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Aviação: jeitinho brasileiro

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Demorou, mas uma autoridade do governo federal entregou os pontos. O sucesso da realização da Copa do Mundo de Futebol está creditado ao jeitinho do povo brasileiro. O ministro Aldo Rebelo demorou para chegar a esta conclusão, pois o jeitinho já está presente na infraestrutura aeroportuária faz algum tempo.

A declaração do ministro do Esporte só não é mais infeliz do que a decisão do ex-presidente Lula de lançar o país nesta empreitada apenas para saciar o seu apetite político de manter o seu partido no poder.

Tudo o que seu governo fez no setor foi alocar R$ 5 bilhões para a atualização da infraestrutura aeroportuária nas cidades sedes dos jogos. Quantia insuficiente, conforme nos informou um analista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os números incluídos nos editais de concessão dos aeroportos de Guarulhos/SP, Viracopos/Campinas e Brasília/DF superam em muito os R$ 5 bilhões alocados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Muito antes de o ministro do Esporte reconhecer que só o jeitinho brasileiro assegurará a realização digna dos eventos esportivos, órgãos do governo já procuravam uma fórmula para atender à esperada explosão de demanda. No Aeroporto Internacional André Franco Montoro/Guarulhos/SP a Infraero tomou a iniciativa e construiu um puxadinho num antigo terminal de carga. Não há nenhuma garantia de que o terminal de passageiros 3 ficará pronto para a Copa do Mundo.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o nosso maior terminal aeroportuário não deverá escapar de um puxadinho, pois somente agora foi escolhido um consórcio para desenvolver os projetos básico/executivo do seu terminal 2, que contribuirá com uma capacidade de mais 10 milhões de passageiros por ano, quando pronto. Como o terminal não ficará pronto para a Copa do Mundo, que demandará uma capacidade de 13,2 milhões de passageiros por ano, a Infraero já pensa em construir outro puxadinho para acomodar 4,5 milhões de passageiros por ano. Na Copa do Mundo o terminal 1 acolherá 8,7 milhões de passageiros por ano e o puxadinho o restante da demanda.

O terminal 2 do novo aeroporto está sendo projetado de acordo com as diretrizes do Plano Mestre elaborado pela consultoria Changi International Airport Consultants, de Cingapura. A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas Gerais em parceria com a Infraero encomendaram a elaboração do Plano Mestre em 2009, que tem um horizonte de 20 anos. Tomou por base a demanda de 6 milhões de passageiros em 2009 e chegará a 37 milhões de passageiros em 2029.

Em outra fase, a de número 2, incluída no Plano Mestre, abrangendo o período de 2014 a 2018, a capacidade do terminal aeroportuário será ampliada para 17 milhões de passageiros por ano, agora com a construção de nova pista de pouso e decolagem no lado oposto da pista de acesso onde estão localizadas as empresas locadoras de veículos. Pistas de taxeamento em níveis inferiores permitirão o acesso das aeronaves à nova área de operações. Uma ligação de metrô está projetada para esta fase.

Na fase 3, abrangendo o período de 2019 a 2022, um novo terminal de passageiros, de número 3, será construído para dar suporte à pista de pouso e decolagem construída na fase 2. Ele será construído no lado oposto das instalações atuais. A capacidade do aeroporto passará para 27 milhões de passageiros por ano. Entre os dois terminais estarão localizadas as vias de acesso.

Na fase 4, compreendendo o período de 2023 a 2029, está projetada a ampliação do terminal 3 e a capacidade do aeroporto atingirá a marca de 37 milhões de passageiros ano. Novos viadutos serão implantados para a movimentação das aeronaves.
Na fase final deste maravilhoso conjunto, o terceiro maior portão de entrada de passageiros e carga da Região Sudeste estará num estágio que os leitores poderão conhecer no site.

O Plano Mestre do Aeroporto Internacional Tancredo Neves/Confins-BH é um bom exemplo da integração de órgãos públicos para a solução de problemas afetos aos diferentes níveis de governo.

Devemos lamentar a necessidade de a Infraero ter que construir um puxadinho em nosso aeroporto metropolitano, mas a infraestrutura aeroportuária teve que se valer do jeitinho brasileiro para fazer frente às dificuldades que só agora o ministro do Esporte percebeu.