Há uma imensa falta de pilotos de helicópteros para as empresas de táxi aéreo que realizam missões offshore (voos para as plataformas de exploração de petróleo).
Este fato é reconhecido pela Anac, pelo Centro de Competência Técnica em Aviação da Petrobras, pela empresa de consultoria aeronáutica BMA (que presta serviço àquela petroleira) e vivenciado pelos operadores aéreos.
O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, que visa a buscar recursos nacionais em bens e serviços para atender às necessidades da indústria petroleira.
No segmento aeronáutico, um representante do Prominp apresentou, em setembro de 2011, um esboço de como o programa poderia funcionar para a formação qualitativa de pilotos. Inicialmente seriam selecionados aqueles já qualificados como piloto comercial de helicóptero, que não têm certificado de voo por instrumento e não são qualificados para operar helicópteros biturbina. Num segundo momento seriam selecionados aqueles com licença de piloto privado de helicópteros, que cumpririam um programa para obtenção da licença de piloto comercial de helicóptero, do certificado de voo por instrumento e da qualificação para pilotar helicóptero biturbina. Num terceiro momento, seria aberto um centro de formação de pilotos sem nenhuma qualificação para se tornarem copilotos de helicóptero para voos offshore.
Por enquanto esses devaneios se assemelham aos momentos de euforia do ex-presidente Lula, que inaugurou um navio, genuinamente brasileiro, que fora lançado ao mar e, depois da inauguração, afundaria por falta de estabilidade. Foram necessários mais dois anos de trabalho para torná-lo navegável. Apareceu diferentes vezes com as mãos sujas de petróleo do pré-sal, mas a nossa empresa petroleira não consegue atingir a meta de produção desde 2003 e está empacada na mesma produção durante os últimos três anos. É uma verdadeira patinação na maionese.
A formação de copilotos para a indústria do offshore está seguindo o mesmo caminho.
Um trabalho realizado pelas empresas aéreas de táxi aéreo, sob a motivação do Sindicato Nacional das Empresas de Táxi Aéreo (SNETA), para atender aos dois primeiros objetivos do Prominp não teve acolhida da Anac, talvez pelo fato de atentar contra a sua inoperância. A Anac teve o intervalo de tempo de setembro de 2011 a janeiro de 2012 para produzir um projeto de formação de pilotos de helicóptero e nada gerou. Ficou patinando na maionese.
Como o trabalho do SNETA não se tratava de uma tarefa acabada, visava apenas a mostrar uma possibilidade de formação ao Centro de Competência Técnica em Aviação da Petrobras, tendo recebido deste a sua aprovação, seria razoável um retrabalho, enriquecido com dados de um projeto preparado pela Marinha do Brasil. E foi o que aconteceu com quatro meses de atraso. Em números globais, o projeto do SNETA previa 176 horas para levar um piloto privado de helicóptero à condição de piloto comercial, habilitado para o voo por instrumento e qualificado em aeronave biturbina. O projeto da Marinha do Brasil previa 184 horas.
O programa de treinamento gerado pela Anac e pelo Centro de Competência Técnica em Aviação da Petrobras continua suspenso.
Assim como a Anac não se dispõe a divulgar o único manual de curso já concluído (ainda faltam 12 a serem elaborados), que segundo ela visa a uma formação de excelência, o manual elaborado pela Anac e pelo Centro de Competência Técnica em Aviação da Petrobras permanece adormecido.
Certamente o Prominp está debruçado sobre o novo projeto, mas as ações estão demorando para deixarem o papel.
Se levarmos em conta todo o processo da formação de copilotos de helicóptero para missões offshore, teremos um atraso de mais de um ano para disponibilizar novos pilotos ao mercado.
A Petrobras reconhece o problema e começou a senti-lo quando as empresas aéreas passaram a não apresentar propostas nas licitações, alegando falta de pilotos. A Anac, apesar de sua inércia, reconhece o problema. As operadoras aéreas sofrem com ele. Só falta o Prominp deixar de patinar na maionese para que este segmento ingresse no ritmo desejado pela indústria petroleira.