No clima do Halloween, tradicional evento anglo-saxão (comemorado no dia 31 deste mês) que já fincou raízes de vez em território brasileiro, o Rolimã apresenta alguns automóveis que marcaram época na telona amedrontando os espectadores. Peças-chave em clássicos do gênero terror, estes carangos se tornaram verdadeiras estrelas do mundo automobilístico. Respire bem fundo e confira alguns dos maiores protagonistas motorizados da história do cinema de horror. E pense muito bem antes de desrespeitar o seu estimado veículo.
CIUMENTA E PROTETORA No filme Christine – O carro assassino (1983, John Carpenter), um robusto Plymouth Fury – subsérie do Plymouth Belvedere – vermelho e branco de 1958 é restaurado por um nerd de um pequeno subúrbio da Pensilvânia, em 1978. Com apenas um amigo , o jovem Arnie Cunningham é atormentado por vários garotos em sua escola. Percebendo que seu protegido estava sob ameaça, a protetora Christine destrói, um por um, aqueles que entram no caminho do adolescente. Além disso, quando o rapazote finalmente encontra uma cara-metade, a bela Leigh Cabot, Christine desenvolve ciúmes doentios e passa a perseguir a menina. Além do belíssimo Fury 1958, o filme apresenta outros interessantes modelos, como um Dodge Charger 500 1968 e um Camaro Z21 1969. A película, dirigida pelo lendário John Carpenter, é baseada em um livro do mestre do terror literário Stephen King.
DAS PROFUNDEZAS O Bel Air preto 1955, de Às vezes eles voltam – (1991) dirigido por Tom McLoughlin e baseado em um conto do já citado Stephen King –, retornou das profundezas em busca de vingança. Com uma gangue de greasers, termo usado para jovens conhecedores de carros nos Estados Unidos, o bendito atormenta a vida do professor Jim Norman. O grupo (e o possante com belo acabamento e cauda imponente) havia assassinado anos antes o irmão de Norman e, para deixar o inferno, planejava a morte do inocente homem. É, jamais duvide da imponência e da superioridade de um clássico Bel Air, que, de fato, ressurgiu das cinzas em 2002, como um conceito exibido na North American International Auto Show.
REI DO “TERRIR” Estrela-mor de um esquecido clássico do cinema B, o Lincoln Continental Mark III modificado de A máquina do diabo (Elliot Silverstein) é o único ponto positivo dessa obra rodada em 1977. Com péssimo enredo, roteiro com diálogos pobres e atuações abaixo da crítica, a película tornou-se um dos grandes marcos do “terrir”, ao lado de A bolha assassina, Plano 9 do espaço sideral, entre outros. O endiabrado e grandalhão Mark III, primo do Ford Thunderbird e criado para competir com o Cadillac Eldorado, brilhou mesmo fora das telas. O luxuoso veículo, produzido entre 1969 e 1971, não vendeu tanto quanto seu adversário direto, mas suas extravagâncias e grandiosidade conquistaram grande número de fãs. Na sétima arte, contudo, o modelo amarga notória infâmia.
O MAIOR DE TODOS Um jovem diretor americano de 23 anos recebe uma proposta para dirigir uma adaptação para a TV de um conto publicado em uma revista masculina baseado em fatos reais. Essa será a primeira oportunidade do novato para comandar um longa-metragem. O enredo? Um caminhão persegue aleatoriamente um motorista a bordo de um Plymouth Valiant pelo deserto da Califórnia até um emocionante embate final. Com essas informações, acredita-se, em um primeiro momento, no fracasso total dessa obra, filmada em apenas 13 dias. No entanto, com a atuação brilhante e assustadora do poderoso narigudo Peterbilt 281 de 1955 e da brilhante cinematografia do (à época) neófito Steven Spielberg, Encurralado (1975) redefiniu os road movies e alavancou a carreira do diretor, que dirigiu posteriormente clássicos como Tubarão, A lista de Schindler e Parque dos dinossauros, só para citar alguns. Spielberg tornou-se um gigante de Hollywood, assim como o 281 é um gigante das estradas.
DE FAMÍLIA Comprado pelo pai de Sam Raimi, o Oldsmobile Delta 88 acabou passando para as mãos do diretor. Anos depois, O Olds de motor Rocket V8 transformou-se no transporte do protagonista de uma das séries mais aclamadas da história do terror. Ash, único sobrevivente entre seus amigos após uma série de acontecimentos envolvendo o Livro dos mortos encontrado pelo grupo, pilota o familiar Oldsmobile em Uma noite alucinante (1981, Sam Raimi). A caranga aparece ainda em vários outros sucessos de crítica e bilheteria de Raimi, como sua trilogia do Homem-Aranha, O dom da premonição e em sua última obra de horror, Arraste-me para o inferno. Habitué das telonas, o carro virou uma marca registrada do diretor – que não se desfaz do veículo nem por decreto – e objeto cult para os cinéfilos.
ÍCONE Coadjuvante do maior clássico de Alfred Hitchcock, o Ford Custom 300 1957 de Psicose (1960, Alfred Hitchcock), aliado a trilha sonora aterrorizante, um trabalho de câmera primoroso e atuação impecável da atriz Janet Leigh, roubou a cena e virou um ícone do terror/suspense. Marion Crane, depois de apropriar-se de um monte de dinheiro que pertencia ao seu chefe, decide fugir. Durante a fuga, a bela jovem decide trocar sua perua Ford 1959 pelo imponente Custom 300, um dos modelos redesenhados pela montadora no período pós-guerra. Com seu novo veículo, Marion dirige noite adentro e, cansada, opta por repousar no hotel da família Bates, onde ela conhece Norman e sua mãe, Norma. O resto é história. Ah, e o Custom 300 ainda fez uma participação especial na sequência (não tão boa) de outra obra-prima: Halloween H20 - 20 anos depois.
QUEM VOCÊ VAI CHAMAR? Os doutores Egon Spengler, Peter Venkman e Ray Stantz são ex-professores de parapsicologia em uma universidade de Nova Iorque e considerados uma farsa por todos os seus colegas do mundo acadêmico. Desempregado, o trio decide então criar uma empresa para lidar com fenômenos paranormais. Eles adquirem um edifício abandonado do Corpo de Bombeiros para servir de escritório e, para guiar, compram um Cadillac Miller-Meteor Ambulância 1959. Com os itens indispensáveis para o trabalho adicionados ao Caddy, o possante foi nomeado Ecto-1, carro oficial de Os Caça-Fantasmas (1984, Ivan Reitman). Mesmo apresentando um viés mais cômico, o filme estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd e Harold Ramis consegue assustar em alguns momentos. Sua sequência, no entanto, tem um humor mais juvenil e não se encaixa no gênero terror. De acordo com a mídia especializada, um novo filme pode surgir em 2013 ou em 2014. Seria mais uma bela oportunidade de conferir o Ectomóvel sendo guiado.