No meio entre tantos anúncios de veículos seminovos e usados no mercado, alguns modelos se destacam pelo alto preço. E não são carros importados seminovos: tratam-se de veículos antigos e raros, negociados facilmente com cifras acima dos R$ 100, 200 e até 300 mil. Em alguns casos, o valor do veículo é superior ao de lançamentos e até mesmo se equipara com versões atualizadas do mesmo modelo.
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Um exemplo é o Chevrolet Camaro RS 1967, que está sendo vendido por R$ 157 mil numa agência de Belo Horizonte. O carro tem placa preta e motor V8 de 5.4 litros, com os faróis escondidos. “Esse modelo é de uma fase que marcou muito o Camaro e já pertenceu à coleção do Paulinho do J.Quest. Recebemos ligações do país inteiro para saber informações do carro”, comenta Emerson Gonçalves, proprietário da Salão Automóveis.
Esse segmento de venda é bastante peculiar e uma das características é o grande tempo para negociação. Geralmente a venda de um modelo clássico e raro pode durar meses e às vezes o interessado quer incluir um outro antigo no negócio. “Esses carros mais caros são mais difíceis de aparecer e de vender. São para colecionadores exigentes”, completa Emerson.
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De fato, os preços são privativos, que tornam esses veículos privilégios de poucos, mesmo várias décadas após a fabricação. É o caso de um belo Cadillac Coupe de Ville, 1959, à venda em Belo Horizonte por R$ 330 mil. Em estado impecável, o veículo tem motor 6.0, transmissão automática, bancos, vidros, travas e espelhos elétricos.
“O Cadillac 1959 é o carro que mais representa os anos 50. Era o veículo favorito do Elvis Presley, que teve vários modelos.”, comenta Carlos Alberto Sá, proprietário da BR Veículos Imports, que está vendendo o modelo consignado. “Ninguém compra um carro desse para andar; é um público muito específico”, afirma.
Mais caro ainda é um Chevrolet Corvette 1960 vermelho, com motor V8 de 245 cavalos e câmbio automático de duas marchas, à venda em uma revenda de Belo Horizonte. Custa R$ 385 mil e o Brasil tem apenas duas unidades dele. Mas também existem modelos mais 'em conta', como uma bela Mercedes-Benz SL 480 1975, com o preço de R$ 105 mil.
Modelos produzidos no Brasil também atingem cifras bem salgadas. Carros como o Ford Maverick GT e Dodge Charger R/T estão entre os mais valorizados. “Se estiverem em ótimas condições, esses carros ultrapassam a casa dos R$ 100 mil. Modelos esportivos nacionais da década de 70 estão em alta”, afirma Gustavo Brasil, professor e empresário do ramo de carros antigos.
Também entram nessa lista veículos como o Volkswagen Karmann-Ghia conversível e Dodge Charger. Colecionadores empenham bom dinheiro ainda em carros nacionais como os Simca Presidente e Jangada. “Tem muito antigo nacional que está valendo mais que importado”, diz Carlos Sá.
Tabelas e fama
Por que esses veículos atingem valores tão altos? Segundo Gustavo Brasil, além do grau de conservação ou restauração, a raridade é fator importante. Série especiais, poucas unidades fabricadas e ex-proprietários famosos são atributos bastante cobiçados. Outros modelos ganham ainda um valor subjetivo, caso apareçam no cinema e seriados, caso da primeira geração do Mustang.
Os veículos têm valores diferenciados para cada geração. Se uma alteração da marca “não pegou” na época, o carro acaba desvalorizado em relação ao modelo anterior ou posterior. "Os Camaros dos anos 60 são muito valorizados. Já os modelos LT, de 1974 a 1977 são carros clássicos, mas valem metade ou mesmo um terço da geração da década anterior, mesmo sendo até mecanicamente melhores”, exemplifica Brasil.
Os preços dos antigos vendidos no Brasil se assemelham aos valores praticados nos Estados Unidos, berço do antigomobilismo. Lá existem até tabelas dessas raridades, como é rotina para avaliar o custo de modelos novos e seminovos no mercado convencional. “Os colecionadores comparam a tabela do antigo nos EUA e fazem a conversão do dólar e dos custos de importação para o Brasil. Assim, dá para saber qual valor cobrar por um modelo”, diz o empresário.
Na busca por interessados, os vendedores levam os modelos para feiras e encontros de antigos, além da internet. O mercado dos antigos pode ser ainda um bom investimento, mas com baixa liquidez que exige desprendimento do valor investido no bem. “Depende muito do momento econômico do Brasil. Atualmente não há como pedir ágio por um antigo, bem como um proprietário lucrar tanto com a venda. Mas a situação pode mudar e novos compradores podem aparecer para realizar o desejo de ter um veículos desses”, analisa Emerson Gonçalves. "'Mais vale um gosto do que dinheiro no bolso' é um ditado que sempre escutamos. Mais cedo, mais tarde aparece o cliente certo", comenta Gustavo Brasil.