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Bancos automotivos feitos em Minas podem ser referência na América do Sul

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Equipamentos simulam desgaste nas estruturas. Banco do novo Palio
será parecido com este

 

De São Joaquim de Bicas, MG - Uma fábrica mineira pode se tornar referência na América do Sul na construção de estruturas de assentos automotivos. Pelo menos é o projeto da Magna Seating, que assumiu no começo deste ano uma planta na cidade de São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A multinacional canadense comprou a fábrica mineira Resil, por um valor não divulgado, no final do ano passado. No negócio, a Magna levou a fábrica de Camaçari, na Bahia, que atende a Ford, e em Bicas, cujo principal cliente é a Fiat.

Reportagem do Vrum teve acesso ao setor de novos produtos da fábrica, onde pôde ver a estrutura dos assentos do novo Fiat Palio, que será lançado no segundo semestre. Conforme nossa equipe apurou, a peça será praticamente a mesma utilizada no novo Uno. A diferença é que os encostos de cabeça do motorista e passageiro da frente serão ajustáveis, ao contrário do Uno. Não foram permitidas fotos nesse setor.

A proposta da Magna é de trazer tecnologia utilizada em outras fábricas da multinacional para a unidade de Bicas. Em breve, as estruturas feitas em Minas serão vendidas completas, com trilhos para ajuste de distância do banco e reclinadores lombares. Atualmente, essas peças são adquiridas de outros fabricantes.

“Minas Gerais vai ser o centro da Magna para a América do Sul. Estruturas metálicas e trilhos vão ser produzidos aqui e exportados para a Argentina”, garante o alemão Wilhelm Keller, vice-presidente executivo da Magna Seating no continente.

A multinacional tomou posse da fábrica no começo de janeiro, mas as cores azul e branco da antiga proprietária ainda são presentes em vários pontos da unidade e nos uniformes dos funcionários. Mas aos poucos o vermelho e branco já toma conta, evidenciado pela bandeira do Canadá que tremula na fachada da fábrica. Em São Joaquim de Bicas trabalham 1.3 mil funcionários que, segundo os diretores da Magna, serão mantidos.

Cerca de 60% dos bancos são vendidos para o Grupo Fiat, incluindo os 10% exportados para a Argentina. Os outros principais clientes são a Ford, com 20%, e General Motors, com 12%. O faturamento em 2010 girou em torno de R$ 293 milhões e o objetivo dos novos dono é que cresça entre 12 e 15% a mais neste ano.

Ainda com uniforme antigo: a maioria do corpo de funcionários foi mantida



“Nossa preocupação em princípio não está em aumentar o faturamento, mas trazer tecnologia para se manter no futuro. Vamos utilizar o know-how que a própria empresa aplica em nível internacional em produtos e funcionários”, esclarece Keller.

A fábrica de Bicas tem capacidade de produzir até 400 mil estruturas por mês, que equipam 60 veículos de 25 marcas.

Porta a porta

A crise econômica de 2009 fez a canadense Magna, que produz diversos componentes automotivos, a buscar novos mercados. Até então, o principal mercada era o norte-americano e europeu. Com isso, passou a investir também em países emergentes. Na América Latina são quatro fábricas na Argentina e quatro no Brasil. Além das adquiridas da Resil, possui filiais em São Paulo e Atibaia.

Os canadenses sinalizam mais investimentos, como uma fábrica que será construída em São Caetano (SP), para suprir a GM. Com o anúncio de novas linhas de montagem da Volkswagen e da Fiat, o Brasil pode receber mais filiais. “Onde a montadora precisar, vamos estar na porta para atendê-los”, diz Wilhelm Keller.

Cerca de 400 mil bancos são produzidos por mês