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Caso Stilo - Carro capota em filme repetido

Acidente envolvendo o hatch, com soltura da roda traseira, no viaduto da Avenida Cristiano Machado, é mais um entre muitos. Proprietário já havia entrado na Justiça

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A lateral praticamente intacta refuta a alegação da Fiat de que a roda se soltou antes da batida

Em 20 de abril, mais um acidente envolvendo a soltura de uma das rodas traseiras do modelo Fiat Stilo se juntou a outros (pelo menos) 30 casos semelhantes, alguns envolvendo mortes, dando respaldo ao recall determinado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) em que os cubos das rodas traseiras devem ser substituídos por outros feitos em aço forjado. Naquela noite, por volta das 21h, um Stilo Sporting capotou na Avenida Cristiano Machado, sentido bairro/Centro, deixando o motorista Marcos Henrique Soares Cintra bastante machucado.

"Eu estava dirigindo a menos de 60km/h quando de repente o carro se inclinou para o lado direito e perdi totalmente a direção. O veículo saiu da rota, bateu de frente contra a mureta direita e em seguida capotou", conta Marcos, que ainda tentou (em vão) "segurar" o carro reduzindo a marcha e pisando levemente no freio. Como o carro estava num elevado, por pouco não caiu na rua embaixo. Para o condutor não existe dúvida de que o acidente ocorreu devido à soltura da roda traseira direita, que fez com que ele perdesse totalmente o controle do veículo.

O fato de o veículo estar com a lateral direita praticamente intacta (foto inferior), principalmente na traseira, inviabiliza a alegação da Fiat de que a roda teria se soltado depois da batida, como se a soltura fosse uma consequência e não a causa do acidente. No momento do acidente, o taxista Paulo Santarelli estava atrás do Stilo de Marcos e foi um dos que socorreram a vítima. Ele afirma que a roda se soltou antes de o veículo bater. "O motorista tentou controlar o carro, mas mesmo assim ele bateu na proteção e capotou. E olha que ele estava devagar", relata o taxista.

Ricardo Sena Santos, que trabalha numa empresa de monitoramento de segurança localizada em frente ao viaduto, viu o acidente pela janela de seu trabalho. "O Stilo veio na mesma velocidade dos outros carros, não sei precisar o quanto, mas eu vi a roda solta antes de o veículo capotar. Para mim isso é muito claro", afirma a testemunha, que chamou os bombeiros e desceu para ver de perto o acidente.

RECEIO
Marcos já tinha conhecimento dos acidentes que vinham acontecendo com o modelo, muitos relatados por Veículos desde 2008, o que gerou preocupação com sua segurança. Ele disse que só continuou usando o veículo porque solicitou uma vistoria à Fiat, realizada na concessionária Strada em 8 de fevereiro de 2008. Segundo o proprietário do Stilo, a concessionária garantiu que o veículo não apresentava nenhuma anormalidade e estava em perfeitas condições de uso.

"Fiquei receoso também com a segurança dos outros, tanto que não quis vender o carro e repassar o risco a terceiros", disse Marcos. Ele ingressou com uma ação na Justiça contra a Fiat, tendo como base todos os acidentes ocorridos, pedindo a troca do veiculo ou a devolução do valor pago por ele. A ação ainda não foi julgada e está em fase de provas. "A Fiat se manifestou nos autos negando o defeito congênito nos modelos Stilo, alegando que eu apenas visava ao lucro com a substituição do veículo", revela.



FIAT
A Fiat afirma que não foi procurada pelo cliente depois do acidente, não teve acesso ao veículo e alega que, por esse motivo, não pode comentar o fato. Mas o fabricante afirma que está disponível para realizar a análise do veículo e prestar qualquer tipo de esclarecimento. Apesar de ter cumprido a determinação do recall, a Fiat reafirma que fez a análise técnica de vários carros que passaram por acidentes semelhantes e não encontrou problemas no produto. A empresa recorreu da decisão usando argumentos técnicos para entender por que o recall aconteceu.