De Xangai, China - A Michelin, fabricante de pneus, decidiu organizar em 1998, para comemorar o centenário de seu simpático boneco, o "Challenge Bibendum", fórum internacional, para discutir as possibilidades de tornar o automóvel mais limpo, econômico e seguro. Depois de dois na França, a empresa decidiu promovê-lo anualmente em outros países. Esse ano, foi realizado (pela segunda vez) em Xangai, na China, entre 14 e 17 de novembro, e voltou a reunir empresários, cientistas, pesquisadores, representantes de ONGs, outras organizações e governos e para debater as mais recentes tecnologias destinadas a tornar o automóvel mais limpo.
O "Challenge Bibendum" começou em 14 de novembro com um rali na região de Xangai da qual participaram cerca de 70 veículos vindos de todo o mundo para concorrer ao "campeonato da limpeza" em que são submetidos a uma avaliação de menores índices de poluição e consumo. Entre os dias 15 e 17, depois da abertura oficial do evento, houve dezenas de debates e painéis, envolvendo montadoras, fornecedores de combustíveis, órgãos de trânsito, professores universitários, cientistas e pesquisadores voltados para as estratégias em desenvolvimento no sentido de tornar os meios de transporte menos agressivos ao meio ambiente.
Na pista
Enquanto o gigantesco pavilhão de exposições de Jiading (Xangai) era palco de debates e palestras sobre o tema, dezenas de veículos, com as mais recentes tecnologias para reduzir o consumo e a emissão de CO2, podiam ser testados pelos participantes do evento: desde bicicletas e scooters até enormes ônibus e caminhões movidos por baterias, células a combustível, gás ou híbridos e até as soluções dos motores a gasolina e diesel com significativa redução de consumo e emissões.
No interior do pavilhão, uma grande área abrigava os estandes de cerca de 50 empresas exibindo os produtos e serviços resultados de suas pesquisas voltadas para o veículo mais limpo e econômico. Entre elas, uma brasileira: a Petrobras marcou presença com o etanol e o biodiesel.
No sábado, dia 17, o evento transferiu-se para o centro de Xangai, com desfile de todos os veículos pelas principais avenidas da cidade e exposição para o público em frente ao museu de Ciência e Tecnologia. A cerimônia de encerramento foi no Centro de Convenções.
Soluções
Qual será o combustível do futuro? A julgar pelos temas debatidos e veículos que participaram da nona edição do Challenge Bibendum, a solução a longo prazo está na energia elétrica, obtida de duas fontes. A primeira será uma bateria mais leve e sofisticada (de lítio, semelhante às utilizadas em telefones celulares), aumentando a autonomia e o desempenho do veículo.
A segunda opção é gerar a energia no próprio automóvel, pela fuel cell (célula a combustível), usando como fonte o hidrogênio, por exemplo.
Mas, por enquanto, são todos protótipos. O que já existe, de fato, é uma solução intermediária, a do carro híbrido. O mais famoso é o Toyota Prius (que não marcou presença em Xangai), mas vários outros foram exibidos e puderam ser testados no evento, como os Ford Escape e Edge, o Smart, o Peugeot 307, o Citroën C-Metisse e outros.
O sistema híbrido tem baterias que acionam motores elétricos no trânsito urbano, em baixas velocidades. Quando o motorista exige mais desempenho, na estrada ou em vias expressas, o sistema eletrônico de gerenciamento aciona o motor convencional a combustão interna (gasolina, álcool, gás ou diesel).
Várias montadoras levaram para Xangai seus automóveis convencionais, porém com sensível redução de emissões. A Audi com o A5, o VW Passat, o Renault Logan Eco2.
Empresas fornecedoras marcaram também presença com novas tecnologias. A Magneti Marelli, por exemplo, exibia o sistema Tetra Fuel, desenvolvido no Brasil para a Fiat.
E os biocombustíveis?
Solução que interessa particularmente ao Brasil, o etanol e o biodiesel são soluções a curto e médio prazo, mas que dificilmente se tornarão alternativa aos derivados do petróleo, principalmente pela elevadíssima demanda mundial representada por centenas de milhões de veículos que rodam com gasolina e diesel. Mas, por outro lado, permitem redução imediata do nível de emissões pela possibilidade de adição aos combustíveis convencionais.
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(*) Jornalista viajou a convite da Michelin do Brasil