos, mexer no nariz ("pois o motorista ao lado não precisa ver isso"), avançar na faixa de pedestres quando alguém atravessa, mesmo que o semáforo esteja aberto e, é claro, falar ao celular enquanto dirige. "Ninguém é chique se não for civilizado. E isso vale também quando se está ao volante", resume a autora.

Buzina, hino e cacarejo
Para Glória, educação pode resolver quase todos os problemas, mas quando não bastar a estratégia é usar a paciência. "O trânsito das grandes cidades é um assunto que conta na vida da gente. É preciso entender que o trânsito é assim para se estressar menos", explica. Isso inclui, é claro, parcimônia no uso da buzina e nunca, segundo a consultora, usar buzinas com sons absurdos, "como hino de times e cacarejo de galinhas". Apesar de tudo, Glória sabe que muitas vezes é inevitável não perder a paciência, mas que ter paciência é melhor. "Você xinga uma pessoa e o trânsito agarra e poucos minutos depois ele está na faixa ao lado".