A Chevrolet já estava vendendo o Captiva Sport 2011 há alguns meses. Mas só nessa sexta-feira fez o lançamento oficial do crossover mexicano, que traz como principal novidade a incorporação de um novo motor seis cilindros e câmbio de seis marchas para a configuração de entrada. O crossover chega como 2011, sem repetir a pressa do Celta, que já é 2012. Tem duas explicações, começando pelo fato do modelo já estar sendo vendido por aqui desde 2010. A segunda é a ausência de alterações extensas – ao contrário do hatch e do três volumes Prisma – o que já deixa prever o Captiva 2012 ao final do ano, na época em que deve passar por retoques de meia idade. Algo que a GM ainda deixa no ar.
Olhando por fora, o Captiva deixa claro que não há maiores indícios de mudanças. Nomeadamente, muda o aplique do para-choque dianteiro, agora cromado no top, como as rodas aro 17, que retornam a esse tipo de acabamento. Sem chamar atenção para si mesmo, o capô esconde o novo motor, que estreia no Captiva Sport V6, tanto FWD – forward wheel drive, ou tração nas rodas dianteiras – e AWD – All-wheel drive, simplesmente tração em todas as rodas. O antigo V6 3.6 é trocado por um motor menor. Não chega a ser um exemplo do downsize, já que o novo propulsor é um ainda generoso 3 litros.
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Graças em parte ao duplo comando de válvulas com abertura e fechamento variáveis e injeção direta, o 3.0 gera 268cv de potência a altos 6.950 giros, 7 cv a mais que o antecessor que dava o máximo de si 250 rpm mais cedo. Mas é no torque que a coisa muda de figura, deixando claro o caráter mais “girador” da motorização: são 30kgfm disponíveis a igualmente elevadas 5.100rpm, contra 32,95kgfm a apenas 2.100 rotações entregues pelo 3.6. Para compensar, o consumo diminui: agora o Captiva faz até 8,2km/l na cidade e 13,1km/l na estrada, em comparação aos 8km/l e 12,8km/l.
Os recursos tecnológicos do V6, injeção direta e comandos variáveis, foram transferidos também para o Ecotec, que ficou nos 185cv a 6.700 rpm, 15 cv adicionais, e 23,3kgfm a 4.900 rotações, exato 1,1 kgfm a mais. Números que são aproveitados por um novo câmbio automático, de seis marchas como na versão top. Há opção de trocas sequenciais por meio de botões na alavanca.
Outra novidade mecânica está na tecla Eco, que define parâmetros de respostas do motor e passagens de marcha com foco na economia, permitindo até 3% de redução do consumo, segundo o fabricante. Outro botão no console chama atenção: trata-se do freio de estacionamento de acionamento eletrônico, mais prático que a alavanca de antes. Como se poderia esperar, o quatro cilindros é mais frugal que o seis em V: são 9,3km/l na cidade e 13,6km/l, números oficiais mais otimistas que os medidos pelo mesmo motor com injeção multiponto e comando variável só na abertura de válvulas, que ficava pelos 8,7km/l e 12,8km/l nas mesmas situações.
Miscelânea
Além das alterações mecânicas, a linha 2011 traz outras novidades pontuais. A paleta de cores ganhou dois tons: preto carbon flash e cinza mocha – só no V6, o mesmo tom do Malibu. Toda a linha agora conta com revestimento de couro de série, sempre em tons escuros – o mais claro foi descartado. Os instrumentos aderiram à iluminação Ice Blue, como nos outros Chevrolet, abandonando a luz âmbar do original. O rádio CD/MP3 tornou-se fluente em MP3 e chega com 10 alto-falantes na versão V6 AWD, que também conta com outro item exclusivo: câmera de ré com visor incorporado ao retrovisor interno. Equipamentos que não fizeram muita diferença na tabela. O Ecotec parte de R$ 90.299, enquanto o V6 de tração dianteira sai por R$ 96.774, R$ 4 mil a menos que o AWD de R$ 100.774.
Entrando no carro, quase tudo é familiar, com pequenas diferenças. Achar a posição de dirigir ficou mais fácil, graças ao ajuste do volante em profundidade e altura e não apenas em altura como no Captiva 2010. As manobras, crítica em um crossover com 1,85 m de largura, são facilitadas pela câmera de ré, que se tornará obrigatória nos Estados Unidos como o sistema de monitoramento de pressão dos pneus, já exigido por lá.
Andando no Captiva V6 AWD, o regime mais elevado de torque não se faz tão claro. Algo esperado por um motor maior do que o normal, ainda que o Captiva desloque 1.804kg. As acelerações continuam decididas e o carro ganha mais velocidade do que os seus freios poderiam encorajar. Culpa novamente do peso.
O câmbio tem mudanças imperceptíveis e reduções prontas, porém não é dos mais interativos por culta das teclas na manopla, que estão a anos-luz de distância das aletas no volante, presentes no Malibu. Se o negócio é andar tranquilo pela cidade, o Chevrolet mostra a que veio no bom pacote de equipamentos e no isolamento, quebrado apenas pelas imperfeições transmitidas pela suspensão e conjunto de rodagem, amparado em rodas aro 17 em pneus 235/60. Um pacote já conhecido, que deve facilitar o objetivo da marca de atingir 1.200 carros/mês - lembrando que o Captiva já vendeu 35 mil em menos de dois anos.