Os prejuízos anotados em 2011 pelas empresas TAM e GOL, que se repetiram em igual monta no segundo trimestre deste ano, parecem ter acordado os operadores do transporte aéreo e uma verdadeira arrumação de casa está em curso. Depois da adoção de uma série de iniciativas de pouco resultado, as empresas que tiveram maior perda buscam solução mais ampla.
O rearranjo das malhas, a diminuição da oferta, um anunciado aumento das tarifas, fusões e alterações nos quadros de direção fazem parte do dever de casa que está em curso, tentando evitar o mal maior.
As empresas já anunciaram um rearranjo na malha aérea, que deverá levar à redução de 4% do número de voos oferecidos. A última a anunciar um rearranjo na sua malha foi a WebJet, procurando acomodar a sua oferta à da GOL. Naturalmente não deverá alterar em sua malha os voos ligando o Aeroporto Internacional Tancredo Neves/BH ao Aeroporto Santos Dumont/RJ, que ganharam dimensão com a sua incorporação à GOL. Os velhos Boeing 737-300 foram substituídos pelos Boeing 737-800, representando um salto de qualidade. Operando dentro de sua política de ser uma empresa de menor baixo preço, o ganho de qualidade com as novas aeronaves é ofuscado pela visão pequena de um mau serviço de entretenimento dos passageiros. No rearranjo das malhas será beneficiada a holding Azul/Trip, que tem uma grande capilaridade. Aviões turboélices captam os passageiros do interior e os entregam em seus hubs para voos em rotas mais rentáveis. Este modelo já foi muito utilizado no passado e não havia razão para ser descartado. Não há nenhuma lógica uma aeronave com a capacidade superior a 150 assentos atender uma localidade que esteja fora de uma rota de maior densidade.
A TAM e a GOL já anunciaram que a oferta de assentos para a região Nordeste, neste período do ano, deve ser diminuída. Demorou, mas perceberam que os encantos daquela região se manifestam com mais intensidade a partir de setembro e se estende até fevereiro. Como o passageiro mais frequente para o Nordeste é o turista, é natural que a demanda de passageiros diminua no resto do ano devido ao período de chuva. A onda dos passageiros que desejavam voar pela primeira vez e eram atraídos pelos preços baixos dos pacotes de turismo para aquela região parece já não ter o mesmo vigor.
Recentemente foi criada a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), que terá em sua missão principal defender os interesses das empresas junto ao governo. Entre as suas tarefas mais emergênciais se alinham: evitar o veto presidencial à desoneração da folha de pagamento e reduzir os encargos sobre o preço do querosene de aviação. Depois de o primeiro encontro dos operadores, o novo presidente da GOL e o presidente da TAM anunciaram que se a escalada dos custos se mantiver ativa o reajuste nos preços das passagens será inevitável.
As empresas aéreas vivem um momento de muito trabalho e pouco resultado. Os aviões voam lotados, pois assento vazio é prejuízo, mas a receita mingua. No jargão do setor, estão trocando cebola.
Um novo vetor da arrumação se volta para as fusões. A GOL se juntou com a WebJet, a TAM foi buscar um parceiro fora de nossas fronteiras, ainda que já houvesse incorporado a empresa regional Pantanal. Mais recentemente a Azul e Trip anunciam a sua holding, enquanto aguardam a aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para consolidar a fusão, mudando inclusive a razão social. Por enquanto, informaram à autoridade aeronáutica que adotaram a modalidade do code share – quando o passageiro poderá ira a qualquer cidade servida por um parceiro mesmo que tenha iniciado a sua viagem nas asas do outro – em suas operações.
As notícias mais recentes tratam das alterações nos quadros de direção das empresas. Na TAM a alteração já havia ocorrido, voltando à sua presidência o executivo Marco Antonio Bologna. A alteração que se seguiu foi a substituição do Constantino Junior pelo executivo Paulo Kakinoff na presidência da GOL.
As alterações no quadro diretivo mais acentuadas ocorreram nas empresas Azul e Trip. A presidência passou a ser ocupada pelo presidente do conselho de administração da Azul e a sua vice-presidência ficou a cargo do presidente da Trip. Outras alterações ocorreram no quadro de direção da nova holding, todas voltadas para a redução de custos.
Não havia outro caminho para as transportadoras a não ser arrumar a casa. Os resultados do ano 2011 e do segundo trimestre deste ano atacaram o fígado dos acionistas.
Birutinhas
SISFRON Duas empresas controladas pela Embraer Defesa e Segurança, a Savis Tecnologia e Sistemas e Orbisat Indústria e Aerolevantamento, venceram a disputa para o desenvolvimento do sistema Sisfron, que objetiva monitorar os 17 mil quilômetros da fronteira ocidental brasileira. São R$ 12 bilhões que ingressam no caixa da empresa, que tinha o espaço como um vetor de crescimento.
CESSNA Desde que foi criada, em 1927, a Cessna projetou, produziu e entregou 193,5 mil aeronaves em todo o mundo. Do total mais de 6,3 mil aeronaves são da família de jatos executivos Citation. Atualmente, a Cessna tem dois centros de negócios bem definidos: a comercialização de aeronaves e os serviços de pós-venda. Este inclui a comercialização de peças, serviços de manutenção, inspeção e reparos. Em 2011, a Cessna entregou 689 aeronaves, sendo 183 Citation.
LABACE Se os resultados da 9ª edição da Conferência e Amostra da Aviação Executiva da América do Sul (LABACE), no tocante à comercialização de aeronaves, foi abaixo do esperado, resultados paralelos foram capitalizados pelos fabricantes. As pesquisas promovidas pelas revistas Aviation Internacional News (AIN) e Profissional Pilot incluíram a Embraer entre os três melhores do setor no tocante ao suporte dos produtos.
COMPARTILHAR Está virando moda no Brasil o sistema de compartilhamento da posse de aeronaves. Em sociedade adquire-se uma aeronave que é utilizada de acordo com cláusulas contratuais. A iniciativa no Brasil coube ao Prime Fraction Club. A Lider Aviação ingressou nesta modalidade de negócio e oferecerá aos cotistas um serviço compartilhado seguro e confortável. No exterior esta prática existe faz tempo.
LUA Em julho de 1969, de férias na agradável cidade de Barbacena, assisti o homem chegar à Lua. Neil Armstrong, comandante da missão Apolo 11, caminhou na superfície da Lua e assim se expressou: “ É um pequeno passo para o homem, um grande salto para a Humanidade”. Aos 82 anos, o simplório astronauta preencheu o seu último plano de voo, nos deixou e descansa num plano bem superior.
Aviação - Empresas aéreas arrumam a casa
Prejuízo nas duas maiores preocupa acionistas