Lançado no Brasil em 2013, o Tracker (da Chevolet, e não a geração que era um Suziki Vitara com a gravatinha da marca) nunca reuniu os predicados corretos para brigar na parte de cima no segmento dos SUVs compactos, e olha que nessa época eram poucos os concorrentes, basicamente Ford EcoSport e Renault Duster. O tempo passou, o segmento cresceu, ganhou concorrentes de peso (como Jeep Renegade e Honda HR-V), e a Chevrolet percebeu sua fragilidade – resta saber se a tempo de fugir do prejuízo – e lançou uma reestilização que coloca o modelo em pé de igualdade com os demais compactos premium.
Testamos o novo Tracker na versão topo de linha LTZ. Poucas vezes se viu uma reestilização tão abrangente, a começar pelo design. A dianteira foi toda revista, ganhando faróis mais finos e uma imensa grade inferior integrada ao para-choque, que, além do porte robusto, acrescentou esportividade às linhas do SUV. A lateral pouco mudou, mantendo o estilo musculoso das caixas de roda. As rodas de 18 polegadas da versão LTZ são novas. A traseira ganhou novo para-choque e a lanternas agora são de LED.
À BORDO O interior está mais sofisticado, com o novo painel, que tem parte do acabamento em couro. O painel de instrumentos, que tinha estilo de motocicleta, ganhou estilo mais tradicional, com velocímetro e conta-giros analógicos, mas sem abrir mão da telinha que traz velocímetro digital e computador de bordo. Na versão LTZ o acabamento é caprichado, com bancos revestidos em couro, (muito) plástico de qualidade, tapetes acarpetados e tecido de bom aspecto no teto. Existem bons porta-trecos, incluindo gavetas sob o bando do passageiro e uma próxima à perna esquerda do motorista. O teto solar é de série na versão e é mais uma opção para se integrar com o lado externo. O assento do motorista tem ajuste manual em altura e elétrico lombar. Acesso ao veículo e partida do motor dispensam o uso da chave (presencial).
O espaço interno é condizente com o de um compacto: motorista, passageiro e dois ocupantes no banco de trás andam com conforto. O porta-malas é pequeno e boa parte de seu aproveitamento é vertical, já que ele ainda guarda o estepe (temporário!). Isso deixou o vidro traseiro pequeno, o que, juntando com as largas colunas C, compromete a visibilidade traseira. Por isso, equipamentos como câmera de ré e sensores de estacionamento são indispensáveis. Mas o Tracker também oferece nessa versão o alerta de movimentação na traseira. Se for preciso levar mais carga, é possível rebater o banco traseiro e até o do carona, formando um assoalho plano. Houve ganho em segurança básica com a oferta dos apoios de cabeça e cintos de segurança de três pontos para todos os passageiros, além de Isofix para fixar assentos infantis.
RODANDO Mas o melhor da festa está debaixo do capô. Um pequeno motor 1.4 turbo substitui o velho 1.8 aspirado com ampla vantagem. E isso também vale em comparação aos concorrentes com motores 1.6, 1.8 e 2.0 aspirados, que ficam devendo em desempenho. A única exceção é a versão do Peugeot 2008 equipada com motor 1.6 THP (turbo!), que tem muito fôlego e baixo peso, com pegada mais esportiva até mesmo por ser oferecido apenas com câmbio manual. Nesse quesito, com o novo Tracker não tem sofrência. Toda a respeitável carga de torque do motor está disponível em baixas rotações. Quer rodar mais rápido? Quer fazer uma ultrapassagem? Basta pisar fundo no acelerador para conseguir respostas rápidas.
Esse mérito também se deve ao câmbio automático de seis marchas, muito bem escalonado e gerenciado. As trocas manuais são feitas por meio de um botão localizado na alavanca de câmbio e são pouco práticas. Não há modo esportivo. Além do bom desempenho, é normal esperar de um veículo equipado com motor turbo baixo consumo de combustível, o que não foi comprovado durante nossos testes. Uma coisa que pode incomodar no uso cotidiano desse SUV é o sistema Stop/Start – que desliga o motor automaticamente quando o veículo para e o liga assim que o motorista tira o pé do freio – que não oferece opção de ser desativado. A suspensão cumpre seu papel, com boa relação entre conforto e estabilidade. A direção tem assistência elétrica progressiva e bom comportamento.
FAZEM FALTA Quanto aos equipamentos, fazem falta o controle eletrônico de tração e estabilidade, o acendimento automático dos faróis e o assistente de partida em rampa. A falta desse último é agravada devido ao sistema Stop/Start, que “corta” o motor e consequentemente aquele auxílio que o câmbio automático presta nas arrancadas em subidas, fazendo o carro descer mais que o desejado. Para não correr riscos, melhor é segurar o pedal do freio com o pé esquerdo e só soltá-lo quando já estiver acelerando com o direto, um macete para o carro não voltar.
CONECTIVIDADE O sistema multimídia MyLink funciona a partir de uma tela tátil de sete polegadas. Sua principal funcionalidade é a integração com o smartphone (para os compatíveis!), pelo Android Auto ou Apple CarPlay. Assim, é possível usar na tela do carro aplicativos do telefone, como o Waze para navegar ou o Spotify para ouvir música. Por isso mesmo não existe navegação por GPS no sistema. Mas a função telefonia é integrada. As mídias disponíveis são rádio, entradas USB e auxiliar e Bluetooth (com streaming). Os veículos da Chevrolet também estão conectados ao OnStar, que oferece serviços de segurança, resgate e conveniência.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, turbo, injeção direta de combustível, 1.399cm³ de cilindrada, 16 válvulas, flex, que desenvolve potências de 150cv (gasolina) a 5.600rpm e 153cv (etanol) a 5.200rpm, e torques de 24kgfm (g) a 2.100rpme 24,5kgfm (e) a 2.000rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio automático de seis marchas
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, tipo Mc Pherson, com barra estabilizadora; e traseira semi-independente, com eixo de torção/de liga leve de 7x18 polegadas/215/55 R18
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
FREIOS
A discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
CAPACIDADES
Do tanque, 53 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 416 quilos
EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Airbag duplo, alarme, alerta de movimentação traseira, alerta de ponto cego, cintos de segurança traseiros laterais e central de três pontos e apoios de cabeça, faróis e lanterna de neblina, luz de condução diurna, regulagem de altura dos faróis, lanternas em LED, Isofix, freios com ABS e sistema de distribuição de frenagem, rack de teto, roda de alumínio aro 18 polegadas', ar-condicionado, câmera de ré, coluna de direção com regulagem em altura e distância, computador de bordo, controlador de velocidade de cruzeiro, descansa-braço para motorista, desembaçador elétrico do vidro traseiro, abertura das portas e partida sem chave, retrovisores com ajustes elétricos, sensor de estacionamento traseiro, sistema Stop/Start, tapetes em carpete, teto solar elétrico, vidros elétricos com acionamento por “um toque", sistema multimídia, bancos com revestimento premium, banco do motorista com regulagem lombar elétrica e em altura manual.
OPCIONAIS
Airbags laterais e de cortina.
QUANTO CUSTA
O Chevrolet Tracker 1.4 LTZ Turbo tem preço inicial de R$ 92.390. Com o único pacote de opcionais disponível, o preço sobe para R$ 95.490.
Notas (0 a 10)
Desempenho 9
Espaço interno 8
Porta-malas 7
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 8
Segurança 7
Estilo 8
Consumo 6
Tecnologia 8
Acabamento 8
Custo/benefício 9