O ano de 1964 foi marcante para a história dos esportivos nacionais. Além do surgimento do GT Malzoni nas pistas (já que sua versão de rua só seria lançada em 1966) e a apresentação do protótipo Capeta (da Willys), nesse mesmo ano foi apresentado no 4º Salão do Automóvel o Brasinca 4200 GT, que ficou conhecido também como Uirapuru. O dono do projeto foi Rigoberto Soler, o mesmo do Willys Capeta.
A proposta do Uirapuru era ambiciosa. Nada de aproveitar o chassi de algum veículo já em produção. A estrutura tipo monobloco foi desenvolvida exclusivamente para o modelo. Soler também não quis usar fibra de vidro e projetou a carroceria em aço, com chapas moldadas a mão sobre gabaritos, para substituir o uso de prensas.
O motor escolhido foi um seis cilindros em linha, de 4.271cm³, o mesmo que equipava o caminhão Chevrolet Brasil. Devidamente adaptado, com três carburadores, o propulsor rendia 155cv de potência bruta e velocidade máxima que ultrapassava os 200km/h. Seu alto torque, 32,7kgfm a 3.200rpm, não era comum em um esportivo. No início, o câmbio era de três velocidades, que logo foi substituído por um de quatro marchas.
Estilo
O Uirapuru tinha um longo capô, adornado com elegante tomada de ar ornamentada por uma grade semelhante à do motor. Os retrovisores cromados ficavam fixados bem à frente do para-brisa. As saídas de ar estavam integradas a um vinco em cada lateral. Na traseira, um vidro enorme contrastava com o para-choque e as lanternas esguias. O painel de instrumentos era revestido de jacarandá e exibia um clássico volante Walrod, de três raios.
Polêmica
Sem dúvida, a parte mais polêmica do modelo eram os faróis circulares, que pareciam destoar do restante do conjunto. Mas, com o passar dos anos, eles conferiram personalidade ao Uirapuru. Esse componente foi o principal foco de uma discreta reestilização feita no modelo em 1966. O novo formato retangular combinava melhor com as linhas do cupê, mas ainda sim foram posicionadas de uma forma pouco comum, mais para o centro da dianteira, e acabaram suprimindo a grade.
Trajetória
A Brasinca começou a produzir o 4200 GT em 1965. Nesse ano foram vendidas 50 unidades do modelo, o que fez a empresa entender que o projeto era inviável. No ano seguinte, o Uirapuru passou a ser fabricado por uma empresa chamada Sociedade Técnica de Veículos, cujo diretor era o próprio Soler. Como era comum na época, foi criada uma equipe de competição para divulgar o modelo. Além da já citada frente, na reestilização o modelo ganhou novo painel, mais 7cv de potência e uma versão conversível. Com um total de 75 unidades vendidas, o Uirapuru deixou de ser produzido em 1967.