O monovolume (ou minivan) é um conceito de carroceria relativamente recente na história automotiva e tem influenciado cada vez mais os outros segmentos. Prova disso é que existem modelos que se confundem entre a categoria dos monovolumes compactos e a dos hatches, como VW Fox, Citroën C3, Honda Fit, Fiat Idea e Mercedes-Benz Classe A. "A fronteira entre esses segmentos é elástica. Se temos um hatch mais alto, este já se aproxima dessa fronteira. Isso é comum na classificação do carros, à medida que vão evoluindo", avalia o engenheiro mecânico José Fernando Penteado, colaborador da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).
Mas quais são os elementos que definem um monovolume? Penteado explica que essas características não são padronizadas e sempre se encontram pequenas variações. "Genericamente, podemos dizer que um veículo é monovolume quando temos visualmente numa carroceria o motor, o habitáculo e porta-malas integrados, sem uma separação muito clara" diz o engenheiro, que lista algumas características comuns do segmento: máxima eficiência do uso do espaço; veículo mais alto e boa visibilidade. Edson Esteves, professor de mecânica automobilística da Fundação Educacional Inaciana (FEI), lista outros elementos: grande área envidraçada; inclinação do capô semelhante à do para-brisa e capô dianteiro mais curto.
A Wikipedia, enciclopédia livre hospedada na internet, elege erroneamente o segmento multiuso (como o Fiat Doblò e o Renault Kangoo) como sinônimo de minivan. O professor nega tal semelhança afirmando que os multiusos podem ser configurados tanto para carga quanto para passageiros, o que já os desqualifica como minivan, que é de uso particular. José Fernando Penteado completa dizendo que, nos multiusos, o compartimento do motor é completamente separado do habitáculo, outro fator que os diferencia das minivans.
Kombi
Curioso é constatar que a Kombi, indiscutivelmente um multiuso, seja a melhor ilustração que existe para um monovolume, com todas as sua quinas formadas de ângulos retos (formato que a faz ser comparada a um pão de forma). "Estas divisões não são completamente rígidas. Um veículo pode perfeitamente estar classificado em duas categorias. Acrescento a esse exemplo da Kombi aquele dos hatches que podem ser considerados monovolumes de dimensões menores", esclarece Edson Esteves.
Quem evoca a "invenção" das minivans é a Chrysler. No cenário dos Estados Unidos do final dos anos 1970, famílias numerosas adaptavam as vans de grande porte para serem seus veículos de passeio. Essas vans traziam como desvantagem o grande porte e o desconforto. A plataforma deveria usar um chão plano com todo o trem de força na frente do compartimento dos passageiros, criando assim uma plataforma com assentos mais altos, já que um chassi de tração traseira teria exigido um chão mais baixo ou um túnel central mais alto para dar espaço ao trem de força. O projeto foi chamado de "perua mágica" e a primeira minivan chegou ao mercado norte-americano no final de 1983. Já em 1987, as minivans chegaram à Europa.