
	Casamentos desfeitos são comuns, porém não convém expor seus bastidores  ao público. Mas, quando a história envolve empresas, os acontecimentos  ganham outra proporção. Caso da separação do grupo Effa-Lifan, formado  pelo empresário uruguaio Eduardo Effa, que representa também a chinesa  Hafei, e a Lifan, agora desmembrada. O desquite já era público. Porém,  as motivações não ficaram claras. Combalido, o grupo começou a se  desmantelar internamente. Vários executivos abandonaram a canoa há  tempos, enquanto a engenharia debandou em massa. Uma das razões está na  sucessão de problemas apresentados pelos automóveis. Há casos de  remarcação de chassis, enquanto outros comprometem a segurança.
Ainda  não divulgado, o problema de marcação atinge centenas de pequenos  comerciais Start, que compõem a linha Effa junto com a cópia da  Chevrolet Colorado, a picape Plutus e o polêmico compacto M100. Segundo  comunicado de 10 de novembro de 2011 emitido pela Hafei Motor, que  produz na China os modelos, a rasura foi causada por um erro  administrativo e eles não teriam atentado para as consequências da  correção. Estão envolvidos 570 veículos Start picape e van com numeração  de chassi entre LKHGN1AG1CAR00096 e LKHPF2CG6CAY00270. Para não  descobrir antes que seja tarde, os proprietários e interessados devem  verificar a marcação dos chassis, cuja alteração deixa sinais claros  tanto na tipografia quanto no arranjo do código.
As respostas da  Effa Motors são tão inquietantes quanto o problema em si. “Tomamos  conhecimento do fato quando os veículos já estavam nacionalizados e, em  sua maioria, vendidos aos concessionários”, afirma Bruno Ferreira,  diretor-financeiro da Effa Motors. Perguntamos se a remarcação alterou o  ano/modelo de algum veículo, como apuramos. Porém, segundo a Effa  Motors, não é possível saber isso. Segundo eles, somente três casos  tiveram problemas de licenciamento e o dos consumidores já teria sido  resolvido. A falta de sintonia entre representante e matriz pode  esconder outras aberrações e já azedou a antiga relação com a Lifan.
 
MAUS ARES  Denunciado pelo caderno Vrum em julho de 2011, o problema de vazamento  de vapores de combustível dentro do Lifan 320 foi assumido em um  primeiro momento, junto com a afirmação que poderia ser até caso de  recall. O mesmo aconteceu com a indicação incorreta do velocímetro,  capaz de apontar a mais, a menos ou, até mesmo, se isentar de qualquer  indicação. Porém, em outubro, perguntamos a então Effa-Lifan a quantas  andava a solução. Muitos consumidores se indignaram com o despreparo da  rede. O leitor Bruno Azalim da Costa vendeu seu 320 ao próprio  concessionário por R$ 26 mil, R$ 4.500 a menos que pagou, só para se  livrar do problema. Em nota, a marca afirmou que os problemas com o  velocímetro se deram “por causa de um lote de sensores de velocidade com  calibração inadequada”, enquanto “os vapores de combustível seriam  casos de baixa frequência ou de mau uso”, culpa do frentista ou do  usuário.
O senão é que não se trata nem de uma coisa ou outra.  Segundo informações cruzadas por fontes, as falhas na vedação do tanque  tem várias origens, sendo um erro do projeto. De posse das circulares de  serviço, confirmamos que o problema tem três causas distintas,  envolvendo falhas na tampa de combustível, na vedação do tanque e na  válvula do cânister. “Reforçamos os reparos dizendo aos concessionários  para verificarem todos os modelos e fizemos um boletim bem explicado  como uma receita de bolo para consertar os três problemas e substituir  peças”, garante Carlos Tavares, diretor de pós-venda da nova Lifan.  “Infelizmente, não saíram com a solução completa”, afirma.
O  problema do velocímetro, por sua vez, era velho conhecido da Effa-Lifan,  porém não teria sido repassado à nova empresa, que ainda nem firmou  CNPJ nacional. Embora seja aparentemente desconhecido da Lifan, a causa  do erro do velocímetro foi explicada por duas fontes. “Foi uma confusão  de part numbers, ou seja, um troca das peças numeradas feitas pelo  próprio fornecedor chinês, que mandou para o 320 os sensores do 620 e  vice-versa”, garante fonte ligada ao fabricante.
 
                                