Os seis principais modelos fabricados pelas quatro grandes montadoras brasileiras - Gol, Palio, Corsa, Celta, Uno e Fiesta - respondiam por 57% das vendas de automóveis no País em 2004, ano em que o mercado interno começou a crescer e não parou mais. Este ano, quando novo recorde é esperado, os modelos seguem na lista dos mais vendidos, mas a participação conjunta caiu para 36% de janeiro a abril.
Nesse intervalo, houve uma enxurrada de lançamentos, o poder aquisitivo do brasileiro melhorou, o câmbio favoreceu as importações e uma leva de novas marcas chegou ao Brasil. No início, disputavam nichos de mercado com pouca participação das marcas nacionais. Agora, começam a atacar seu principal segmento de atuação, o de carros populares, e também os de hatches pequenos e médios.
“É a primeira vez, desde a abertura às importações, em 1990, que as quatro maiores fabricantes enfrentam essa concorrência”, afirma Sérgio Habib, presidente do Grupo SHC, responsável pela importação dos chineses J3 e J3 Turin, da marca JAC.
No mês passado começou a ser vendido o Chery QQ, compacto chinês de R$ 22.990. Antes, o mais barato no País era o Uno Mille, a R$ 23.220. Além do preço, o importado tem itens que não estão disponíveis no modelo da Fiat, alguns deles nem como opcionais: freios ABS, airbag, vidro elétrico, som, ar-condicionado e direção elétrica.
Para o consultor de mercado da CSM Worldwide, Fernando Trujillo, “o consumidor mudou seu comportamento e hoje, além do preço acessível, busca carros com maior conteúdo”. Os importados estão atendendo a essa demanda.
Segundo a imprensa especializada, que testou o QQ, o compacto deixa a desejar em segurança e acabamento. As vendas ainda são pequenas: menos de 300 unidades até agora. Mas, se a trajetória do modelo seguir a de outros carros asiáticos, a disputa pelo consumidor pode ser acirrada.
Mais vendido
Segundo a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), o coreano Hyundai i30 2.0 é atualmente o hatch médio mais vendido no Brasil. Foram 13 mil unidades nos primeiros quatro meses do ano, ante 9,7 mil do Punto, da Fiat, feito em Minas Gerais, e 8,5 mil do Focus, da Ford, fabricado na Argentina. Na lista dos sedãs grandes, onde só tem importados, os dois mais vendidos este ano também são da Hyundai: o Azera e o Sonata, com 2,8 mil e 2 mil unidades cada.