A indústria automobilística está confiante no pacote de incentivos fiscais anunciado pelo governo, que deve trazer de volta o chamado carro popular. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), inclusive, estima que essa medida resultará na venda de até 300 mil novos veículos a mais em 2023. Mas o caso é que, talvez, nem todos os modelos alcancem alta nas vendas.
Isso, porque há modelos que simplesmente não despertam interesse de compra nos consumidores, mesmo quando têm preço baixo. E olha que, muitas vezes, o produto tem qualidades, mas falta de tradição no segmento e estratégias equivocadas de marketing ou de posicionamento acabam fazendo com que as vendas não alcancem os patamares desejados.
Carro popular: 5 modelos que fracassaram no Brasil
No próprio mercado brasileiro, há alguns exemplos de casos assim. E o listão de hoje é exatamente sobre eles: o VRUM enumerou 5 automóveis com proposta acessível que fracassaram do ponto de vista comercial. Será que a história se repetirá com a volta do carro popular? Deixe sua opinião nos comentários!
1- Renault Clio
O Renault Clio é um daqueles produtos que, apesar das qualidades, acabam não caindo no gosto dos compradores. O hatch ganhou produção nacional em 1999 e inovou ao trazer airbags frontais em todas as versões, numa época em que esses equipamentos eram dignos de modelo de luxo. No ano seguinte, veio o sedan da gama, que, além dos itens de segurança, trazia um enorme porta-malas de 510 litros.
Os dois modelos tinham projeto moderno e ostentavam bom acabamento interno, mas nada disso foi capaz de seduzir o consumidor. As vendas do Clio nunca decolaram, e a Renault só conseguiu ter um carro popular de sucesso depois de lançar o Sandero. O hatch ainda chegou a ter uma sobrevida até 2016, mas o sedan saiu de linha já em 2009.
2- Peugeot 207
Os veículos da Peugeot costumam ser alvos de bullying nas redes sociais, mas o fato é que a marca francesa obteve bons números de vendas no início dos anos 2000 com o hatch 206. Primeiro carro nacional da empresa, ele agradou graças ao design muito bem-resolvido e ao interior mais sofisticado que o dos similares de proposta popular daquela época. Mas a coisa desandou com o 207.
Tudo foi fruto uma estratégia comercial controvertida: em vez de trazer o 207 europeu, o fabricante simplesmente reestilizou o 206 nacional e o rebatizou com o nome do sucessor. O modelo nunca conseguiu repetir os bons números do antecessor e ficou envelhecido quando a concorrência trouxe produtos realmente novos. A Peugeot ainda não reconquistou a parcela de mercado perdida para a concorrência.
3- Chery QQ
A história da Chery no Brasil se divide, basicamente, em duas partes: antes e depois da associação com o Grupo Caoa. Durante o período inicial, a marca chinesa importou a primeira geração do QQ para o país e chegou até a produzir a segunda safra em Jacareí (SP). Com proposta extremamente popular, o subcompacto chegou a deter o título de carro mais barato do mercado.
Nem por isso, entretanto, o QQ fez sucesso. Muito pelo contrário: entre 2011 e 2019, enquanto esteve à venda, modelo somou números inexpressivos de emplacamentos. O Grupo Caoa, que assumiu as operações da Chery em 2017, decidiu voltar a estratégia comercial para veículos maiores e mais caros, que têm maior margem de lucro e ajudam a construir uma imagem de sofisticação no mercado.
4- Volkswagen up!
Outro carro popular que foi sucesso de crítica, mas fracasso de público, foi o Volkswagen up! Em relação ao Gol, ele tinha projeto mais moderno e melhor padrão de construção, porém isso resultava em preço mais alto. Além da concorrência interna com o "irmão" maior, o hatch sofreu também com os rivais Fiat Mobi e Renault Kwid, ambos bem mais acessíveis, apesar de menos refinados.
A produção do up! no Brasil durou apenas 7 anos, de 2014 a 2021. O modelo saiu de linha antes mesmo do próprio Gol, cuja fabricação foi encerrada apenas no ano seguinte. Vale lembrar que as versões equipadas com motor 1.0 TSI, equipado com turbo e injeção direta, conseguiram cativar um público entusiasta: afinal, esse propulsor dava desempenho de gente grande ao pequeno Volkswagen.
5- Toyota Etios
Quando chegou ao mercado, em 2012, o Etios até que exibia alguns trunfos: um deles era a direção elétrica, quando todos os concorrentes ainda utilizavam o sistema de assistência hidráulica; o outro era a boa avaliação do Latin NCAP, que lhe concedeu quatro estrelas em uma época na qual os modelos de entrada eram frequentemente reprovados. Porém, em outros aspectos, o modelo deixava a desejar.
Entre os pontos fracos, estavam o design extremamente funcionalista e o interior simplório, com instrumentos em posição central. O Etios chegou a ganhar melhorias com o passar do tempo, porém, as vendas da gama, composta pelo hatch e pelo sedan, não saíram da marcha-lenta. O carro popular da Toyota deixou o mercado em 2021, mas, curiosamente, ainda é produzido para exportação.
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