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Casal de brasileiros percorre América Latina em Volkswagen Kombi 1978

Guru Expedição: Kombi motorhome foi o veículo escolhido para rodar 40 mil quilômetros em países da América Latina. Conheça detalhes do modelo clássico adaptado para virar a casa dos aventureiros

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A mais de 6 mil metros de altitude, o casal Gustavo Leite, 34, e Ruth Werblowsky, 33, posa ao lado da Kombi Açaí ao fundo o vulcão Chimborazo, no Equador

Uma Volkswagen Kombi fabricada em 1978, um casal de aventureiros e um longo caminho pela frente. Em março deste ano, Ruth Werblowsky, 33, e Gustavo Leite, 34, deixaram São Paulo para percorrer o Brasil e outros oito países da América Latina em uma versão motorhome do modelo clássico de veículo fabricado pela Volkswagen. A uma velocidade média de 75km/h, imposta pelas limitações do veículo, a previsão é rodar cerca de 40 mil quilômetros em um ano de viagem. Depois de passar pelas regiões Nordeste e Norte do Brasil, percorrer a Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, os viajantes estão na Bolívia e de lá seguem para o Chile, Argentina e Uruguai antes de entrarem novamente no território nacional pela região Sul e retornar à casa.


Formada em Hotelaria, Ruth conta que a paixão por viajar pedia mais que 30 dias de férias por ano para conhecer o mundo. Já o geógrafo e professor Gustavo planejava uma viagem “sem relógio e calendário” há cinco anos. Juntos tomaram a decisão que 2015 seria o tão sonhado ano para realizar o projeto “Guru Expedição”. Deixaram cada um seu emprego fixo, transformaram o apartamento na Vila Madalena, na capital paulistana, em um carro e o quintal de casa passou a ser o mundo. Durante o planejamento, cogitaram viajar de carro, moto, ônibus e trem, mas segundo eles, o destino colocou a Kombi Açaí - nome dado pelo casal - no caminho.

Em Uberlândia, Minas Gerais, ainda no início da expedição, o casal mostra o quarto que ocupa dentro da Kombi

Foi através de um anúncio na internet que tomaram conhecimento da casa-kombi, que estava há cinco anos estacionada na casa de uma família, na zona sul de São Paulo, e fizeram uma oferta de compra. O veículo que na década de 1990 levava a senhora Margarida, o senhor Nelson e seus três filhos a diferentes destinos turísticos do Brasil, passou a pertencer ao jovem casal que resolveu investir as economias para conhecer e vivenciar diferentes paisagens e costumes na América do Sul.

Negócio feito, mas os pneus estavam murchos, o motor sem funcionar, as mangueiras de combustível ressecadas, a embreagem difícil de pisar e não havia freios. Para tirar a Kombi da garagem, foram mais de 3 horas de trabalho. De lá foi direto para a oficina mecânica e tiveram uma boa surpresa: o motor do carro estava em boas condições.

O veículo já estava equipado com cama de casal, caixa d’água, luz elétrica, banheiro com vaso sanitário e pia, chuveiro, armários, fogão e geladeira.O casal conta que a altura do teto e o espaço interno foram alterados para oferecer mais conforto e versatilidade aos viajantes.


Montar uma casa em um carro não foi tarefa simples. Roupas para variadas temperaturas e ocasiões, utensílios de cozinha, alimentos, peças de reposição do veículo, prancha de surfe, estepe e outros objetos dividem o mesmo espaço, que é bem pequeno. As peças de vestuário foram organizadas em dois pequenos armários e um maleiro. O casal explica que para aumentar a capacidade de carga adaptaram um bagageiro do lado externo. Os pratos, talheres, panelas e vasilhas foram colocados em uma geladeira térmica original do carro e que virou armário. As comidas ficam armazenadas em uma caixa plástica e no pequeno frigobar, que é ligado apenas quando há tomada disponível nas paradas. Uma fruteira foi adaptada para colocar calçados, roupas e outros objetos que são guardados dentro do banheiro.

Depois de uma limpeza minuciosa, os estofados e cortinas do interior foram trocados. Para lubrificar a suspensão e derreter a graxa dos bicos foi necessário deixá-la de molho no diesel durante horas.

Para amenizar o problema do calor no interior do veículo e possibilitar que dormissem com vidros fechados, eles instalaram um climatizador de ar no teto.

Para amenizar o frio, Gustavo esquenta água para um chá na região do vulcão Chimborazo, no Equador


Ao entrar em cada novo território eles precisam resolver uma série de questões legais, que variam de acordo com a legislação do país. Na Bolívia, por exemplo, onde o Guru Expedição está neste momento, ao cruzar a fronteira com o Peru foram comunicados que precisariam ir até La Paz, cidade que não estava no roteiro, para pagar o seguro nacional obrigatório para os carros. Antes de enfrentar o trânsito da capital, aproveitaram alguns dias no Lago Titicaca. Eles dormem todas as noites dentro da Kombi mesmo. A comida algumas vezes é feita por eles em um fogão de duas bocas e outras vezes comem em restaurantes.

A aventura, que deve ser finalizada em março de 2016, pode ser acompanhada pela página Guru Expedição (facebook.com/guruexpedição) e pelo blog guruexpedicao.com.br. No blog eles contam sobre os lugares que visitam, dão dicas turísticas e relatam algumas peripécias que enfrentam, como a falta de combustível na Venezuela que os obrigou a enfrentar um fila enorme com muita confusão para abastecer e depois acabaram não pagando nada pela gasolina por falta de dinheiro trocado. Em Quito, no Equador, a expedição fez uma pausa de mais de 30 dias porque o carro estragou. Como a moeda locar é o dólar, o conserto ficaria muito caro e tiveram que contar com a boa vontade de um mecânico que fez o trabalho sem custos e com um pouco de demora.

O motorhome estacionado em Cordilheira Branca,uma subcordilheira da Cordilheiras dos Andes, no Peru