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Cadeia automotiva - A roda que move a economia

Investimentos previstos pelas montadoras no país, estimados em US$ 11,2 bilhões até 2012, puxa novos aportes em todas as empresas ligadas ao setor, como autopeças e motores

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Fábrica de caminhões da Iveco, em Sete Lagoas, que recebeu R$ 80 milhões no ano passado na linha de semipesados. Grupo Fiat agora prepara nova versão de veículo militar para o Exército brasileiro

As vendas recordes de automóveis no Brasil fazem com que as empresas do setor projetem investimentos vultuosos, o que abre perspectiva de centenas de vagas no setor. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, que também é presidente da Fiat, calcula investimentos de US$ 11,2 bilhões - o equivalente a R$ 19,8 bilhões - entre este ano e 2012, somando os aportes de todas as fábricas de veículos instaladas no país. O volume representa uma aceleração de 38,3% no ritmo de investimentos do segmento, que aplicou US$ 8,1 bilhões entre 2007 e 2009, R$ 14,3 bilhões em valores convertidos. Os investimentos estão calcados nas expectativas de venda que, segundo projeções da Anfavea, devem fechar o ano em 3,4 milhões de unidades, o que representa um crescimento de 8,2% em relação ao ano passado.

Do plano de investimento do Grupo Fiat em curso, de R$ 5 bilhões, iniciado em 2008, cerca de dois terços já foram investidos e ainda há R$ 1,8 bilhão para ser aplicado até o fim do ano. Nesse período, a capacidade de produção foi expandida, passando de 700 mil para 800 mil veículos por ano. Só o projeto do Novo Uno, lançado no início do mês, recebeu cerca de R$ 1 bilhão, que corresponde a 20% do investimento trienal do grupo, que engloba desde o desenvolvimento do projeto, preparação de ferramental até o marketing do produto.

CADEIA
Aliás, o desenvolvimento de um novo carro mobiliza toda a cadeia, gerando diversos investimentos e contratações. A Stola, uma das principais fornecedoras de carroceria e peças da Fiat, apresentou o plano de expansão da fábrica em Belo Horizonte. A estimativa é de investimento de R$ 180 milhões, sendo parte captada junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que deve proporcionar 500 novas vagas de trabalho.

A FPT, fábrica de motores do grupo Fiat, inaugurou no fim do ano passado a unidade Fire II, em Betim. Com ela, a FPT expandiu sua capacidade de produção de 550 mil para 700 mil motores anuais, com investimento de R$ 300 milhões - o que gerou 200 novos postos de trabalho. Na unidade da FPT é produzida a segunda geração dos motores Fire 1.0 e 1.4, que equipam o Novo Uno.

Quem pegou carona nessa onda positiva da indústria automotiva foi Carlos Alberto Cândido de Silva, de 22 anos, contratado há seis meses pela Teksid para trabalhar na montagem dos cabeçotes dos motores 1.0 e 1.4 do Novo Uno. Carlos é responsável pela mistura de areia para fundição de componentes da peça. Ele está satisfeito, principalmente, porque no emprego anterior pediu demissão, pois não se sentia seguro. "Trabalhava com segurança patrimonial, monitorando um circuito interno de televisão, mas, em muitas situações ficava exposto à violência", lembra Carlos.

TREINAMENTO
Quando pediu demissão, ficou um ano desempregado, procurou vaga em vários lugares, e conseguiu no setor automotivo, mesmo sem experiência anterior. Ele conta que recebeu o treinamento e teve as necessidades atendidas devido à sua baixa estatura. O próximo desejo de Carlos é comprar um carro, de preferência, um Palio 1.4, com câmbio dualogic (automatizado), pois precisa desse opcional para dirigir, além do alongamento dos pedais. Já o Novo Uno, que motivou a contratação dele, não é ideal, pois não oferece a opção do câmbio automatizado, impedindo a adaptação. A Teksid, em que Carlos trabalha, investiu R$ 50 milhões na nova unidade de alumínio, que produzirá cerca de 600 mil cabeçotes por ano e prevê um investimento de R$ 100 milhões para a unidade de ferro gusa.

Alberto Cândido de Silva, de 22 anos, contratado há seis meses pela Teksid para trabalhar na montagem dos cabeçotes dos motores 1.0 e 1.4 do novo Uno.



A Iveco, com planta em Sete Lagoas, na Região Central do estado, tem um convênio com o Exército Brasileiro, desde o fim do ano passado, para a construção de 2.044 unidades de Veículos Blindados para o Transporte de Pessoal Médio Sobre Rodas (VBTP-MR), com contrato de R$ 6 bilhões para 20 anos. Além disso, a empresa concluirá, no fim do ano que vem, um total de investimento de R$ 570 milhões, iniciados em 2007.

Dentro desse montante, R$ 30 milhões foram usados na instalação do Centro de Desenvolvimento de Produtos e da unidade de caminhões semipesados, com investimento de R$ 80 milhões, em Sete Lagoas.

BRASIL PASSA EUA
O Brasil se tornou o quinto maior produtor de automóveis do mundo, de acordo com a Organisation Internationale des Constructeurs d'Automobiles (Oica). Com 2.576.628 de unidades fabricadas em 2009, o país superou a produção dos Estados Unidos, na sexta posição com 2.249.061 unidades. O fraco desempenho dos EUA é justificado pelo maior consumo de veículos comerciais leves (utilitários esportivos e picapes) no país e pela crise que afetou durante todo o ano passado tanto o mercado americano quanto países para os quais exportam. O líder do ranking em 2009 foi a China, que fabricou 10,3 milhões de unidades, seguida pelo Japão (6,8 mil), Alemanha (4,9 milhões) e Coreia do Sul (3,1 milhões).