Sem sequer chegar ao mercado nacional, o carro elétrico já foi duramente atingido. Primeiro foi o aumento de 30% no IPI para importados, o que inviabiliza a importação desses carros, que já pagam a alíquota máxima de 25% de IPI (popular 1.0 paga 7%). Depois veio o novo plano diretor da indústria automotiva nacional, que até prevê incentivos para os fabricantes que investirem mais em inovação e para os modelos mais econômicos, mas não acena nenhuma vantagem direta aos híbridos e elétricos. A luz dos elétricos parecia realmente cortada, mas um projeto de lei é o primeiro aceno aos modelos verdes. Trata-se do Projeto de Lei 2092, de 2011, do deputado federal Irajá de Abreu, do PSD de Tocantins, aprovado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
Até agora, os modelos mais ecológicos tinham como incentivo apenas a isenção no IPVA em alguns estados, como Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe, ou desconto no imposto, oferecido por São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. O projeto contempla os elétricos, isentando de impostos como IPI e contribuições de PIS e Pasep não apenas os veículos, mas também peças, acessórios e insumos. Além disso, pode criar uma classe própria de consumo de energia para a recarga de elétricos, com valores e regras próprias de tarifação. Até o momento, carros elétricos ou híbridos são classificados por analogia. Tomando como exemplo o Ford Fusion Hybrid, o carro mexicano paga a tarifa mais cara de IPI pelo motor a combustão 2.5 que bebe apenas gasolina, ou seja 25%, ainda que seja mais econômico e poluente que outros na mesma classe. Poderia ser o pontapé inicial para a comercialização de modelos em estudo, como o Nissan Leaf. A companheira Renault, por sua vez, deve vender alguns modelos da linha Zero Emissions no país.
SINAL VERDE O projeto de lei é o primeiro sinal do governo, que prometeu incentivos ainda no 2º mandato de Lula, em maio de 2010. “No fim do governo Lula havia um grupo de trabalho ministerial trabalhando no assunto e chegou-se a anunciar aquele pacote. Porém, esse grupo morreu no governo Dilma. Membros do ministério ainda tratam o assunto internamentre, mas não como antes”, lamenta Reinaldo Muratori, diretor de planejamento da Mitsubishi brasileira. A indústria nem milita por descontos diretos, como é feito nos Estados Unidos, porém espera descontos em tarifação. Segundo Muratori, antes da medida do IPI para importados o elétrico i-MiEV sairia por salgados US$ 110 mil, o equivalente a cerca de R$ 220 mil, valor que agora subiu para US$ 150 mil, cerca de R$ 300 mil. Lembrando que os elétricos pagam a alíquota máxima de IPI, 25%, enquanto os híbridos são taxados pela cilindrada do motor, como os carros convencionais. Se o imposto fosse de 7%, como o dos populares, o valor dos elétricos já diminuiria 16%, segundo as contas da Mitsubishi.